Diferente das outras sucessões presidenciais da história democrática republicana e contrariando a expectativa popular, o presidente eleito subirá a rampa em meio ao inesperado escândalo dos depósitos descobertos pelo COAF, envolvendo seu filho e a futura primeira dama.
Parte do R$1,2 milhão que o motorista do filho movimentou e o depósito suspeito na conta da esposa ainda aguardam a indignação dos veículos das Organizações Globo, as manifestações desesperadas dos que surtam diante da simples menção de algum indício de corrupção e um pronunciamento decente do homem que deixou o cargo de “moralizador geral da nação” para se tornar perdoador oficial do grupo para o qual militava.
Na Globo, dificilmente veremos uma cobertura nos moldes da que acostumamos a ver contra petistas. Por ora, a boca do Merval não deve espumar nenhuma uma gota de saliva que respingue o bigode.
Não espere também capa da Veja com hidras e dragões saindo das cabeças de Lula e Dilma.
Mas numa coisa dá para apostar: como presente de fim de ano, o clã dos ”homens de bem” deve receber um generoso perdão público do seu mais novo jagunço de luxo.
Até o momento a resposta do “homem do dedo pro alto, engatilhado” foi a previsível desculpa esfarrapada.
O ” motorista” que movimentou mais de R$ 1 milhão, sacando com a desenvoltura de um Montanaro, pediu ’40 merréis’ emprestados para pagar em suaves parcelas.
Ao pagar a “dívida”, o parceiro de todas as horas deposita na conta da esposa porque o generoso credor alegava não ter tempo de ir ao banco.
Convenhamos, uma explicação à altura do cérebro dos que caíram no conto do boquirroto que há 30 anos vive à custa do dinheiro público, empregando a família (sua e dos amigos), sem fazer nada de útil para a sociedade.
Seu principal “linha de frente” está enrolado até os últimos fios de cabelo que lhe restam. Aí, na hora de dar explicações, “solta a franga inteira” pra cima de um repórter. E isso é só o começo.
Agora, vamos ao que interessa.
O problema nunca foi a corrupção, tampouco a moral da família brasileira.
Pode vir à tona desde esquema de corrupção a uma bandalheira inimaginável envolvendo pastor, policial, ator-pornô e barbie-pistoleira.
A classe média nacional não vai estar nem aí.
Ela não escolheu quem escolheu para moralizar alguma coisa. Mas, para garantir, à base de exclusão, porrada e sangue derramado (se necessário for), a vergonhosa divisão social brasileira.
Ele foi eleito para assegurar o velho acordo do “eles lá e nós aqui”, que andou fraquejando nos últimos anos.
Quem ainda espera indignação de quem o apoiou é possível que dê de cara com esta realidade: aquele familiar, vizinho, amigo de infância, talvez não fosse o tão “bem intencionado” , como você supunha.
O silêncio ensurdecedor de quem outrora falava pelos cotovelos revela uma sociedade com traços autoritários.
Há pais e mães de família dando um ‘cheque em branco’ para o genocídio dos mais pobres, se esse for o ”preço” para andar tranquilo na rua e não ter que “dividir” parte do bolo de privilégios recebido de mão beijada.
Tempos mais terríveis estão por vir no Brasil.
A violência foi o principal trunfo eleitoral. Assim, diante da inevitável crise que se avizinha, uma bomba pode ser acionada para ”resolver o problema”.
O nome disso é fascismo.
Ele surge de um apetite social por medidas enérgicas na base do “custe o que custar”, cresce no terreno da irracionalidade e ganha forma num líder que não precisa de nada mais do que o seu próprio ódio e sede de destruição para dar conta do recado.
*Viomundo/Adilson Filho
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