domingo, 24 de janeiro de 2021

STF deve abrir inquérito para apurar prioridades de Pazuello em Manaus


Augusto Aras (PGR) pede abertura de inquérito no STF sobre gestão do ministro da Saúde na crise de Manaus. Foto: Marcos Brandão/Ag Senado.

por 
Cezar Xavier

PGR solicita a oitiva do ministro e o envio dos autos para a PF para averiguar atraso no envio de oxigênio hospitalar, e prioridade à distribuição de hidroxicloroquina.

Passados quatro anos de um estrondoso governo de Donald Trump, o tom polido e a etiqueta liberal de Joe Biden não iludem. No país, a expectativa de parte da esquerda estadunidense é a de melhoria das condições para a luta, embora a já histórica invasão do Capitólio por trumpistas seja um sintoma da conjuntura política, em que recuos e continuidades são parte da dinâmica. O mesmo se espera no plano internacional.

Em sempre insuflado discurso, na despedida, Trump prometeu continuar “relevante”. Diante do trauma planetário, para alguns, a promessa deve ter soado um mau presságio. Foi pertinente um comentário feito na triunfalista e francamente pueril cobertura da partida de Trump e a posse de Biden na CNN estadunidense, abertamente partidária dos Democratas. Quem fez carreira cobrindo as derrapagens de Trump terá dificuldades em mudar de assunto. John Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional, até foi chamado para um comentário breve, mas foi interrompido para o anúncio da chegada de Biden, o “bom católico”, à catedral em que se daria a missa antes da posse. Embora ele mesmo tenha escrito um polêmico livro de 500 páginas sobre o já ex-presidente, Bolton disse que os histriônicos comentaristas pró-Trump e os opositores deveriam superar o fenômeno e seguir adiante.

Certo, mas será difícil não fazer referência ao estopim que acelerou —não irreversivelmente, já que a disputa continua— o declínio relativo da hegemonia estadunidense e a deterioração da situação econômica, social e política no país. A incitação à extrema-direita, agora desapossada, contra a esquerda em geral, a população negra, os imigrantes, os cidadãos de origens latinas e até os cientistas, em pleno período de pandemia —embora Trump tenha tentado alterar os arquivos e dizer que graças ao seu governo, a vacina foi criada— assim como as ações agressivas contra Cuba, Venezuela, China e até a ONU e seus mais importantes órgãos: tudo isso continua reverberando, apesar da pressa dos Democratas em virar a página e reposicionar os EUA.

Presidente, Joe Biden já deu as primeiras ordens para tentar reparar o estrago. No arranque, escreveu ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, dando “garantias” da sua “mais alta estima” ao comunicar a rescisão da decisão de Trump, de 6 de julho de 2020, de retirar os Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde (OMS). Biden reconheceu que a OMS “desempenha um papel crucial” contra a pandemia e outras “ameaças” em cujo enfrentamento os EUA pretendem continuar participando, como “líder global” —no usual tom quase beligerante e sempre hegemonista adotado até para tratar de temas como a saúde. Não basta voltar a participar e contribuir com os esforços coletivos: o retorno triunfal dos Estados Unidos de Biden ao concerto das nações será para retomar o lugar do condutor. Mas já se esperava exatamente isso: a “salvação” em tempos sombrios ou o reforço da ingerência na forma da orientação do patriarca.

Os sucessivos governos dos EUA só souberam atuar no mundo através do isolacionismo ou do unilateralismo ofensivo e sempre hegemonista, mesmo quando engajado nas instituições internacionais e alianças institucionais, não através do multilateralismo. Recorde-se como, no que se tornou uma espécie de manual em alguns cursos de Relações Internacionais, Henry Kissinger descreveu o papel do presidente Woodrow Wilson (1913-1921) ao fim da Primeira Guerra Mundial: ele não se unia aos aliados europeus para reconstruir a ordem internacional já conhecida e até então hegemonizada pelas principais potências europeias, mas para recriar um sistema inteiro.

As primeiras ordens de Biden e o que faltou

Foram 17 as primeiras ordens executivas, memorandos e proclamações que Biden assinou nesta quarta-feira (20), para ir tapando os rombos provocados pela política supremacista, chauvinista e, digamos, sem modos, diretas demais para o gosto de liberais, em alguns quesitos. Entre elas estão as ordens executivas pela saúde pública e o ambiente, declarando ser política do seu governo ouvir à ciência para formular medidas nas diversas áreas, como a resposta à crise climática, inclusive com a intenção de retornar ao Acordo de Paris, instruindo a revisão ou revogando medidas e ordens do governo anterior prejudiciais ao ambiente, aos direitos de povos indígenas, e mais; pela revisão das políticas e prioridades relativas à imigração, inclusive revogando a infame ordem executiva de 2017 de Trump pela construção do muro na fronteira com o México; a proclamação que revoga a proibição à entrada de pessoas de países maioritariamente muçulmanos e africanos, afirmando que as políticas securitárias e burocráticas continuarão a ser rigorosas, mas não discriminatórias; a ordem executiva que anuncia políticas para dirimir a desigualdade racial e assistir às comunidades excluídas; pela organização do governo em prol de uma resposta unificada e eficaz para combater a Covid-19 e oferecer “liderança” estadunidense em saúde e segurança global; e conformando uma liderança federal interina de especialistas da função pública para dirigir as adaptações, revisões e elaborações da transição de governo em diversas agências e departamentos, inclusive dedicados à economia, comércio, serviços sociais, justiça, infraestrutura, entre vários outros, assim como a segurança nacional e a Agência Central de Inteligência (CIA). Esta será dirigida interinamente por Daniel Cohen, vice-diretor da agência durante o governo Obama, quando Biden foi vice-presidente do país. Biden nomeou William Burns, um experiente diplomata, para dirigir a CIA, no que se interpretado como uma mudança de abordagem na agência de espionagem e operações várias. Burns foi vice-secretário de Estado até 2014, participou das negociações com o Irã pelo acordo nuclear e foi embaixador dos EUA na Rússia e sua nomeação, como a dos demais cargos em agências federais, ainda deve ser confirmada pelo Senado.

De acordo com a Reuters, a equipe de transição de Biden disse que a escolha por Cohen para o período de transição deve-se à sua experiência em “projetos especiais sobre novas tecnologias e em como melhor trabalhar com empresas para promover a missão da CIA”, uma premissa que certamente preocupa quem conhece a história ofensiva e de ingerência da CIA e os perigos do entrelaçamento privado-público neste âmbito. Cohen também serviu como sub-secretário para Terrorismo e Inteligência Financeira no Departamento do Tesouro dos EUA, onde assistiu à implementação das sanções contra o Irã, a Russia e a Coreia Popular. E é por seu papel na imposição de sanções ao Irã que ao menos dois dos principais jornais de Israel, cujos sucessivos governos declaram o país persa um dos seus inimigos mortais, reproduzem a matéria da Jewish Telegraphic Agency (JTA) saudando a ascensão de Cohen no âmbito da segurança, assim como quando ele foi nomeado por Obama em 2015.

A aliança entre EUA e Israel deve seguir firme: esta tornou-se praticamente política de estado. Como já notado, o Democrata Obama propagandeava orgulhosamente as ações concretas do seu governo em defesa de Israel, do apoio militar bilionário ao respaldo diplomático na ONU —à exceção da última resolução votada no Conselho de Segurança durante o seu mandato, finalmente condenando a construção de colônias israelenses em território palestino ocupado. Os EUA limitaram-se à abstenção, evitando o veto que sempre empaca este tipo de posições.

A nível internacional, para alguns, embora sua vitória resulte do empenho da centro-esquerda, Biden deve se posicionar no centro ou até centro-direita. Outras importantes medidas tomadas no primeiro dia na Presidência e que podem dar pistas do rumo adiante foram elencadas por Ana Prestes em suas Notas Internacionais e, como notou o editor do i21 Wevergton Britto, Biden deverá agora responder a três forças: a quem financiou sua campanha, a quem tornou a vitória possível e à extrema-direita ainda mobilizada.

Embora ainda devam ser emitidas dezenas de novas ordens executivas nos próximos dias, já que o estrago de Trump foi grande, entre tantas medidas do presidente cessante revogadas no primeiro dia da Presidência de Biden —com declarações políticas enfáticas nas introduções das novas ordens— não estavam o retorno ao acordo nuclear com o Irã, de que Trump tirou os EUA unilateralmente, ou o cancelamento de passos gravíssimos como o reconhecimento de Jeruaslém como a capital de Israel, que tanto dano causou a qualquer perspectiva de solução negociada com os palestinos, ou das ofensivas políticas contra Cuba, com que Trump não só reverteu os modestos, mas promissores passos tomados durante o Governo Obama, como ainda agravou o cerco à ilha revolucionária e, nos últimos suspiros do seu governo, incluiu uma Cuba humanista e solidária na lista de países patrocinadores do terrorismo.

Tampouco houve qualquer medida para reverter a ofensiva contra a Venezuela. Ao contrário, Anthony Blinken, o novo secretário de Estado, opinara que os EUA deveriam manter o reconhecimento ao golpista Juan Guaidó como presidente da Venezuela. Segundo a Reuters, a posição foi confirmada ao Senado nesta terça-feira (19), quando Blinken disse que o Governo Biden deve elaborar sanções “mais eficazes e direcionadas” para derrubar o presidente Nicolás Maduro e enviar “mais assistência humanitária” à Venezuela. Entretanto, nesta frente, a principal parceira, União Europeia (UE), deve ter papel mais comedido, uma vez que desde 7 de janeiro já não reconhece Guaidó como presidente do país sul-americano, embora siga considerando Guaidó e outros membros da Assembleia Nacional de 2015 “interlocutores particularmente relevantes com quem continuaremos trabalhando”.

Relações com a União Europeia

A reaproximação com a UE é outro dos principais temas sob análise: a relação quase umbilical entre o bloco e os EUA foi prejudicada durante o governo Trump. A UE também busca ter um papel mais autônomo em questões políticas, comerciais e militares. É de se notar que uma das principais vozes na defesa desse pivô é Angela Merkel, a chanceler da Alemanha que deixa o cargo à frente da presidência da UE, da liderança do seu partido e do governo alemão. Deve haver continuidade no posicionamento do país, mas o que isso significará no conjunto do bloco, agora com 27 membros desde a difícil saída do Reino Unido, está por definir. Em dezembro de 2020, a Comissão Europeia, órgão executivo da UE, debateu o plano “Uma nova agenda UE-EUA para uma mudança global”, para redefinir a relação transatlântica e diversificar parcerias, inclusive avançando nas relações com a China. Temas como a disputa pela implantação da 5G e a 6G e diferenças de “abordagem” em áreas do comércio bilateral deverão ser calibradas, mas o plano debatido pela Comissão Europeia destacou como a UE e os EUA compartilham o interesse por “fortalecer as democracias no mundo” através de “repostas coordenadas” nas “diferentes áreas geopolíticas”.

A presidente da Comissão, a alemã Ursula von der Leyen, disse que a aliança transatlântica tem base em “valores partilhados”, ao tempo em que o alto representante para a Política Externa, Josep Borrell, disse que “não existe parceiro mais importante e estratégico para a Europa do que os Estados Unidos”, no que se interpretou em alguns meios como a tentativa de superar o período Trump para reconstruir a parceria contando com Biden, com quem a UE conseguirá dialogar. Em novembro, a seguir às eleições estadunidenses, a Comissão preparava-se para realizar uma Cúpula UE-EUA já no primeiro semestre de 2021, sem perder tempo, por proposta do presidente do Conselho Europeu de chefes de Estado e Governo, o belga Charles Michel. Enquanto Biden tomava posse, Michel propunha ao novo presidente estadunidense um “pacto fundador” para revigorar os dois lados e a ponte transatlântica.

“Juntos, devemos nos suster como a fundação da ordem internacional baseada na lei”, disse Michel; “será uma mensagem de esperança para aqueles que estão esperando o retorno dos Estados Unidos ao círculo dos estados que partilham visões (…) e de que novamente, após quatro longos anos, a Europa tem um amigo na Casa Branca”, disse Van der Leyen. Como se sabe, além dos laços históricos, que se confundem com a história das guerras e das instituições internacionais, os dois países seguem juntos em alianças como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) —impondo grandes desafios aos países não alinhados e sustentando um cerco planetário cada vez mais abrangente.

Os próximos rumos das relações entre as potências certamente seguirão exigindo a ampla mobilização dos movimentos populares e progressistas nos níveis nacional e internacional. Um novo governo Biden pode reposicionar os Estados Unidos, mas certamente não como progressistas desejariam. O resultado destas dinâmicas também dependerá da resistência persistente e da continuamente analisada ascensão de novos atores internacionais capazes de fortalecer tanto a multipolaridade quanto o multilateralismo, para que se possa enfrentar o imperialismo.

Fonte: https://vermelho.org.br

Biden firma as primeiras ordens e progressistas avaliam o rumo adiante, por Moara Crivelente - Por WALTER SORRENTINO

 

Passados quatro anos de um estrondoso governo de Donald Trump, o tom polido e a etiqueta liberal de Joe Biden não iludem. No país, a expectativa de parte da esquerda estadunidense é a de melhoria das condições para a luta, embora a já histórica invasão do Capitólio por trumpistas seja um sintoma da conjuntura política, em que recuos e continuidades são parte da dinâmica. O mesmo se espera no plano internacional.

Em sempre insuflado discurso, na despedida, Trump prometeu continuar “relevante”. Diante do trauma planetário, para alguns, a promessa deve ter soado um mau presságio. Foi pertinente um comentário feito na triunfalista e francamente pueril cobertura da partida de Trump e a posse de Biden na CNN estadunidense, abertamente partidária dos Democratas. Quem fez carreira cobrindo as derrapagens de Trump terá dificuldades em mudar de assunto. John Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional, até foi chamado para um comentário breve, mas foi interrompido para o anúncio da chegada de Biden, o “bom católico”, à catedral em que se daria a missa antes da posse. Embora ele mesmo tenha escrito um polêmico livro de 500 páginas sobre o já ex-presidente, Bolton disse que os histriônicos comentaristas pró-Trump e os opositores deveriam superar o fenômeno e seguir adiante.

Certo, mas será difícil não fazer referência ao estopim que acelerou —não irreversivelmente, já que a disputa continua— o declínio relativo da hegemonia estadunidense e a deterioração da situação econômica, social e política no país. A incitação à extrema-direita, agora desapossada, contra a esquerda em geral, a população negra, os imigrantes, os cidadãos de origens latinas e até os cientistas, em pleno período de pandemia —embora Trump tenha tentado alterar os arquivos e dizer que graças ao seu governo, a vacina foi criada— assim como as ações agressivas contra Cuba, Venezuela, China e até a ONU e seus mais importantes órgãos: tudo isso continua reverberando, apesar da pressa dos Democratas em virar a página e reposicionar os EUA.

Presidente, Joe Biden já deu as primeiras ordens para tentar reparar o estrago. No arranque, escreveu ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, dando “garantias” da sua “mais alta estima” ao comunicar a rescisão da decisão de Trump, de 6 de julho de 2020, de retirar os Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde (OMS). Biden reconheceu que a OMS “desempenha um papel crucial” contra a pandemia e outras “ameaças” em cujo enfrentamento os EUA pretendem continuar participando, como “líder global” —no usual tom quase beligerante e sempre hegemonista adotado até para tratar de temas como a saúde. Não basta voltar a participar e contribuir com os esforços coletivos: o retorno triunfal dos Estados Unidos de Biden ao concerto das nações será para retomar o lugar do condutor. Mas já se esperava exatamente isso: a “salvação” em tempos sombrios ou o reforço da ingerência na forma da orientação do patriarca.

Os sucessivos governos dos EUA só souberam atuar no mundo através do isolacionismo ou do unilateralismo ofensivo e sempre hegemonista, mesmo quando engajado nas instituições internacionais e alianças institucionais, não através do multilateralismo. Recorde-se como, no que se tornou uma espécie de manual em alguns cursos de Relações Internacionais, Henry Kissinger descreveu o papel do presidente Woodrow Wilson (1913-1921) ao fim da Primeira Guerra Mundial: ele não se unia aos aliados europeus para reconstruir a ordem internacional já conhecida e até então hegemonizada pelas principais potências europeias, mas para recriar um sistema inteiro.

As primeiras ordens de Biden e o que faltou

Foram 17 as primeiras ordens executivas, memorandos e proclamações que Biden assinou nesta quarta-feira (20), para ir tapando os rombos provocados pela política supremacista, chauvinista e, digamos, sem modos, diretas demais para o gosto de liberais, em alguns quesitos. Entre elas estão as ordens executivas pela saúde pública e o ambiente, declarando ser política do seu governo ouvir à ciência para formular medidas nas diversas áreas, como a resposta à crise climática, inclusive com a intenção de retornar ao Acordo de Paris, instruindo a revisão ou revogando medidas e ordens do governo anterior prejudiciais ao ambiente, aos direitos de povos indígenas, e mais; pela revisão das políticas e prioridades relativas à imigração, inclusive revogando a infame ordem executiva de 2017 de Trump pela construção do muro na fronteira com o México; a proclamação que revoga a proibição à entrada de pessoas de países maioritariamente muçulmanos e africanos, afirmando que as políticas securitárias e burocráticas continuarão a ser rigorosas, mas não discriminatórias; a ordem executiva que anuncia políticas para dirimir a desigualdade racial e assistir às comunidades excluídas; pela organização do governo em prol de uma resposta unificada e eficaz para combater a Covid-19 e oferecer “liderança” estadunidense em saúde e segurança global; e conformando uma liderança federal interina de especialistas da função pública para dirigir as adaptações, revisões e elaborações da transição de governo em diversas agências e departamentos, inclusive dedicados à economia, comércio, serviços sociais, justiça, infraestrutura, entre vários outros, assim como a segurança nacional e a Agência Central de Inteligência (CIA). Esta será dirigida interinamente por Daniel Cohen, vice-diretor da agência durante o governo Obama, quando Biden foi vice-presidente do país. Biden nomeou William Burns, um experiente diplomata, para dirigir a CIA, no que se interpretado como uma mudança de abordagem na agência de espionagem e operações várias. Burns foi vice-secretário de Estado até 2014, participou das negociações com o Irã pelo acordo nuclear e foi embaixador dos EUA na Rússia e sua nomeação, como a dos demais cargos em agências federais, ainda deve ser confirmada pelo Senado.

De acordo com a Reuters, a equipe de transição de Biden disse que a escolha por Cohen para o período de transição deve-se à sua experiência em “projetos especiais sobre novas tecnologias e em como melhor trabalhar com empresas para promover a missão da CIA”, uma premissa que certamente preocupa quem conhece a história ofensiva e de ingerência da CIA e os perigos do entrelaçamento privado-público neste âmbito. Cohen também serviu como sub-secretário para Terrorismo e Inteligência Financeira no Departamento do Tesouro dos EUA, onde assistiu à implementação das sanções contra o Irã, a Russia e a Coreia Popular. E é por seu papel na imposição de sanções ao Irã que ao menos dois dos principais jornais de Israel, cujos sucessivos governos declaram o país persa um dos seus inimigos mortais, reproduzem a matéria da Jewish Telegraphic Agency (JTA) saudando a ascensão de Cohen no âmbito da segurança, assim como quando ele foi nomeado por Obama em 2015.

A aliança entre EUA e Israel deve seguir firme: esta tornou-se praticamente política de estado. Como já notado, o Democrata Obama propagandeava orgulhosamente as ações concretas do seu governo em defesa de Israel, do apoio militar bilionário ao respaldo diplomático na ONU —à exceção da última resolução votada no Conselho de Segurança durante o seu mandato, finalmente condenando a construção de colônias israelenses em território palestino ocupado. Os EUA limitaram-se à abstenção, evitando o veto que sempre empaca este tipo de posições.

A nível internacional, para alguns, embora sua vitória resulte do empenho da centro-esquerda, Biden deve se posicionar no centro ou até centro-direita. Outras importantes medidas tomadas no primeiro dia na Presidência e que podem dar pistas do rumo adiante foram elencadas por Ana Prestes em suas Notas Internacionais e, como notou o editor do i21 Wevergton Britto, Biden deverá agora responder a três forças: a quem financiou sua campanha, a quem tornou a vitória possível e à extrema-direita ainda mobilizada.

Embora ainda devam ser emitidas dezenas de novas ordens executivas nos próximos dias, já que o estrago de Trump foi grande, entre tantas medidas do presidente cessante revogadas no primeiro dia da Presidência de Biden —com declarações políticas enfáticas nas introduções das novas ordens— não estavam o retorno ao acordo nuclear com o Irã, de que Trump tirou os EUA unilateralmente, ou o cancelamento de passos gravíssimos como o reconhecimento de Jeruaslém como a capital de Israel, que tanto dano causou a qualquer perspectiva de solução negociada com os palestinos, ou das ofensivas políticas contra Cuba, com que Trump não só reverteu os modestos, mas promissores passos tomados durante o Governo Obama, como ainda agravou o cerco à ilha revolucionária e, nos últimos suspiros do seu governo, incluiu uma Cuba humanista e solidária na lista de países patrocinadores do terrorismo.

Tampouco houve qualquer medida para reverter a ofensiva contra a Venezuela. Ao contrário, Anthony Blinken, o novo secretário de Estado, opinara que os EUA deveriam manter o reconhecimento ao golpista Juan Guaidó como presidente da Venezuela. Segundo a Reuters, a posição foi confirmada ao Senado nesta terça-feira (19), quando Blinken disse que o Governo Biden deve elaborar sanções “mais eficazes e direcionadas” para derrubar o presidente Nicolás Maduro e enviar “mais assistência humanitária” à Venezuela. Entretanto, nesta frente, a principal parceira, União Europeia (UE), deve ter papel mais comedido, uma vez que desde 7 de janeiro já não reconhece Guaidó como presidente do país sul-americano, embora siga considerando Guaidó e outros membros da Assembleia Nacional de 2015 “interlocutores particularmente relevantes com quem continuaremos trabalhando”.

Relações com a União Europeia

A reaproximação com a UE é outro dos principais temas sob análise: a relação quase umbilical entre o bloco e os EUA foi prejudicada durante o governo Trump. A UE também busca ter um papel mais autônomo em questões políticas, comerciais e militares. É de se notar que uma das principais vozes na defesa desse pivô é Angela Merkel, a chanceler da Alemanha que deixa o cargo à frente da presidência da UE, da liderança do seu partido e do governo alemão. Deve haver continuidade no posicionamento do país, mas o que isso significará no conjunto do bloco, agora com 27 membros desde a difícil saída do Reino Unido, está por definir. Em dezembro de 2020, a Comissão Europeia, órgão executivo da UE, debateu o plano “Uma nova agenda UE-EUA para uma mudança global”, para redefinir a relação transatlântica e diversificar parcerias, inclusive avançando nas relações com a China. Temas como a disputa pela implantação da 5G e a 6G e diferenças de “abordagem” em áreas do comércio bilateral deverão ser calibradas, mas o plano debatido pela Comissão Europeia destacou como a UE e os EUA compartilham o interesse por “fortalecer as democracias no mundo” através de “repostas coordenadas” nas “diferentes áreas geopolíticas”.

A presidente da Comissão, a alemã Ursula von der Leyen, disse que a aliança transatlântica tem base em “valores partilhados”, ao tempo em que o alto representante para a Política Externa, Josep Borrell, disse que “não existe parceiro mais importante e estratégico para a Europa do que os Estados Unidos”, no que se interpretou em alguns meios como a tentativa de superar o período Trump para reconstruir a parceria contando com Biden, com quem a UE conseguirá dialogar. Em novembro, a seguir às eleições estadunidenses, a Comissão preparava-se para realizar uma Cúpula UE-EUA já no primeiro semestre de 2021, sem perder tempo, por proposta do presidente do Conselho Europeu de chefes de Estado e Governo, o belga Charles Michel. Enquanto Biden tomava posse, Michel propunha ao novo presidente estadunidense um “pacto fundador” para revigorar os dois lados e a ponte transatlântica.

“Juntos, devemos nos suster como a fundação da ordem internacional baseada na lei”, disse Michel; “será uma mensagem de esperança para aqueles que estão esperando o retorno dos Estados Unidos ao círculo dos estados que partilham visões (…) e de que novamente, após quatro longos anos, a Europa tem um amigo na Casa Branca”, disse Van der Leyen. Como se sabe, além dos laços históricos, que se confundem com a história das guerras e das instituições internacionais, os dois países seguem juntos em alianças como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) —impondo grandes desafios aos países não alinhados e sustentando um cerco planetário cada vez mais abrangente.

Os próximos rumos das relações entre as potências certamente seguirão exigindo a ampla mobilização dos movimentos populares e progressistas nos níveis nacional e internacional. Um novo governo Biden pode reposicionar os Estados Unidos, mas certamente não como progressistas desejariam. O resultado destas dinâmicas também dependerá da resistência persistente e da continuamente analisada ascensão de novos atores internacionais capazes de fortalecer tanto a multipolaridade quanto o multilateralismo, para que se possa enfrentar o imperialismo.

LIÇÕES DA DEBACLE TRUMPIANA – 2 (continuação deste post) -

 

O comando político sob o capital, com suas diferenciações mais ou menos trágicas, termina sempre no eclodir de uma forma de relação social negativa que embute no seu DNA todas as concepções segregacionistas e desumanas que lhe são própria, tal qual uma pequena semente já traz em si toda a concepção da futura árvore. 

Infelizmente, ao invés de impulsionar a solução da dita no sentido de procedimentos humanistas futuros desconhecidos mas cuja contribuição para o bem de todos se pode desde já antever, a crise do capital  leva, ao mesmo tempo, à formação de cancros de procedimentos tresloucados e surrealistas como aqueles dos fanatizados seguidores de Trump na invasão do Capitólio, o parlamento dos Estados Unidos.

Ali vimos retrógrados seguidores trompistas que iam desde ridículos personagens fantasiados de vikings, com chifres e a empunhar lanças, até patriotas embandeirados e pintados; cowboys valentões; civis semifardados empunhando armas como se estivessem numa guerra contra os ganhos civilizatórios considerados por eles como retrocessos da humanidade, etc. 


Mas, esses tipos eram, sobretudo, representados por um covarde, sem terem a exata dimensão disso. Diante do malogro de suas primárias intenções golpistas, próprias aos energúmenos ditadores de repúblicas bananeiras, eis que o 
presidente destrumpelhado negou suas intenções em discurso que fez logo em seguida, absolutamente contraditório com aquele que havia pronunciado momentos antes da invasão do Capitólio, incitando seus seguidores.

Descobriu-se, portanto, um novo e desabonador predicado nele: a pusilanimidade!

A revolução francesa, que em muito se espelhou na Constituição dos EUA no século 18, tinha como pressuposto básico a descentralização do poder absolutista monárquico. 

Naquela altura não se poderia perceber claramente que um poder despótico ainda mais perigoso substituiria o esgotado modelo feudal e escravista direto: o capitalismo. 

Escravista indireto e segregacionista por meio de uma lógica matemática de exploração impessoal, o capitalismo é tão tirânico quanto seu antecessor, como se constata ao vê-lo personificado no bilionário Donald Trump. 

O capital dá ordens ao capitalista, transformando-o em seu súdito privilegiado a cumprir determinações esquizofrênicas que podem ser ainda mais cruéis do que as adotadas pelos tiranos de todos os tempos. 

O holocausto é um exemplo histórico do que é capaz o ser humano submetido às ordens capitalistas num momento de depressão econômica como o então existente na Alemanha, que propiciou a ascensão ao poder dos truculentos supremacistas arianos. 


O nazismo nada mais é, portanto, do que a serpente tornada ativa quando parida do ventre capitalista num momento de sua inviabilidade, notadamente quando tal forma de relação social atingiu o seu limite histórico de sobrevivência. Agora não há novo 
Plano Marshall e Green New Deal que o sustente.

Hoje vivemos um momento mais grave, qual seja o do atingimento deste limite existencial; as consequências que podem daí advir requererão providências e sabedorias imunes ao fetichismo que caracteriza aqueles comportamentos em sentido inverso à solução dos problemas que se apresentarão. 

O entrechoque de comportamentos retrógrados que caracterizam a máscara de caráter burguês é facilmente identificado em personalidades como Donald Trump e Joe Biden: 

— de um lado, negacionistas que querem se manter no poder a qualquer custo, numa desesperada fuga para a frente que se traduz em genocídio e barbárie;

— do outro lado, as posturas políticas institucionais mais civilizadas e suasórias da democracia burguesa, que buscam a salvação de um sistema exaurido a partir de medidas imanentes ao dito cujo.

Entretanto, sem debelarmos o mal na sua raiz causal –ou seja, sem a substituição do modo de produção mercantil burguês e seu correspondente sistema institucional, ambos esgotados–, viveremos sob um movimento pendular entre direita ultraconservadora e socialdemocracia sem resultados satisfatórios e com o acirramento dos problemas sociais e ecológicos.

Devemos estar atentos à causa original do mal social, pois somente conhecendo a sua natureza mais profunda e desumana poderemos caminhar na direção de comportamentos fora da imanência da forma-valor (dinheiro e mercadorias) e da superação definitiva do escravismo que caracteriza a história da humanidade nos últimos milênios. 

Quanto a Donald Trump, no seu turbulento e destrambelhado ocaso, ele deixou evidenciada como nunca a sua máscara de caráter fetichista burguês. (por Dalton Rosado).

Fonte: https://naufrago-da-utopia.blogspot.com

Live: O impeachment de Bolsonaro vai gerar a estabilidade que o Brasil p...


Fonte: http://nogueirajr.blogspot.com

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Margin Call: O Dia Antes do Fim Dublado


Fonte: https://naufrago-da-utopia.blogspot.com

20 DE JANEIRO - DIA DE SÃO SEBASTIÃO!

 Por Eduardo Vasconcelos

Imagem de São Sebastião: Imagem do Google

São Sebastião era um soldado romano que foi martirizado por professar e não renegar a fé em Cristo Jesus. Sua história é conhecida somente pelas atas romanas de sua condenação e martírio. Nessas atas de martírio de cristãos, os escribas escreviam dando poucos detalhes sobre o martirizado e muitos detalhes sobre as torturas e sofrimentos causados a eles antes de morrerem. Essas atas eram expostas ao público nas cidades com o fim de desestimular a adesão ao cristianismo.

São Sebastião, soldado romano e cristão

São Sebastião nasceu na cidade de Narbona, na França, em 256 d.C. Seu nome de origem grega, Sebastós, significa divino, venerável. Ainda pequeno, sua família mudou-se para Milão, na Itália, onde ele cresceu e estudou. Sebastião optou por seguir a carreira militar de seu pai.

No exército romano, chegou a ser Capitão da 1ª da guarda pretoriana. Esse cargo só era ocupado por pessoas ilustres, dignas e corretas. Sebastião era muito dedicado à carreira, tendo o reconhecimento dos amigos e até mesmo do imperador romano, Maximiano. Na época, o império romano era governado por Diocleciano, no oriente, e por Maximiano, no ocidente. Maximiano não sabia que Sebastião era cristão. Não sabia também que Sebastião,  sem deixar de cumprir seus deveres militares, não participava dos martírios nem das manifestações de idolatria dos romanos.

Por isso, São Sebastião é conhecido por ter servido a dois exércitos: o de Roma e o de Cristo. Sempre que conseguia uma oportunidade, visitava os cristãos presos, levava uma ajuda aos que estavam doentes e aos que precisavam.

Missionário no exército romano

De acordo com Atos apócrifos atribuídos a Santo Ambrósio de Milão, Sebastião teria se alistado no exército romano já com a única intenção de afirmar e dar força ao coração dos cristãos, enfraquecidos diante das torturas.

Martírio de São Sebastião

Ao tomar conhecimento de cristãos infiltrados no exército romano, Maximiano realizou uma caça a esses cristãos, expulsando-os do exército. Só os filhos de soldados ficaram obrigados a servirem o exército. E este era o caso do Capitão Sebastião. Para os outros jovens a escolha era livre. Denunciado por um soldado, o imperador se sentiu traído e mandou que Sebastião renunciasse à sua fé em Jesus Cristo. Sebastião se negou a fazer esta renúncia. Por isso, Maximiano mandou que ele fosse morto para servir de exemplo e desestímulo a outros. Maximiano, porém, ordenou que Sebastião tivesse uma morte cruenta diante de todos. Assim, os arqueiros receberam ordens para matarem-no a flechadas. Eles tiraram suas roupas, o amarraram num poste no estádio de Palatino e lançaram suas flechas sobre ele. Ferido, deixaram que ele sangrasse até morrer.

Recuperação

Irene, uma cristã devota, e um grupo de amigos, foram ao local e, surpresos, viram que Sebastião continuava vivo. Levaram-no dali e o esconderam na casa de Irene que cuidou de seus ferimentos.

Segundo martírio de São Sebastião

Depois de curado, Sebastião continuou evangelizando e se apresentou ao imperador Maximiano, que não atendeu ao seu pedido. Sebastião insistia para que ele parasse de perseguir e matar os cristãos. Desta vez o imperador mandou que o açoitassem até morrer e depois fosse jogado numa fossa, para que nenhum cristão o encontrasse. Porém, após sua morte, São Sebastião apareceu a Lucina, uma cristã, e disse que ela encontraria o corpo dele pendurado num poço. Ele pediu para ser enterrado nas catacumbas junto dos apóstolos.

Sepultamento

Alguns autores acreditam que Sebastião foi enterrado no jardim da casa de Lucina, na Via Ápia, onde se encontra sua Basílica. Construíram, então, nas catacumbas, um templo, a Basílica de São Sebastião. O templo existe até hoje e recebe devotos e peregrinos do mundo todo.

Devoção a São Sebastião

Tal como São Jorge, Sebastião foi um dos soldados romanos mártires e santos, cujo culto nasceu no século IV e que atingiu o seu auge nos séculos XIV e XV, tanto na Igreja Católica como na Igreja Ortodoxa. São Sebastião é celebrado no dia 20 de janeiro. Existe também uma capela em Palatino, com uma pintura que mostra Irene tratando das feridas de Sebastião. Irene também foi canonizada e sua festa é no dia 30 de março.

Oração a São Sebastião

São Sebastião glorioso mártir de Jesus Cristo e poderoso advogado contra a peste, defendei a mim, minha família e todo o país do terrível flagelo da peste e de todos os males para que servindo a Jesus Cristo alcancemos a graça de participar de vossa Glória no céu. Amém.

VEJA TAMBÉM EM SÃO SEBASTIÃO

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br

"A partir de hoje (20/01/2021) serei devoto de São Bastião! Com fé, amor e devoção! Motivos? Muitos!" - Eduardo Vasconcelos - radialista, blogueiro, ativista, presidente do Centro Potiguar de Cultura - CPC/RN e Agente de Cultura.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

A escolha de um velhaco, por Durval de Noronha Goyos Júnior - Fonte: Walter Sorrentino

 

É costumeiro, nos meios jurídicos, o uso do brocardo de que “o advogado em causa própria é um incompetente que tem um cretino por cliente”, situação que, infelizmente, ainda está a ocorrer com alguma frequência em nosso país, dentro e fora dos tribunais. Um exemplo recente foi a publicação, por Michel Temer, do livro “A ESCOLHA – Como um presidente conseguiu superar grave crise e apresentar uma agenda para o Brasil”, sob a forma de uma entrevista servil combinada com o jornalista Denis Rosenfield, pela Editora Noeses. A obra tem 205 páginas e é ilustrada com fotografias.Continue lendo 

Sindipetro/RN e IFRN dialogam sobre remanejamento de trabalhadores da Petrobrás

Esta semana a diretoria do SINDIPETRO-RN teve uma importante reunião com o reitor do IFRN, José Arnóbio de Araújo Filho, com objetivo de debater alternativas para remanejamento de empregados da Petrobrás ao Instituto Federal, por meio de cessão ou movimentação.

Durante o encontro, a administração do Instituto Federal do Rio Grande do Norte declarou que há sim necessidade de novos profissionais para suas várias unidades no Estado, e que entende que os empregados da Petrobrás seriam uma boa opção, por serem bem qualificados.
 
O representante do IFRN se comprometeu em verificar a possibilidade jurídica e institucional de receber empregados da Companhia, com base na portaria 282/2020 do governo federal, que trata de movimentação de servidores e empregados federais para compor força de trabalho em outras instituições públicas.

Fonte: POTIGUAR NOTÍCIAS

CABAL INCOMPETÊNCIA: Disputa pela vacina mostra que Bolsonaro não tem condições de continuar, diz analista - Por Brasil REDE ATUAL

Bolsonaro demonstrou problemas cognitivos e de personalidade. E Pazuello "é muito parecido com ele".

De acordo com o professor Willians Gonçalves (UERJ), atual presidente já demonstrou toda sua incapacidade e insensibilidade. Agenda Guedes é o que o mantém no poder.


São Paulo – A disputa pelo protagonismo da vacina entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, é “algo que não se vê em nenhuma parte do mundo”, afirma o professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Willians Gonçalves. Segundo ele, nada que se refere à vida “comove” o presidente. “Todo esse processo mostra que Bolsonaro não tem a menor condição de continuar como presidente. Ele está jogando o país no abismo.”

Em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (18), Gonçalves afirmou que Doria “merece elogios”, por ter se cercado de uma equipe confiável e ter apostado na ciência.

Nesta domingo (18), a enfermeira Monica Calazans foi a primeira pessoa no país a receber a vacina contra o novo coronavírus. A aplicação ocorreu em São Paulo, minutos depois da coronavac ter sido aprovada pela Anvisa para uso emergencial. O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, acusou Doria de promover uma jogada de “marketing”. Bolsonaro, por outro lado, se calou.

De acordo com o professor, Pazuello é um “suposto” especialista em logística que não demonstrou “racionalidade, nem capacidade de cálculo”. Ele repete, assim, a mesma incapacidade demonstrada por Bolsonaro para lidar com a questão da vacina. “Que ele é uma pessoa sem capacidade e sem qualificações necessárias para conduzir o governo de um país grande e complexo, até as pedras sabem.”

Impeachment

Com o agravamento da pandemia, com cenas de pessoas morrendo sem oxigênio em Manaus, além dos desencontros em relação à vacinação, deram novo impulso aos pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Para o especialista, a responsabilidade pela sua permanência é do Congresso Nacional e dos tribunais superiores. Essas instituições, se estivessem funcionando adequadamente, já poderiam ter colocado freios em suas ações.

No entanto, Gonçalves avalia que o que mantém Bolsonaro é o ministro da Economia, Paulo Guedes, apoiado pelos empresários e operadores do sistema financeiro. No entanto, sua agenda de corte de gastos e redução de direitos sociais também vem conduzindo o país à “ruína”. “É por isso que Bolsonaro continua. Porque a sua incapacidade e falta de dignidade todo mundo sabe. O problema é que querem sustentar Guedes e sua política econômica enlouquecida, que está jogando o país na miséria”, declarou.

EUA

O professor também acredita que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “não deve criar problemas” para a posse do seu sucessor, Joe Biden. Ele disse que Trump “traiu” seus apoiadores, ao condenar a invasão ao Capitólio e prometer uma transição pacífica de governo. Sem liderança, ele diz que os movimentos de extrema-direita devem permanecer, mas sem a mesma força, o que representaria menor “periculosidade”.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira – Edição: Helder Lima