terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

PF diz a Bolsonaro que inquérito sobre atentado ainda não identificou terceiros - "Tem que ser apurado bem apuradinho! É o que sociedade deseja!" - EDUARDO VASCONCELOS - Radialista

Por Robson Pires
Em reunião realizada nesta segunda-feira, 25, a Polícia Federal informou ao presidente Jair Bolsonaro que, até agora, não há evidência da participação de outras pessoas além de Adélio Bispo no atentado cometido contra o presidente em setembro. A PF explicou que o inquérito ainda está em andamento. Falta concluir a análise dos materiais apreendidos com um advogado do autor do ataque sofrido por Bolsonaro em setembro.
O encontro no Planalto foi realizado duas semanas após o presidente cobrar da Polícia Federal uma solução para o caso. Estavam presentes o delegado federal responsável pelo caso, Rodrigo Morais, o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e o superintendente da PF em Minas Gerais, o delegado Cairo Costa Duarte.
Antes da reunião, Moro disse à imprensa que ainda não havia uma conclusão e disse que na ocasião o presidente seria informado do andamento. “O presidente é a vítima, então é interessado. Então, será apresentado a ele o resultado da investigação até o momento”, disse o ministro da Justiça e Segurança Pública, após um seminário sobre segurança pública em Brasília.

Decisão do MEC fere autonomia dos colégios

Por Robson Pires
O Ministério da Educação (MEC) enviou nesta segunda-feira, 25, para todas as escolas do País um e-mail pedindo que seja lida uma carta aos alunos, professores e funcionários com o slogan da campanha de Jair Bolsonaro: “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos.” O comunicado recomenda ainda que todos estejam “perfilados diante da Bandeira do Brasil” e seja tocado o Hino Nacional. Por último, pede que as escolas filmem as crianças nesse momento e enviem os vídeos ao governo.
A medida provocou reações no meio educacional e entre pais de estudantes. O Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed) disse, em nota, que a ação fere não apenas a autonomia dos gestores, mas dos entes da Federação. O Movimento Escola sem Partido também criticou a medida nas redes sociais.
“O ambiente escolar deve estar imune a qualquer tipo de ingerência político-partidária”, disse o Consed. Para o órgão, o Brasil precisa, “ao contrário de estimular pequenas disputas ideológicas na Educação”, priorizar a aprendizagem.

Perícia comprova que Gabriela Hardt usou “mesmo arquivo” de Moro para escrever sentença de Lula

Em um dos "lapsos" de Hardt, peritos dizem que a juíza copiou trecho do caso do Guarujá na penúltima página de sua sentença, reproduzindo referência a um “apartamento”

Coluna Painel, da jornalista Daniela Lima, revela na edição desta terça-feira (26), que a defesa do ex-presidente Lula comprovou em perícia que a juíza Gabriela Hardt usou o mesmo arquivo utilizado por Sergio Moro no caso Triplex para montar a sentença que condenou o petista no processo do sítio de Atibaia.

Segundo a reportagem, o parecer foi feito pelo Instituto Del Picchia. Ele aponta similaridade na formatação dos dois textos e o que chama de lapsos de Hardt, que chegou a copiar trecho do caso do Guarujá na penúltima página de sua sentença, reproduzindo referência a um “apartamento”.
O material será anexado a recursos que os advogados vão apresentar ao TRF-4 e a tribunais superiores. Procurada, a assessoria da 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná disse que Gabriela Hardt não iria se manifestar.
Fonte: Revista Fórum

DESINFORMAÇÃO Maia quer governo fazendo campanha no WhatsApp pela reforma da Previdência

Maia Previdência
Sem 65/62 anos de idade mínima e 35 anos de contribuição, conta da Previdência "não fecha", diz Maia
por Tiago Pereira, da RBA
Em debate, presidente da Câmara defendeu proposta do governo Bolsonaro com ares de chantagem e tragédia.
São Paulo – O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), classificou a proposta de reforma da Previdência do governo Bolsonaro como "dura" e "ampla", mas defendeu a sua aprovação. Para tanto, ele disse que a batalha da comunicação é "decisiva", e sugeriu que o presidente utilize estrutura montada durante a campanha eleitoral, que ficou conhecida pela desinformação propagada por meio de mensagens falsas no WhatsApp.
"Tem que ter alguém bom no grupo do presidente, que foi tão competente em redes sociais, para explicar isso (a reforma da Previdência)", afirmou Maia em debate promovido pelo jornal Folha de S.Paulo, nesta segunda-feira (25), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). 
Segundo a própria Folha revelou, ainda durante disputa eleitoral, em outubro do ano passado, empresários teriam investido milhões de reais não declarados para financiar um esquema de disparos de mensagens em massa pelo Whatsapp contra o PT e o seu candidato a presidente Fernando HaddadEscândalo conhecido como caixa 2 do Bolsonaro, o negócio era operado por empresas de publicidade, que faziam a difusão de uma série de notícias falsas – as chamadas fake news.
"O governo precisa fazer isso. (Usar) estrutura política que levou o presidente ao governo e que apresentou competência muito grande de influenciar nessas redes. [...] Essa parte política, o partido do presidente precisar ter a capacidade de enfrentar, saber explicar de forma didática", disse o presidente da Câmara. 

Fim do mundo

Segundo Maia, se não for aprovada a reforma da Previdência, o Brasil deve voltar a viver períodos de "hiperinflação", "juros altos", "desemprego" e "recessão". Ele disse que ou os trabalhadores e funcionários do serviço público "vão compreender que não dá mais", que as contas públicas vão "explodir" sem as mudanças nas aposentadorias, ou "vamos levar o Brasil para o precipício e todos vão pagar a conta", disse.
"Tem que se criar idade mínima. Não tem muita alternativa para ter um sistema equilibrado, se não tiver no mínimo 65 anos de idade (para homens, e 62 para mulheres) e 35 anos de serviço. Não tem como fechar a conta", afirmou.  
Pintando um cenário ainda mais alarmista, mesmo dizendo que o tema não era tão dramático, "apesar de alguns tratarem com muita dramaticidade", Maia afirmou que esta seria a última oportunidade para reorganizar o sistema das aposentadorias, antes que fossem necessárias "atitudes drásticas" como as que foram tomadas em Portugal e na Espanha, que chegaram a confiscar parte das aposentadorias. "Se a gente não fizer nada, vamos voltar a ter hiperinflação e juros muito altos ou vamos transformar os salários e aposentadorias todos em precatórios, porque ninguém vai ter mais dinheiro para pagar. Ninguém vai receber."

Críticas

Apesar da defesa do conjunto das propostas que constam projeto apresentado pelo governo Bolsonaro, ele diz ter criticado as alterações pretendidas nas regras de concessão do Benefício de Prestação Continuada (BCP) e das aposentadorias rurais, dois dos pontos mais atacados desde que a reforma da Previdência foi apresentada na última quarta-feira (20), e que segundo Maia, estão mais "inviabilizando" que "ajudando" a aprovação da proposta.
Maia também disse que é preciso "tomar cuidado" com o sistema de capitalização, que não consta na proposta, mas é defendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e em breve deve ser apresentado. Segundo Maia, trabalhadores que ganham até quatro salários mínimos não conseguiriam garantir a renda necessária para sobreviver nesse sistema que funciona como uma espécie de poupança individual. 

Paraíso

Já se a reforma for aprovada, haverá "retomada do crescimento", "geração de emprego", segundo Maia. Com "segurança jurídica", o setor privado vai voltar "a acreditar no Brasil". Inclusive vai sobrar dinheiro para que o governo realize investimentos em saúde, educação e infraestrutura. 
"A gente tem que fazer a reforma e ter clareza que o que estamos fazendo, primeiro, vai dar condições para que o Estado garanta educação de melhor qualidade daqui para a frente. Essas pessoas que vivem à margem do sistema de trabalho vão poder ter condições de disputar o mercado. Segundo, se a gente reorganizar a economia e garantir segurança jurídica, vamos ampliar a base de empregos gerados pelo setor privado", disse Maia.
Confira o debate na íntegra
Fonte: RBA

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Polícia holandesa apreende cocaína enviada do RN

Por Robson Pires
Mais de 2,4 toneladas de cocaína foram apreendidas pela polícia holandesa no Porto de Roterdã. O material ilícito foi exportado do Porto de Natal.
Quase sete toneladas da droga – ao todo e enviadas do RN – foram detidas no país europeu, sendo esta a quarta vez desde outubro do ano passado que substâncias alucinógenas foram achadas dentro de contêineres que deveriam transportar frutas do território potiguar.
Em meio as apreensões ocorridas, a empresa CMA CGM, que faz a exportação do RN para a Holanda, anunciou a suspensão das atividades pelo menos durante o mês de março.

MEC repassa R$ 7,18 milhões às instituições federais de ensino do RN

Por Robson Pires
O Ministério da Educação liberou, no último dia 18, R$ 7,18 milhões às instituições federais de ensino do Rio Grande do Norte vinculadas à pasta. Os recursos serão aplicados na manutenção, custeio e pagamento de assistência estudantil, entre outros.
Desse montante, R$ 3.770.473 foram repassados à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), R$ 795.119 à Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) e outros R$ 2.615.164 destinaram-se ao Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN).
No total, foram liberados R$ 132,71 milhões para instituições de todo o país. Dessa quantia, R$ 97,63 milhões será repassada às universidades federais, incluindo repasses para hospitais universitários. Já a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica receberá R$ 34,64 milhões.

‘Se alguém tiver de ir pro inferno, tem de ser quem bolou reduzir um direito a R$ 400’, diz especialista. Por Cida de Oliveira

Balera: ‘BPC consolida o caráter do artigo 6º da Constituição, sobre os direitos de todos os trabalhadores’. Foto: ROBERTO PARIZOTTI/CUT


Publicado originalmente na Rede Brasil Atual (RBA)

POR CIDA DE OLIVEIRA

A proposta de emenda à Constituição (PEC) da “reforma” da Previdência, enviada ao Congresso pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) nesta quarta-feira (20), é mais do que um ataque aos direitos conquistados pelos trabalhadores. É a extinção de direitos minimamente garantidos pela Constituição, segundo avaliação de Wagner Balera, diretor dos cursos de pós-graduação de Direito Previdenciário da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e ex-procurador no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

“O que causa mais indignação nessa proposta é a alteração prevista para o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Único item decorrente de iniciativa popular a vingar na Constituição de 1988, o BPC constitui o mínimo de justiça social que o país pode garantir para brasileiros idosos e portadores de deficiência, que vivem abaixo da linha de pobreza”, afirma.

Para o especialista, o benefício consolida o caráter do artigo 6º da Constituição, sobre os direitos de todos os trabalhadores e, principalmente, sobre a dignidade humana. “Com um mínimo, seremos minimamente justos. Agora vão tirar o mínimo de subsistência? Esse é o primeiro tema sobre o qual vou querer escrever um artigo de uma página inteira, porque é o que mais me indignou na proposta toda”.

E no imenso abismo social que no Brasil separa de um lado uma população diminuta de ricos e de outro, uma imensa população pobre, o BPC é o único direito constitucional a que essas pessoas têm acesso, conforme Balera.

“São brasileiros cuja renda familiar é de um quarto do salário mínimo. Ou seja, nada. E esse mínimo de justiça social que se fez no país querem agora reduzir para R$ 400. BPC não é favor, esmola, nem programa. É direito constitucional a um salário mínimo. Se alguém tiver de ir mesmo pro inferno, tem de ser quem bolou esse artigo que quer reduzir um direito constitucional a R$ 400”, afirma.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Governadora participa da primeira reunião ordinária da Diretoria da Fiern

A Governadora Fátima Bezerra participa amanhã, dia 22, da primeira reunião ordinária de Diretoria da FIERN de 2019, que será realizada no auditório Joaquim Victor de Hollanda, no 7º andar da Casa da Indústria, às 9h. Fátima Bezerra fará uma exposição das principais medidas adotadas para o ajuste fiscal necessário ao reequilíbrio das contas públicas do Estado.
O presidente do Sistema FIERN, Amaro Sales de Araújo, ressalta que para o Rio Grande do Norte retomar o crescimento é fundamental que sejam feitos os ajustes necessários para assegurar o equilíbrio fiscal ao Estado. Além de medidas para garantir um ambiente propício ao empreendedorismo.
Durante a reunião, a governadora também fará a assinatura de contratos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio Grande do Norte (Proadi) com seis empresas potiguares, sendo dois novos e seis renovações. O Proadi é o principal programa de benefício fiscal do Estado voltado para ampliar a competitividade da indústria potiguar.
Por Robson Pires

A REFORMA DA PREVIDÊNCIA REDUZ O BENEFÍCIO DOS MAIS POBRES DE MANEIRA BRUTAL.


A previdência sempre foi a menina dos olhos do mercado financeiro, um produto extremamente rentável. Por fim, direitos sociais, não são mercadorias e nem produtos financeiros que devam estar, por definição, em equilíbrio contábil superavitário ao longo do tempo . Alguém em sã consciência calcula quanto que o Estado arrecada e gasta com as crianças que estão na creche e, caso descubra que há mais gastos que arrecadação, sugira que este déficit é um problema?

A reforma da previdência reduz desigualdades e combate o déficit fiscal estrutural?

O governo está defendendo que a reforma da previdência apresentada é um mecanismo de redução das desigualdades. Ora, há duas formas, não excludentes, de reduzir a desigualdade: elevando a renda dos mais pobres e/ou reduzindo a dos mais ricos. E o que a reforma faz? Reduz o benefício dos mais pobres de maneira brutal. Um exemplo: o benefício de um idoso de 65 anos em situação de miséria, hoje é de um salário mínimo, com a reforma do Bolsonaro cairá para R$ 400,00. Enquanto isso, os ricos de verdade, continuam recebendo mais de R$ 300 bilhões por ano de juros e outros bilhões de lucros e dividendos com isenção total de tributação.

Além disso, um argumento muito comum do governo é que haverá um forte combate aos privilégios que seriam as supostas grandes aposentadorias do serviço público. Em entrevista recente, inclusive, Rodrigo Maia disse que não é justo a sociedade pagar aposentadorias de R$ 30.000 para servidores privilegiados. Porém eles deveriam lembrar que todos os servidores que entraram no serviço público depois de 2013 já estão no teto do regime geral que hoje é de R$ 5.832,00, ou seja, trata-se de um argumento mentiroso para justificar a retirada de direitos dos mais pobres.

O segundo ponto do governo é que a reforma da previdência é necessária para a resolução do problema fiscal. Contudo, a “crise fiscal” (na verdade o que temos é uma crise social e humanitária) é decorrência, justamente, da austeridade fiscal em vigência no Brasil desde 2015. Um dado deixa isso muito claro: em janeiro de 2003, a dívida pública líquida era de 60% em relação ao PIB e foi reduzida até chegar, em dezembro de 2014 a apenas 32% do PIB. Com a opção pela austeridade em 2015, cristalizada na imposição do desumano teto dos gastos do Temer, chegou a 52% do PIB no ano passado. Além disso, o resultado primário que foi superavitário de 2003 até 2013, foi deficitário durante todo o período do chamado “ajuste fiscal”, entre 2015 e 2018. A explicação para isso é simples: sendo o gasto do governo renda do setor privado, quando o governo deixa de gastar, logicamente, alguém deixar de receber. Sendo assim, em meio a crises econômicas, que por definição implicam contração dos gastos privados, se o governo também contrair gastos, irá piorar a situação do setor privado, que por sua vez terá ainda menos demanda para a sua produção, com duas consequências imediatas: ampliação do desemprego e, dada a queda no ritmo de atividade, contração da própria arrecadação do estado.

A austeridade fiscal, o que inclui a reforma da previdência aqui discutida, não é um mecanismo que visa como principal ponto o ajustamento das contas públicas. O fato é que a forte contração de gastos do governo visa esmagar a capacidade do Estado em financiar o seu funcionamento básico, abrindo caminho para o setor privado atuar mercantilizando uma série de direitos: saúde, educação, previdência e muitos outros. A previdência sempre foi a menina dos olhos do mercado financeiro, um produto extremamente rentável. Por fim, direitos sociais, não são mercadorias e nem produtos financeiros que devam estar, por definição, em equilíbrio contábil superavitário ao longo do tempo . Alguém em sã consciência calcula quanto que o Estado arrecada e gasta com as crianças que estão na creche e, caso descubra que há mais gastos que arrecadação, sugira que este déficit é um problema?

Fonte http://causameespecie.blogspot.com

De um pedreiro para Maia: ''Se um homem pode trabalhar até os 80 anos, v...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Que país é esse?

(André Dahmer)

Créditos da foto: (André Dahmer)

A 'democracia' que estamos vivendo: que não decide nada de fundamental, capturada pelas determinações dos poderes econômicos que colocaram o Estado brasileiro a seu serviço. Na prática, uma espécie de "stalinismo neoliberal que depende exclusivamente do Estado para viver e dominar a plebe"

Você anda pelas ruas, apesar dos milhares de sem teto, e a sensação é a de que vivemos na mais pura e genuína democracia. Parece que o país não sofreu nenhum ataque ao estado democrático de direito, vale dizer, não houve golpe. É como se nossa economia surfasse em ondas de crescimento, com pleno emprego, confirmados por amplas pesquisas e total vigência de direitos sociais e trabalhistas. 
A Petrobras e a Embraer ainda parecem nossas. Brumadinho? Nada a ver com o lucro pelo lucro das privatizações. Reforma trabalhista? Nem pensar. Justiça do Trabalho? Não será extinta. Reforma da Previdência? Suicídio de idosos no Chile? Que calúnia! Mortes de garotos futebolistas? Chacinas? Tudo invenção dos comunistas ou do marxismo cultural.

No Brasil do faz de conta, o presidente da República tem uma equipe ministerial coesa, competente, escolhida exclusivamente por critérios técnicos e não políticos ou ideológicos. Seu vice é um político nato, leal parceiro, um democrata e ambos falam a mesma língua. O governo não volta atrás após uma decisão anunciada e inexistem declarações estapafúrdias, muito menos ministros aconselhando pais a retirarem seus filhos do país.

Os filhos do presidente – 01, 02 e 03 – não exercem nenhuma influência política, afinal não fazem parte do governo.

Você anda pelas ruas e é como se houvesse segurança plena, sem balas perdidas e um projeto de país e, pior, como se as pessoas soubessem que projeto é este, porque ele foi amplamente debatido na campanha eleitoral. O que sabemos é que no tripé – economia, segurança e fundamentalistas – figuram dois superministros: 

O da economia que, naturalmente, nunca foi investigado pela Polícia Federal por má gestão em fundos de pensão, jamais foi sócio de Daniel Dantas, nunca trabalhou para o Pinochet, nem foi diretor de um banco com quase quarenta filiais em paraísos fiscais. 

O da Justiça e dos "etceteras", ao tempo que era Juiz de Direito Federal da República de Curitiba, jamais determinou uma condução coercitiva ilegal ou deu uma sentença destituída de provas, fundamentada exclusivamente em delações premiadas de criminosos. Em sua brilhante carreira, enquanto juiz garantista e isento, ouviu muitos testemunhos, dezenas dos quais de criminosos confessos, em procedimentos de delação premiada, exceto um a quem, sem sentença, declarou tratar-se de um criminoso, contrariando inclusive decisões da Corte espanhola.

Da mesma forma, jamais vazou conversas de uma Presidenta da República; jamais interferiu em eleições prendendo a principal liderança popular do país e, por acaso, o principal concorrente do atual presidente, seu chefe. Um servidor público tão exemplar e cioso de suas obrigações que mesmo em férias e fora do país interfere em decisões de autoridades superiores.

Um ministro pop, ícone de uma legião de juízes (existem exceções) que jamais diferenciaria amigos de inimigos, brancos de negros, pobres de ricos. O país parece não lembrar, apesar da transmissão ao vivo e em rede nacional, da apresentação de certo Power Point, produzido pela força tarefa do Ministério Público Federal, onde foi "decretada" a culpa de um ex-presidente, sem nenhuma prova concreta, apenas CONVICÇÕES, mas que serviu de fundamentação para a apresentação de uma denúncia criminal contra o ex-presidente.

Um primeiro parêntese: esse Power Point, é parte integrante e fundamental de mais um processo contra o ex-presidente, na fila do forno condenatório. Teria sido ele produzido e utilizado exclusivamente para fundamentar uma denúncia ou para obter resultados eleitorais? A verdade é que ele foi apresentado no dia 15 de setembro de 2016 (pasmem!), apenas 17 dias antes do 1º turno das eleições para as prefeituras de todo o país. 

Um segundo parêntese: a denúncia fundamentada nesse Power Point adotou a teoria do domínio do fato para acusar o ex-presidente. Segundo a denúncia, como mandatário da nação, ele deveria conhecer todos os "malfeitos praticados por servidores públicos e por membros de seu partido".

Estranho, muito estranho.

No nosso país existem determinadas acusações, investigações, denúncias, instalação de procedimentos judiciais e decretação de prisões de servidores e membros de outros partidos políticos, por envolvimento em escândalos de propina, que não geram o mesmo efeito. Por exemplo, os escândalos do Cartel de trens e metrô de São Paulo, assumido pela própria corruptora; obras civis de grande porte;  licitações de transporte público;  desvios em merenda escolar;  crimes de caixa 2, denunciados em 2006 por Carta Capital, envolvendo campanhas de três dos principais candidatos do PSDB e outros tantos estão perdidos nos escaninhos da Justiça, alguns até mesmo com investigações policiais parados há mais de cinco anos.

Um terceiro parêntese: um ex-Senador de Minas, criador do crime que passou a ser conhecido como mensalão tucano, delitos praticados em 1998 durante sua gestão como governador, somente em 2017, ou seja, 19 anos depois, foi julgado e o réu preso.

O estranho é que vários envolvidos nestes crimes recentes foram presos e estão sendo processados, porém, dos figurões do PSDB somente um está sendo processado, mas ele próprio e os demais não sofreram nenhum outro tipo de constrangimento, além de breves notícias da imprensa e todos detêm o domínio do fato.

Não é estranho? Um dos principais envolvidos, tido e havido como "capa preta" do PSDB acaba de ser libertado por ordem do "soltador mor" e o crime corre para a prescrição.

Agora, Brumadinho, onde engenheiros e técnicos são presos e o presidente da empresa, também detentor do domínio do fato, até agora nada...talvez por ter sido indicado para o cargo pelo Mineirinho.

Falando em bandidos... 

É como se as milícias não existissem e nada tivessem a ver com a família real e com assassinatos de uma vereadora e lideranças sociais. Calúnia também é afirmar que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria grampeado representantes do Papa, chefe do Estado do Vaticano e autoridade máxima da Igreja Católica.

Você anda pelas ruas e leva um susto porque, apesar de tudo, as ruas estão vazias. Impossível não lembrar de 2013, 2014, 2016... E você se pergunta "o que está acontecendo"? E observa a verdadeira queda de braços, por privilégios, entre mídia e governo.

Que país é esse?

Até parece que a grande mídia é investigativa, movida pelo afã da verdade, pelo compromisso com a comunicação. Vejam o sossego que deram para o motorista da família Presidencial que, apesar dos "rolos", é excelente pé de valsa e passa bem, muito obrigado, quem sabe um dia, quando der na telha, ele aparece lá Ministério Público...

Mas isso tem explicação: pode ser porque ele não é um petralha.

Na verdade, o atual governo é isento de suspeitas. Nada pesa contra o Presidente da República, sua família, partido e base de apoio. Chegou ao Planalto numa disputa totalmente dentro das regras democráticas, um WhatsApp aqui outro ali, tudo sem muita importância, tanto que foi investigado pelo TSE que nada encontrou de ilegal.

No geral, trata-se de um governo composto por um fantástico quadro de ministérios que não tem, de jeito nenhum,  uma suposta sequestradora de uma criança indígena; um detrator de Chico Mendes; um defensor de milícias; um acusado de fraude ambiental; um suspeito de desviar fundo de pensão; suspeitos de desvios de recursos do Fundo Partidário (suspeita-se que o dinheiro foi transferido para uma senhora, dois dias antes do final da campanha, ela já se encontra no exterior).

Também não tem, de jeito nenhum, aquele bando de urubus engravatados a serviço das corporações estrangeiras, ocupando cargos de ponta. Nem juiz acostumado à fama, acusado de abuso de poder, com as Nações Unidas no pescoço. Na Pátria Amada, não tem nada disso e a polícia só pode matar em legítima defesa.

Você anda pelas ruas e é como se no poder Judiciário, ninguém tivesse rabo preso. Vide a Suprema Corte, contra a qual não pesa nenhuma suspeita. Que digam as mútuas acusações feitas em plenário, ao vivo e a cores, para todo o país assistir. Aliás, o sentimento é de que as instituições operam normalmente. É por isso que, no Brasil, golpes são impossíveis de serem armados e executados. 

Ante qualquer ameaça ao regime democrático, a imprensa, o STF, o STJ, o TSE, TRFs, o MP e própria PF atuam em socorro da democracia. Seus membros jamais operam por interesses próprios ou políticos. É por isso que essas instituições são tão ilibadas. Os agentes de justiça zelam, dia após dia, pela proteção do Estado Democrático de Direito. Tudo do povo, pelo povo e para o povo, frase consagrada por Abraham Lincoln.

Um golpe também seria impossível porque temos um conjunto, diversificado e representativo da pluralidade que é o país, de empresas de comunicação. Comprometidas com a liberdade de expressão essas empresas estão preocupadas em informar bem as pessoas.  Não manipulam o debate, trabalham com o contraditório, criam dúvidas saudáveis em seis leitores ou telespectadores, verdadeiramente botam o país para pensar. 

Aliás, seriam as primeiras a denunciar conspirações ou golpes de estado. Nacionais e internacionais, em respeito à soberania dos povos e temor à iminência de uma guerra, pauta impensável, afinal, estamos seguros no Brasil. É cada vez menos importante o conteúdo que vem da imprensa mundial, não vem ao caso o que afirmam ou escrevem, afinal, são dominados por comunistas e impregnados de marxismo cultural.

É fake news que mais de 60 milhões de brasileiros estejam com seus nomes "sujos" nos cadastros de controle de crédito.

O atual governo está tão ciente de que nosso pior inimigo é a desigualdade social, que passaremos a fazer justiça na cobrança de impostos. Estamos seguros de que nosso sistema bancário jamais apostará contra o país na ciranda financeira. O Banco Central está fortalecido, mais precisamente sobre o controle do lucro (spread) dos bancos, impedindo que ele seja o mais alto do mundo e em boas mãos, um economista de Chicago, neto do pai do neoliberalismo brasileiro.

Você anda pelas ruas e é como se vivêssemos em um país soberano. Um Brasil que jamais permitiria a instalação de bases militares do império em território pátrio, muito menos entraria ou facilitaria uma guerra contra um país irmão, como é o caso da Venezuela. 

Aliás, seria impensável um general brasileiro assumir o subcomando no Comando Sul dos Estados Unidos. O atual governo, inclusive, deu provas de total consciência de que isso seria incompatível com nossa política nacional de defesa, até porque isso foi decidido no Congresso Americano e não no brasileiro, basta procurar vídeo no youtube.

Além disso, temos um chanceler que é exemplo de estratégia e inteligência. Sem dúvidas, ele saberá aproveitar as oportunidades abertas na disputa pela hegemonia entre Estados Unidos e China. Até porque tem sido inspirado pelo guru da República. Um homem verdadeiramente sábio, conhecedor dos mistérios dos astros e das principais teorias filosóficas que nos guiaram até este verdadeiro paraíso na terra. 

Tanto que na Educação, ministério de tão grande relevo, existe outro pupilo por ele ungido. Um ministro que mostra ter plena consciência da importância da universidade pública. Privatizar o ensino superior? Militarização total, em todas as esferas do ensino? Controle ideológico de professor? Escola Sem Partido? Questões que passam longe das preocupações de alunos e professores.

Não nos enganemos: o que ouvimos de críticas não passam de calúnias, afinal, a ONU é comunista, o Papa é comunista, até Obama, para quem Lula é o cara, é comunista. E que ninguém aqui nos acuse de falsa ironia! Trata-se de ironia verdadeira e assumida, porque você anda pelas ruas, praias, parques, shoppings e a sensação é a de que nada de grave está acontecendo. 

Falando sério... 

Marielle e seu motorista foram assassinados e até agora, passados mais de 11 meses de "investigação" sequer suspeitos foram efetivamente apontados. Um escândalo pior do que outro surge na mídia e desaparece, sem consequência alguma. Nada funciona e aumentam represálias e ameaças contra parlamentares, artistas, professores, cientistas, jornalistas.

Agora, após a morte dos meninos no Flamengo, descobriu-se que o local não tinha "Habite-se". E pior: a prefeitura do Rio de Janeiro, segunda cidade em importância da América do Sul, também não tem "Habite-se".
Aliás, certamente, o Brasil não tem "Habite-se". 

Fake news continuam a todo vapor disseminando ondas e ondas de desinformação e, ninguém, até agora, impediu isso. Nenhuma voz é forte o bastante – seja do meio político, jurídico ou da sociedade civil – para alertar o risco imenso que corremos.

Risco de entrarmos em uma guerra que justifique o Estado de exceção e policialesco que, ao fim e ao cabo, é o que está aparecendo no horizonte, porque, como afirma Manolo Monero - editor de El Viejo Topo de Madri –, em Crisis de las ideologías e ideologías de crisis, nós estamos vivendo um anticomunismo sem comunistas, um anti-socialismo sem socialistas, uma contrarrevolução sem revolucionários. 

As elites dominantes sentem que não têm inimigo. Não precisam mais pactuar seu modo de vida, seus privilégios, suas crenças, com uma plebe que não possui um projeto, um partido, um movimento social e sindical forte, portanto com baixa capacidade de resposta, vide o silêncio constrangedor das ruas. O que está em questão é o reformismo. 

Falar do programa do PT como o programa de uma força comunista, socialista, revolucionária é um exagero histórico. O que o sistema não admite hoje é o reformismo em fortes ou débeis versões. O que aparece é uma elite com aspiração e poder de impor seus pré-juízos a toda a sociedade. 

O que resta à democracia? Somente seu aspecto mais formal, um procedimento para selecionar as elites governantes. Desaparece a democracia entendida como meio para conseguir justiça social, igualdade substancial entre homens e mulheres e desenvolvimento das liberdades públicas. 

Sobra, portanto, essa democracia que estamos vivendo: 

Uma democracia que não decide nada de fundamental, capturada pelas determinações dos poderes econômicos que colocaram o Estado brasileiro a seu serviço. Na prática, uma espécie de "stalinismo neoliberal que depende exclusivamente do Estado para viver e dominar a plebe." 

E mal chegamos a 50 dias de governo...

Joaquim Ernesto Palhares
Diretor da Carta Maior

Clima de “briga de rua” não cessa e governo parece gostar

Em um governo dirigido por pessoas sensatas, a regra é buscar, mesmo sabendo impossível que seja total, a aprovação a mais geral possível para seus atos.
Faz parte da ideia republicana de que o governo é para todos.
Neste, porém, parece prosseguir a ideia da campanha de que o mais importante é criar e alimentar um núcleo de defensores incondicionais, radicalizados em palavras e posturas, com uma mobilização em redes sociais que sirva de chamariz ou intimidação sobre agentes políticos e grupos institucionais conservadores, mas inorgânicos.
A menos que tenha acontecido uma chantagem explícita, expressa ao chantageado com algo que ele saiba que é de difícil escapatória – no que não acredito – nada mais justifica o fato de arrastar-se há cinco dias uma novela que  estaria hoje esgotada com “o poder de uma caneta Bic” e não mais quase monopolizando o noticiário.
Nada, senão o fato das SA bolsonaristas estarem excitadas, açuladas e exibindo sua ferocidade como nesta história das ameaças a que Gustavo Bebbiano, já não mais apelando aos off, confirmou em mensagem dirigida ao UOL, prometendo entrar na Justiça contra elas e, portanto, sugerindo que estão identificadas.
Jair Bolsonaro, como todo medíocre que ascende ao poder por uma conjunção de fracasso alheio e ousadia pessoal, precisa do clima de ódio para sustentar-se e impor-se aos grupos que vêem nele uma perspectiva de abocanharem nacos do governo para seus projetos. O que, de Moro aos generais, é a regra para os autoritários  não-bolsonaristas.
Estes Destacamentos Tempestade, que trovejam nas redes sociais e que existem espalhados ao ponto de termos medo de falar nos escritórios, nas esquinas e nos bares contra o ex-capitão, são o núcleo coeso de um governo fragmentado.
Talvez seja a eles que se destine a exposição mórbida do pré-cadáver de Gustavo Bebiano, para excitá-los.
A boa notícia é que o estoque de loucos, recalcados e primários, embora grande nestes tempos, continua sendo finito.
Fonte: O Tijolaço.net

Qual o futuro do multilateralismo?



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A Conferência de Segurança de Munique deste ano foi marcada pelo medo: o que acontecerá se a “ordem liberal mundial” falhar? Embora ele não esteja aqui, o fantasma de Donald Trump assombra os estreitos corredores do hotel Bayerische Hof de Munique.
Na medida em que ele retira os Estados Unidos de acordos e tratados multilaterais conquistados a muito custo, encerra décadas de normas diplomáticas cuidadosamente calibradas com uma mensagem tarde da noite no Twitter, o decoro confortável da conferência deu lugar a uma nuvem pesada.
Isso ficou claro durante o programa principal da conferência, na sexta-feira, quando o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, se exasperava cada vez mais ao afastar versões diferentes da mesma pergunta: você ainda realmente acha que Trump acredita na Otan?
“Sempre que falo com o presidente Trump, ele diz-me que gosta da Otan! E não só que ele gosta da Otan, mas que é 100% a favor dela”, foi uma das respostas.
Em discurso no sábado, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, repreendeu o espírito trumpista – sem citá-lo nominalmente – ao declarar que todas as crises do mundo se resumiam a uma única pergunta: acreditamos no multilateralismo, por mais difícil que ele seja, ou não?
“Quem pode juntar as peças dos quebra-cabeças do mundo? Só todos nós, juntos”, concluiu ela, em meio a uma onda de excitação audível na plateia.
Esse tema foi abordado por Yang Jiechi, diretor da Comissão dos Negócios Estrangeiros da China, que passou do mandarim para o inglês para proferir a parte essencial do seu discurso:
“A história nos diz que só podemos realizar os sonhos do nosso povo de uma vida melhor se defendermos a multilateralidade e reforçarmos a cooperação global”, disse.
Entre os americanos, coube ao senador republicano Lindsey Graham, do Comitê de Relações Exteriores do Senado, defender o estilo de Trump.
“O presidente pode ser difícil”, disse ele à grande sala de conferências, tomada por muitos dos principais diplomatas do mundo. “Mas todos vocês também são às vezes.” Ele prosseguiu explicando que, quando Trump diz “America First”, tudo o que ele realmente quer dizer é “divisão de responsabilidades” entre os aliados dos EUA.
Apesar das dúvidas sobre o compromisso dos EUA com o multilateralismo, houve quem em Munique insistisse que ainda há uma rede saudável de países ocidentais que defendem os valores liberais, e isso constitui por si só uma distinção ideológica.
“O que nos une é o compromisso com a democracia, o Estado de Direito, eleições livres, tolerância religiosa, direitos iguais para mulheres e homens”, disse David McAllister, antigo governador do estado alemão da Baixa Saxônia e agora presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu. “Representamos interesses que são guiados por valores, que nos distinguem de outros Estados do mundo que são autocraticamente governados. Para nós, há uma diferença entre a força da lei e a lei do forte.”
Como Stoltenberg, McAllister insistiu que a América de Trump está mais comprometida com a ordem mundial do que parece: “Os Estados Unidos continuam a ser para nós, na Europa, a garantia de segurança”, disse ele, antes de sublinhar que Graham, tal como os cerca de 50 outros membros do Congresso dos EUA em Munique, estavam presentes para reafirmar o seu comprometimento com a Otan. Isso mostrou, como ele mesmo disse à DW, que “a política americana não consiste apenas deste presidente”.
Mas as linhas são confusas. A visão de McAllister de um mundo liberal não parece tão distante daquela expressada pelo maior trumpista da sala: o vice-presidente Mike Pence fez um discurso que poderia ter sido escrito durante a Guerra Fria. “Nas últimas semanas”, disse ele, “vimos o que acontece quando o mundo livre e as pessoas amantes da liberdade se unem em torno de uma única causa”, afirmou, referindo-se à crise venezuelana.
Isso foi retomado por alguns participantes da conferência, como o alemão Stefan Liebich, porta-voz do partido A Esquerda para a política externa, que viu a insistência na ordem mundial liberal como realmente um retorno a uma velha divisão de visões de mundo, especialmente nos discursos da ministra da Defesa alemã, Ursula von der Leyen, e e seu homólogo do Reino Unido, Gavin Williamson.
“Eles trataram do regresso de um conflito”, disse ele à DW. “Eu acho que é verdade que há uma competição entre um sistema baseado na democracia parlamentar e na economia de mercado, e sistemas que são autoritários, mas agora é diferente. Sim, há uma luta por certa ordem, um sistema em que vivemos, mas não é tão bipolar como era antes”.
Maria Zakharova, diretora de informação do Ministério das Relações Exteriores russo, encontrou palavras ainda mais firmes. Emergindo em um casaco de peles das discussões fechadas que acontecem à margem do programa principal, Zakharova descartou toda a ideia de uma ordem mundial liberal como “uma espécie de show”, uma frase que resumiu sua veracidade.
Durante a Guerra Fria, ela continuou, isso era compreensível. “Na época, tratava-se de diferenças ideológicas, e a trama principal era a existência real de um sistema ou outro”, disse ela. “Mas agora nós não temos nenhuma diferença ideológica. Somos todos a favor de mercados livres, democracia, liberdade de expressão, todos nós apoiamos isso”. As organizações internacionais de direitos humanos alertam com frequência que a oposição política é sistematicamente suprimida na Rússia, enquanto a liberdade de expressão, associação, reunião e outros direitos humanos são rotineiramente violados.
Em sua própria contribuição ao programa principal, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, disse que a semântica revelou a hipocrisia do Ocidente: “Você sabe, ultimamente os colegas ocidentais usam cada vez menos a expressão ‘direito internacional’ … eles dizem, ‘ordem baseada em regras’ – minha leitura disto é que eles não querem direito internacional
Fonte:CARTA CAPITAL