domingo, 26 de janeiro de 2020

“Parasita” tenta pregar contra o capitalismo, porém reforça preconceitos contra os pobres

“Parasita”, o novo filme do diretor sul-coreano Bong Joon-ho (de "O Hospedeiro", “Okja” e “Expresso do Amanhã”), vem recebendo os mais altos louros da crítica, ao ponto de ter sido indicado a vários Oscars (inclusive Melhor Filme e Melhor Filme Estrangeiro!).

Confesso que não fiquei assim tão maravilhado. Obviamente acho louvável a tentativa do cineasta em, novamente, denunciar os males do sistema capitalista que separa os seres humanos em castas onde os mais pobres vivem amontoados em cubículos lutando para sobreviver, enquanto os ricos moram em mansões gigantescas em suas vidas fúteis e vazias. Essa, por sinal, é a mesma premissa da ficção científica “Expresso do Amanhã” que mostrava essa divisão de forma alegórica num futuro distópico situado dentro de um trem.

O problema básico de “Parasita” é que, enquanto pinta com tintas realistas a rotina e a psiquê dos personagens pobres, esquece de fazer o mesmo com os ricos. Assim, a família de Kim Ki-taek (o ótimo Song Kang Ho) faz de tudo para continuar sobrevivendo, incluindo aí roubar wi-fi dos vizinhos e aplicar golpes para conseguir trabalhos, construção que deixa os personagens bastante humanos e críveis. Todavia, o núcleo familiar dos ricos vai na contramão, mostrando pessoas que parecem apenas ingênuas, honestas e bem intencionadas, sendo as únicas características negativas deles um leve preconceito (expresso principalmente nas reclamações do patriarca sobre o cheiro ruim dos pobres) e a alienação.

Para que a crítica social almejada pelo diretor realmente funcionasse, ao ponto de atingir e conscientizar justamente aqueles a quem ela é dirigida (as classe mais ricas), a família abastada teria que ser apresentada com as mesmas tintas realistas que os mais pobres, ou seja, com nuances de caracterização que os fizessem menos caricatos. Poderia, por exemplo, apresentar o patriarca como uma pessoa corrupta, sem escrúpulos, e sua esposa como alguém racista.

Do jeito que ficou, o filme acaba manco e reforça os preconceitos contra as classes mais pobres que Bong Joon-ho tanto gostaria de combater, justamente de que são pessoas capazes de fazer qualquer coisa para melhorar de vida, inclusive mentir e até matar, enquanto os ricos são trabalhadores meritocráticos, ingênuos e bem intencionados.

“Parasita” tem cenas muito boas, um humor ácido afiado, movimentos de câmera primorosos e excelente atuações, porém o que pesa mais é a tentativa de “conscientizar” o espectador acerca da mensagem embutida no roteiro e, devido às falhas apontadas acima, acaba falhando justamente em sua maior pretensão. Uma pena.


Bolsonaro tenta lacrar com texto atribuído a Gandhi, tão diferente da vida dele quanto a noite do dia. Por Joaquim de Carvalho

Bolsonaro com as mãos juntas na Índia e o meme que ele postou: como água e óleo

Jair Bolsonaro postou no Twitter frases atribuídas ao pacifista Mahatma Gandhi, cujo memorial ele visitou hoje em Nova Deli. Nada parece mais incompatível do que a trajetória de Bolsonaro comparada à de Gandhi, e a análise das frases evidencia essa diferença irreconciliável.

Gandhi teria dito que o que destrói o ser humano é:

1)Política sem princípios;
2)Prazer sem compromisso;
3)Riqueza sem trabalho;
4)Sabedoria sem caráter;
5)Negócios sem moral;
6)Ciência sem humanidade;
7)Oração sem caridade.

São frases que integram memes na internet. Em razão disso, as frases podem não ser, efetivamente, de autoria de Gandhi.

Mas, considerando que sejam, Bolsonaro não segue nenhum deles.

É possível falar de princípios em um político que já passou por nove partidos e agora trabalha para fundar o seu?

Sobre prazer sem compromisso, não foi Bolsonaro quem disse que usava o auxílio-moradia da Câmara para “comer gente”? Onde está o compromisso?

Riqueza sem trabalho é o que define Bolsonaro. Ele se aposentou aos 33 anos, depois que o conselho de justificação recomendou que fosse expulso do Exército.

No relatório que amparou esse decisão, revertida mais tarde no Superior Tribunal Militar (STM), Bolsonaro é definido como um oficial com “demonstração de excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente, revelando com isso conduta contrária à ética militar”.

E complementa o relatório: “Faltou ao Justificante [Bolsonaro] coragem moral para sair do Exército, onde não encontrava perspectivas e se dizia angustiado por não poder atender à família”.

Na política, fora do Exército, juntamente com seus filhos detentores de mandatos, Bolsonaro enriqueceu, como mostra levantamento realizado pela Folha de S. Paulo, ainda durante a campanha a presidente.

“O deputado e presidenciável Jair Bolsonaro e seus três filhos que exercem mandato são donos de treze imóveis com preço de mercado de pelo menos R$ 15 milhões, a maioria em pontos altamente valorizados do Rio de Janeiro, como Copacabana, Barra da Tijuca e Urca”, informaram os repórteres Ranier Bragon, Camila Mattoso e Ítalo Nogueira.

O item 4 dos supostos mandamentos de Gandhi trata da sabedoria sem caráter. Quem mente reiteradamente, como Bolsonaro, é o quê? Sábio? Pessoa de caráter?

O item 5, Negócios sem moral, poderia ser respondido pelo seu grande amigo Fabrício Queiroz, que Bolsonaro colocou para trabalhar no gabinete do filho Flávio.

No que diz respeito à Ciência sem humanidade, como define o item 6, não se aplica à vida de Bolsonaro, e não há necessidade de argumento. Ciência e humanidade são conceitos que estão em uma extremidade do universo. Bolsonaro está na outra. No caso dele, é mais fácil falar em ignorância e desumanidade.

Oração sem caridade, item 7: Em público, já se viu Bolsonaro recebendo oração da parte de Silas Malafaia e outros pastores, mas nunca orando, exceto quando esteve em Jerusalém e encostou a cabeça no muro das lamentações e mostrou para os fotógrafos que estava colocando um papelzinho lá, que ele fez questão de dizer que continha as palavras: “Que olhe pelo Brasil.”

A biografia de Gandhi registra que ele teve encontro com cristãos protestantes que lhe entregaram a Bíblia. Depois de lê-la, o líder da Independência da Índia disse que não havia na literatura mundial texto tão imprescindível quanto o Sermão da Montanha.

Convidado a se converter ao Cristianismo, afirmou que, verdadeiramente, as palavras de Cristo eram insuperáveis, mas havia um problema: os que se dizem cristãos não praticam nada do que diz o texto.

O que Gandhi diria do milionário líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, o Malafaia?

Enfim, Bolsonaro quis lacrar ao reproduzir o meme com frases atribuídas a Gandhi. Mas, para quem sabe examinar textos, é fácil concluir que, no Twitter de Bolsonaro, soa tão falso quanto a promessa de combate à corrupção que ele fez durante a campanha de 2018.

Novas reformas podem ser enviadas juntas ao Congresso

Resultado de imagem para imagem Novas reformas podem ser enviadas juntas ao Congresso
Nova Délhi -- O presidente Jair Bolsonaro pretende, assim que voltar ao Brasil, definir com o ministro da Economia, Paulo Guedes, as prioridades na agenda de pautas que precisam ser enviadas ao Congresso. Ele sinalizou que o Executivo poderá enviar as reformas administrativa e tributária ao mesmo tempo quando o Legislativo retornar do recesso, a partir de fevereiro. 

“Temos que aproveitar para mandar logo, porque tem eleições municipais a partir de junho”, justificou ele a jornalistas neste domingo (26/1), após voltar das comemorações do Dia da República da Índia, onde ele foi o convidado de honra do evento. “Acho que pode mandar as duas juntas não tem problema nenhum. São coisas distintas. Tanto faz ordem. O Paulo Guedes (ministro da Economia) decide”, afirmou. 

De acordo com o presidente, a reforma administrativa "está praticamente pronta" e falta ter a última palavra com o ministro. Em relação à ordem das matérias, ele reforçou que é Guedes quem vai definir se as propostas serão envidas juntas ou separadas. 

O presidente ainda reconheceu que "a reforma tributária é importante também", mas logo que chegou à Índia, ele descartou qualquer possibilidade de criação de um novo tributo, como vem sendo cogitado pela equipe econômica. Os técnicos de Paulo Guedes estão encontrando dificuldades em elaborar uma proposta de reforma tributária enquanto tentam emplacar novos tributos. Não à toa, o Congresso se adiantou e hoje tem duas propostas em andamento na Câmara (PEC 45/2019) e no Senado (PEC 110/2019), que podem ser unificadas na comissão mista que está sendo formada.

Bolsonaro tem derrubado qualquer tentativa de Guedes e sua equipe em criar impostos. Foi assim com a CPMF e agora também está sendo com o “imposto do pecado” para bebidas alcoólicas, cigarros e açúcar. Essa medida foi cogitada pelo ministro da Economia em Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), o presidente foi taxativo em afirmar que “não tem aumento de imposto no Brasil”.

Ao ser questionado se o Brasil faria o mesmo que a Índia, que reduziu impostos em 50% para estimular a economia, o presidente acabou se confundindo com a resposta e falou de abertura comercial, defendo que ela seja gradual. “O Paulo Guedes já me disse que, se fizer de uma hora para outra, quebra a indústria nacional”, afirmou. 

Em seguida, ele acrescentou que imposto não é uma coisa só do governo federal, mas também de estados e de municípios e fez uma comparação de como os impostos na Índia são mais baixos do que no Brasil. “Eu olhei aqui, muita gente humilde mesmo, com celular na mão. E perguntei o preço do material, que é bem barato, porque tem empresas nacionais aqui. A outra coisa é que a tarifa e o imposto são baixos. Então, cada país tem a sua política. A gente não pode mudar de uma hora para outra”, afirmou.

O presidente também fez questão de lembrar que o governo tem limitação para reduzir imposto por conta de despesas elevadas, que ainda levam tempo para serem reduzidas sem que as reformas avancem. “Temos uma dívida interna monstruosa, uma folha de ativos, que são os servidores… Então não podemos mudar tudo de uma hora para outra”, destacou.

Para o presidente, aos poucos a economia vai voltar a crescer, com medidas de desburocratização da economia. “Com essa sinalização de menor taxa de juros da história (a Sellic está em 4,5% ao ano), melhorando o ambiente de negócios, abrindo um pouco a economia, desburocratizando e desregulamentando, é a saída”, disse. Ele citou como exemplo de problemas que precisam ser resolvidos a demora de seis meses para o desembaraço de um jet ski.

Em relação à polêmica dos erros da prova do Enem, o presidente foi evasivo e evitou comentar sobre o questionamento do Ministério Público. “A justiça decide o que tem que fazer”, afirmou.

Fonte: Rosana Hessel - Enviada Especial - Correio Braziliense

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Muito futebol em Montanhas

Dr. EVANDRO BORGES
A prática esportiva com a adolescência e juventude consiste em uma necessidade ao bem viver para com a cidadania e a sociedade, incentivada nos postulados da disciplina, da competição, no respeito às regras da modalidade, da hierarquia, na formação das relações humanas, no fomento as raízes municipais e regionais, procurando oferecer as novas gerações uma riqueza de comportamento humano com valores sociais de inclusão e cidadania.
 
Agora em janeiro nos dias 15 a 20 de janeiro, do ano que se inicia, aconteceu na sede do Município de Montanhas um evento esportivo de natureza regional, no Estádio de Futebol denominado “Panção” com equipes do Nordeste, com jogos, também, na cidade de Pedro Velho, esteve presentes o CRB de Maceió, o Alvorada de Campina Grande, Meninos de Cristo de João Pessoa, e agremiações do Rio Grande do Norte, com destaque para Nova Cruz, Parnamirim e a própria Montanhas.
 
O evento foi denominado de IX supergol, a cargo da organização de Magno Morais Neto, observador do Clube Atlético Paranaense, conseguindo fazer uma excelente articulação, com futebol para diversas faixas etárias, sub 12, sub 14, sub 15 e sub 17, com arbitragem em todos os jogos, com portões abertos a população, que encheu o Estádio principal do evento, além, dos ambulantes fazendo a festa com as vendas, gerando na ocasião renda na esfera da Municipalidade.
 
O certame esportivo se deu em razão de Edson Júnior do Nascimento (Montanhas) que foi jogador de futebol profissional, gozando na área de grande prestígio, pois, foi campeão do Nordeste pelo América/RN em 1998, participado como atleta profissional do campeonato brasileiro da série A, integrado times nacionais do porte na época do Rio Branco de São Paulo, ladeado a profissão com jogadores que chegaram à seleção brasileira.
 
O jogador Montanhas com apoio da gestão pública organizou a Liga Montanhense de Futebol, realiza no Município durante todo o ano, diversas competições, o campeonato municipal, como também, nas comunidades, inclusive rurais, já com tradição, portanto, formando o capital social e contribuindo para a formação do capital humano na municipalidade, principalmente, no seio da juventude.
 
A realização do evento, sem dúvidas, contou com prestígio pessoal de Edson Júnior do Nascimento (Montanhas), que mais uma vez recebeu o apoio da gestão, em pleno mês de janeiro, estiveram no evento diversas autoridades e personalidades, dentre elas, o Subsecretário de Esportes do Estado do Rio Grande do Norte, o Sr. Canindé de França que averiguou a extensão social do certame. 
 
As equipes campeãs foram: Sub 12 anos – CFC/Parnamirim; Sub 14 anos – CRB de Alagoas; Sub 15 anos - Montanhas; Sub 17 anos o Alvorada de Campina Grande, estiveram envolvidas mais de vinte equipes, com uma excelente estrutura, como deve ser para o porte do evento, sem reclamações e denúncias, conseguindo reunir a juventude local em uma atividade de futebol, incorporada a cultura brasileira.

História, ciência do homem, por José Carlos Ruy

“Espero sinceramente que, nestes tempos ásperos que vivemos, que possam ajudar a compreender as contradições que enfrentamos na luta democrática e pelo progresso social “
Amigos, ao longo do tempo colecionei um conjunto de observações sobre a história como ciência. Nelas polemizo com aqueles que recusam reconhecer que a história é uma ciência que registra e analisa a ação dos homens através dos tempos. E que pode, dessa maneira, ser um guia para a intervenção consciente no processo histórico.
Nesse sentido apresentarei, sob o título geral de “História a ciência do homem”, estes textos, que submeto ao escrutínio e à crítica dos leitores do Portal Vermelho.
Espero sinceramente que, nestes tempos ásperos que vivemos, que possam ajudar a compreender as contradições que enfrentamos na luta democrática e pelo progresso social
História, ciência do homem – Introdução
Centrada no fato, no acontecimento, no passado irrepetível, na compreensão do processo social, a história se distingue das demais ciências pela natureza humana e social de seu objeto. Ela “não é uma ciência como as outras”, escreveu o historiador francês Jacques Le Goff (1984). Qual é o objeto da ciência da história? Não é, evidentemente, o mesmo da física, da química ou outras ciências que analisam o mundo material que quase sempre pode ser tocado, medido, observado diretamente.
Em primeiro lugar, diz Le Goff, o historiador deve “ver”. Ele ensina que a palavra “história” deriva do radical indo-europeu “wid”, “weid”, que significa “ver”.
Mas esta é metade do trabalho do historiador, diz o também francês Fernand Braudel – “ver, fazer ver”, “se possível com os nossos próprios olhos” (cit. in Le Goff: 1984). Isto não basta. Em grego, “historien” significa “procurar saber”, “informar-se”. Para entender o sentido de um fato, esclarecer seu significado, procurar os liames que o encadeiam a outros acontecimentos e lhe dão sentido, é preciso situá-los dentro da cadeia de acontecimentos que o enredam e iluminam.
Uma história baseada apenas nos fatos, que renuncie ao esforço de compreender o processo no qual se situam e estão encadeados, não passaria de mera crônica exposta por um antiquário.
Para compreender e fundamentar uma visão da realidade social, a história precisa examinar o passado em busca dos traços que levaram à forma atual de organização da vida, e não à outra. Como Marx já havia chamado a atenção, a forma mais desenvolvida e mais complexa e variada é a chave para que sejam compreendidas as formas anteriores a partir das quais ela evoluiu. “A anatomia do homem é a chave da anatomia do macaco”, escreveu ele. No sentido de que “nas espécies animais inferiores só se podem compreender os signos denunciadores de uma forma superior quando essa forma superior já é conhecida” (Marx: 1973). Essa forma de ver se aplica, por analogia, à evolução da sociedade, cujo exame permite flagrar, no passado, os sinais que a levaram ao que é hoje. E também a ver, nas tendências atuais, a promessa de uma evolução futura num rumo progressista e avançado.
Esse exame em busca dos sinais deixados ao longo do tempo só é possível se a história for uma ciência. Ela “é a ciência do tempo”, ensina Le Goff. E, por isso mesmo, seu objeto se oculta na multiplicidade infinita dos acontecimentos que cercaram a vida humana em seu transcorrer (Le Goff: 1984). É preciso descobrir nesse emaranhado as linhas de desenvolvimento que conduziram ao presente, desvendar os processos objetivos que ocorreram no mundo real, fora da consciência humana (e igualmente de qualquer consciência transcendental, não importa o nome que se dê a ela: deus, absoluto, espírito do tempo, ser, natureza, estrutura, etc.).
O estudo da história articula um “corpo de fatos verificados”, diz o historiador inglês Edward H. Carr. Ele ressalta que os fatos nunca “chegam a nós ‘puros’, desde que eles não existem nem podem existir numa forma pura: eles são sempre retratados através da mente do registrador” (Carr: 1982).
Estes são dois traços da história como ciência. Se, de um lado, ela parte do exame dos fatos que marcaram o desenrolar da aventura humana, essa verificação é feita pelo estudioso que é, ele próprio, um ser humano que não existe isolado mas é parte de um conjunto maior (uma classe social, uma sociedade, uma religião etc.) e adere a sistemas de valores ou ideologias, tem crenças, interesses e preferências. Os “seres humanos não são apenas as mais complexas e variáveis entidades naturais, mas também têm de ser estudados por outros seres humanos, não por observadores independentes, de uma outra espécie. Aqui o homem não mais se contenta, como nas ciências biológicas, em estudar sua própria composição física e reações físicas” mas ocorre uma “interação entre o observador e o que é observado, entre o cientista social e seus dados, entre o historiador e seus fatos”, e esta “parece ser uma feição distinta da história e das outras ciência sociais”, envolvendo o homem como sujeito e objeto, investigador e coisa investigada, sendo assim incompatível “com qualquer teoria do conhecimento que acentue um divórcio rígido entre sujeito e objeto” (Carr: 1982).
Este é um aspecto da complexidade da história. Caso relacionasse apenas fatos “desprovidos de explicação, a história se reduziria a uma série de observações toscas, sem grande valor intelectual”, escreveu outro historiador notável, Marc Bloch (2001).
As leis da história não existem no vazio, ou apenas na cabeça do investigador. Elas têm existência objetiva e cabe ao historiador demonstrá-las com base “nos fatos e a partir dos fatos”, que precisam ser compreendidos e analisados em seu contexto, como escreveu Herbert Marcuse em seu estudo sobre Hegel. “Os fatos, por si, não dizem nada; eles só respondem a perguntas teóricas apropriadas. A objetividade verdadeiramente científica exige, em lugar de uma recepção passiva de fatos dados, a aplicação de categorias corretas, que organizem os dados em sua significação real” (Marcuse: 1969).
Fatos que, escreveu o marxista polonês Adam Schaff, não se reduzem a um mero acontecimento, isolado, fechado em si próprio, mas só adquirem significação quando inseridos numa rede ampla de relações (que é mais complexa do que uma série). Um fato histórico só pode ser compreendido como parte de um conglomerado de inúmeros outros, aos quais se articula e aos quais dá sentido, e dos quais, por sua vez, extrai seu próprio sentido (Schaff: 1983).
Isto é, os fatos, reais e concretos, só podem ser entendidos dentro da sequência que os ilumina e dá sentido a eles – os atuais e também aqueles do passado. E sua sequência só pode ser compreendida a partir do trabalho conceitual, cerebral, do pesquisador que os examina e pode perceber, pela análise, o encadeamento entre eles a partir de sua generalidade, da relação de causa e consequência, de sua articulação no tempo e no espaço.
Esse trabalho conceitual, cerebral, a partir da análise de fatos reais e sua articulação concreta, elabora os recortes plenos de significado que esclarecem o desenvolvimento e permitem compreender suas contradições.
Os homens querem compreender, escreveu Marc Bloch. Daí resulta que só são autênticas as ciências que estabelecem “ligações explicativas entre os fenômenos”. Isso se aplica à história, que atua “em benefício do homem na medida em que tem o próprio homem e seus atos como material”. A história “não é a relojoaria ou a marcenaria”, mas o esforço “para compreender melhor”; ela “lida com seres capazes, por natureza, de fins conscientemente perseguidos” (Bloch: 2001).
A argumentação que nega sentido à história e a recusa como ciência revela o apego dogmático a fatos isolados, “puros”, ao particular, ao singular, ao meramente individual.
Esta tendência aparece em muitos escritores – entre eles Braudel, que cita, em apoio a ela, a frase do historiador francês Paul Mantoux que, em 1908, escreveu que o domínio da história se localiza no “particular, [no] que não acontece senão uma vez” (in Braudel: 1992).
Esta forma de pensar desconhece a dialética da parte e do todo, por um lado, e do particular, do singular e do universal, por outro. Dialética que já aparecia, em sentido positivo, na obra de Leopold von Ranke (1795-1886), o historiador dos fatos e dos documentos, para quem era “de valor incalculável, sem dúvida, a visão de determinado momento, em sua realidade, em sua evolução específica: o específico encerra dentro de si o geral” (cit in Holanda: 1979).
Constatação que, mais tarde, foi reafirmada por Carr: “o historiador não está realmente interessado no singular, mas no que é geral dentro do singular” (Carr: 1982).
O instrumento fundamental para esta distinção entre o singular, o particular e o universal é o pensamento que distingue as particularidades dos objetos analisados e destaca seus traços comuns. Esta ferramenta é a abstração, precondição de toda ciência, e principalmente da história.
No prefácio à primeira edição de “O Capital” , Marx comparou os procedimentos da ciência social, da economia política (e, por extensão, da história), com os das demais ciências: “Na análise das formas econômicas não podem servir nem o microscópio nem reagentes químicos. A faculdade de abstrair deve substituir a ambos” (Marx: 1983).
Esta ideia foi reafirmada, décadas mais tarde, por Marc Bloch, que a generalizou ao criticar o positivismo apoiado no paradigma das ciências da natureza. “Mas, exclamarão alguns, as linhas que você estabelece entre os diversos modos da atividade humana estão apenas em seu espírito; não, estão na realidade, onde tudo se confunde. Você usa portanto de ‘abstração’. De acordo, por que temer as palavras? Nenhuma ciência seria capaz de prescindir da abstração. Tampouco, aliás, da imaginação. É significativo, seja dito de passagem, que os mesmos espíritos, que pretendem banir a primeira, manifestem geralmente um mal humor pela segunda, é, das duas partes, o mesmo positivismo mal compreendido” (Bloch: 2001).
Referências
Bloch Marc – A apologia da história, ou, O ofício do historiador. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2001
Braudel, Fernand. Escritos sobre a história. São Paulo, Perspectiva, 1992.
Braudel, Fernand. Reflexões sobre a história. São Paulo, Martins Fontes, 1992.
Carr Edward H. Carr. Que é história? Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1982
Goff, Jacques Le. “História”, verbete à Enciclopédia Einaudi, v. 1, Memória- História. Porto,Imprensa Nacional- Casa da Moeda, 1984.
Holanda, Sérgio Buarque de (org.). “O atual e o inatual em L. von Ranke”. In Leopold von Ranke: história. São Paulo, Ática, 1979
Le Goff, Jacques. Verbetes “História” e “Progresso/Reação”. In Enciclopédia Einaudi – vol. 1 – Memória-História. Porto, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1984
Marcuse, Herbert. Razão e Revolução – Hegel e o Advento da Teoria Social. Rio de Janeiro, Saga, 1969
Marx. Karl. O Capital, Livro I. São Paulo, Editora Abril Cultural, 1983
Ranke, Leopold von. Leopold von Ranke: história. Organizador da coletânea: Sérgio Buarque de Holanda. São Paulo, Ática, 1979.
Schaff, Adam. História e Verdade. São Paulo, Martins Fontes, 1983

Moro está de saída do governo Bolsonaro, revela Josias de Souza

O jornalista Josias de Souza, do UOL, garante que o ministro Sérgio Moro está demissionário do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Segundo o colunista do UOL, o ex-juiz da Lava Jato está sendo fritado em fogo alto a partir de uma união entre Bolsonaro, seus filhos e até um secretário de Segurança Pública do governo petista da Bahia.

“O ex-juiz da Lava Jato nunca esteve tão próximo da porta de saída do governo”, revela Josias, ao analisar um encontro de secretários estaduais de segurança pública havido sem a presença de Moro.

O encontro em tela é o Conselho Nacional de Secretários de Segurança que contou com a presença de Bolsonaro. Foi nesse contexto que o secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, desafeto de Moro e amigo dos filhos do presidente da República, articulou a recriação do Ministério da Segurança Pública e, consequentemente, a desvinculação da área do guarda-chuva do Ministério da Justiça.

Josias de Souza afirma que o desejo de Bolsonaro em desgastar Moro é tão intenso que ele deu de ombros para o fato de que o Consesp é presidido por Maurício Teles Barbosa, um personagem vinculado ao petismo. “Trata-se de outro delegado federal. Comanda a Secretaria de Segurança do governo petista da Bahia”, diz.

Pelas contas do colunista do UOL, Bolsonaro se reaproximou dos petistas para expulsar Sérgio Moro do governo. “Até bem pouco Bolsonaro tratava aliados de Lula na base do pontapé”, escreve.

Blog do Esmael já expôs na manhã de hoje que o objetivo de Bolsonaro não tirar Moro, mas sim desidratá-lo politicamente. Uma das formas seria retirar o status de superministro arrancando-lhe a Segurança Pública e, necessariamente, a Polícia Federal e outros aparelhos de repressão.

O nome mais cotado para assumir o Ministério da Segurança Pública é o ex-deputado Alberto Fraga (DEM), conhecido integrante da bancada da bala no Congresso Nacional –defensor das armas de fogo– e derrotado na disputa pelo governo do Distrito Federal.

Como se vê, caríssimo leitor, Bolsonaro e Moro travam uma guerra suja nos bastidores pela Presidência da República em 2022. Isto é uma prova inconteste de que anjo tem sexo e o Moro sempre teve partido –o próprio interesse.

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Matrículas da Rede Estadual de Educação para novos estudantes começa dia 31

 Imagens da E. E. Rosa Pignataro - Nova Cruz-RN - Fonte: Google

No próximo dia 31 de janeiro estará aberto o período para solicitação de matrículas dos novos alunos para o ano letivo de 2020 na rede estadual de ensino. As inscrições seguirão abertas até o dia 10 de fevereiro e devem ser realizadas por meio do Sistema Integrado de Gestão da Educação (SIGEduc), ou pelo aplicativo Matrícula Escolar RN.
Esta trata-se da última etapa do Calendário de Matrículas 2020, que foi divulgado pela Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC) em novembro do ano passado, e destina-se exclusivamente aos estudantes que ingressarão como novos alunos na rede estadual. “Para o ano letivo de 2020 ampliamos a oferta de vagas na rede estadual, chegando a cerca de 300 mil, para garantir vagas a todos que desejarem ingressar na rede estadual”, explica Getúlio Marques, secretário de estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer do RN.
Por Robson Pires, em

Site da Câmara dos Deputados ocultou mais de 2 mil faltas de deputados

Por Robson Pires, em

Mais de 2 mil ausências parlamentares em sessões plenárias ocorridas ao longo de 2019 ficaram “escondidas” no site da Câmara dos Deputados. Admitida pela Casa, que alegou “problemas técnicos”, a falha fez com que o total de faltas publicadas no perfil de cada deputado fosse 21% menor que o número real. De acordo com o regimento do Legislativo, ausências não justificadas podem levar a punições que vão de descontos no salário à perda do mandato.
O jornal O Estado de S. Paulo chegou a esse porcentual comparando as informações publicadas pela Câmara em áreas distintas de seu site. Uma das possibilidades é pesquisar a assiduidade no perfil do deputado, em que aparece o número de presenças, de ausências e de ausências justificadas. O outro caminho é no link que direciona para um relatório mais detalhado Nele, consta se o deputado esteve presente ou ausente em cada sessão. A lista também informa, se for o caso, a justificativa da ausência, como motivo de saúde.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

“Denúncia do MPF contra Glenn é mais um ataque à liberdade de imprensa”

Em nota oficial, Federação Nacional dos Jornalistas repudia decisão de denunciar o jornalista Glenn Greenwald pelos crimes de associação criminosa e interceptação telefônica.

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) vem a público repudiar a decisão do Ministério Público Federal (MPF) de denunciar o jornalista Glenn Greenwald pelos crimes de associação criminosa e interceptação telefônica.
Lamentavelmente, o MPF ignora a Constituição Brasileira, que assegura a liberdade de imprensa. Ignora também decisão de 2019 do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou que o jornalista não fosse investigado no âmbito da Operação Spoofing, da Polícia Federal, destinada a investigar invasões de celulares de autoridades.
A FENAJ reitera que o jornalista cumpriu seu dever profissional de divulgar informações de interesse público, ao noticiar, por meio do site The Intercept Brasil, diálogos do então juiz federal Sérgio Moro, atual ministro da Justiça, e procuradores do MPF que atuavam na força-tarefa denominada Lava Jato.
Mesmo sem ter sido investigado e, portanto, sem ter sido indiciado, o jornalista foi denunciado pelo procurador da República Wellington Divino de Oliveira, que atua na Procuradoria da República no Distrito Federal. Segundo o procurador, surgiram indícios contra Greenwald, a partir das apurações sobre os hackers que invadiram os celulares das autoridades.
A FENAJ alerta para o perigo das restrições à liberdade de imprensa, principalmente quando elas partem de autoridades constituídas. No caso do Ministério Público Federal, uma instituição criada para zelar pela legalidade e pelos interesses da sociedade, é incompreensível a decisão de denunciar um jornalista que nada mais fez do que exercer o seu ofício. A denúncia do MPF é, portanto, uma forma de intimidação ao jornalista e uma ameaça à atividade jornalística.
É preciso, mais uma vez, deixar claro que Glenn Greenwald e toda equipe do site The Intercept Brasil estão fazendo Jornalismo ao denunciar as irregularidades cometidas no âmbito da Lava Jato.
Ao jornalista não cabe o papel de recusar ou não divulgar informações de interesse público, porque obtidas de fontes anônimas e/ou sigilosas.
Igualmente, não é dever do jornalista atestar a legalidade da obtenção das informações e, sim, verificar a veracidade das informações, antes de divulgá-las à sociedade.

O interesse público e a busca da informação verdadeira são os motores da atividade jornalística e nenhum profissional pode ser denunciado como suspeito de ter cometido um crime, justamente por honrar o compromisso de sua profissão.
Brasília, 21 de janeiro de 2020.
Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ.

Guedes em Davos, uma economia à deriva

World Economic Forum/Walter Duerst

Guedes não tem o que apresentar em Davos a não ser VENDER PATRIMÔNIO NACIONAL, que não foi ele quem construiu.


por Andre Motta Araujo, GGN -
 
Todo o estrago que está sendo executado na área de relações internacionais, educação, cultura, previdência, saúde pública, meio ambiente, pelo governo reacionário é, e será MENOR, que o estrago que está sendo provocado na economia brasileira por uma turma de alucinados ideológicos aferrados a uma concepção de Estado absurda para qualquer Pais e muito mais ainda para um Pais emergente, que precisa de um Estado liderando a economia, que para funcionar de forma integrada precisa de coordenação entre políticas públicas e mercado privado, cada qual no seu papel.

O ESPAÇO DO MERCADO

O mercado tem um espaço DENTRO da economia onde ele opera com eficiência. MAS ISSO É APENAS UMA PARTE DA ECONOMIA. Uma parte maior e mais estratégica é a que o ESTADO PILOTA, como se faz na China, na Índia, na Rússia, na Indonésia, países emergentes como é o Brasil.
Mesmo nas grandes economias ricas, o Estado é um fundamental coordenador e impulsionador de política econômica, a começar pelos EUA.

O ESPAÇO DO ESTADO NA ECONOMIA AMERICANA

É um espaço enorme, decisivo, muito maior do que fazer crer os “neoliberais de Chicago”, que infestam o pensamento econômico brasileiro.

1.POLÍTICA ENERGÉTICA – O programa do ETANOL DE MILHO nos EUA é estatal do início ao fim, é resultante de um programa de governo que se inicia em 1992 pelo CLEAN AIR ACT, depois se consolida em 2005 pelo ENERGY POLICY ACT e em 2007 pelo ENERGY INDEPENDE AND SECURITY ACT.

Toda a política do ETANOL americano é POLÍTICA DE ESTADO e hoje os EUA são o maior produtor e exportador mundial de etanol. [aqui]

2.INVESTIMENTOS EM DEFESA – Dinheiro público é a base do crescimento, dos empregos, da pesquisa e dos lucros das indústrias aeroespacial, aeronáutica, eletrônica, naval, empreiteiras, parte da indústria de moradias (Veterans Administration) e parte da indústria química (combustíveis especiais), há também um setor paralelo de serviços à defesa, transportes, segurança das bases, alimentação no exterior, medicamentos e saúde, tudo depende desse orçamento.
O dispêndio anual gira em torno de $700 a 800 bilhões de dólares, 3% do PIB americano, 2 milhões de empregos diretos vem da indústria de defesa.

3.SUBSÍDIOS AGRÍCOLAS – Nem pensar no Brasil, nos EUA 800.000 agricultores de soja recebem US$20 bilhões de subsídios em dinheiro do Tesouro, mais há SEGURO RURAL para casos climáticos, COMPRA de safra para estoque do governo, CRÉDITO RURAL SUBSIDIADO (Commodity Credit Corp e Farm Credi Administration). Só subsídio ao ETANOL DE MILHO de 2000 até 2018 custou ao Tesouro US$ 185 bilhões, em nome de uma política de Estado.

4.BANCOS PÚBLICOS – Os neoliberais caboclos querem vender Banco do Brasil, Caixa e todos os bancos públicos. Nos EUA há uma enorme REDE DE BANCOS E AGÊNCIAS PÚBLICAS DE FINANCIAMENTO, para exportação o EXIMBANK, para o crédito rural a FARM CREDIT ADMINISTRATION e a COMMODITY CREDIT CORP., para pequenas e médias empresas a SMAL BUSINESS ADMINISTRATION, que já emprestou US1.3 trilhão às pequenas e médias empresas americanas, a MARITIME COMMISSION que, desde 1933, financia a construção de navios PARA MANTER ABERTOS OS ESTALEIROS AMERICANOS, as duas financiadoras/seguradoras de crédito imobiliário, FANNIE MAE e FREDDIE MAE, o banco de financiamento para exportação de material e serviços bélicos a DEFENSE SECURITY CREDIT AGENCY, a VETERANS ADMINISTRATION financia casas para militares. Os EUA criaram, capitalizaram e sediam os dois maiores bancos de fomento globais, o WORLD BANK e o INTERAMERICAN DEVELOPMENT BANK, este por inspiração do Presidente JK.

5.TRANSPORTES: Rodovias, aeroportos, portos, metrôs, ônibus coletivos nas cidades, TRENS DE PASSAGEIROS (Amtrak) deficitários mas mantidos porque 15% dos idosos do País não podem viajar de avião, É TUDO ESTATAL, dinheiro público, não tem “inversionista” privado da linha Paulo Guedes.

6.RESGATE DO MERCADO FINANCEIRO EM CRISES – Na crise de 2008 foi o Tesouro dos EUA, através do programa TARP, quem salvou 200 bancos e grandes empresas de seguros, como a AIG e de manufatura como a GENERAL MOTORS, com recursos de US$708 bilhões. Os ativistas neoliberais brasileiros OMITEM esse fato, fazem questão de desconhecer o papel decisivo do Estado em situações de crise nacional de colapso financeiro dos mercados, de alto desemprego, de fome generalizada, de inadimplência gigantesca de pessoas físicas e jurídicas, SITUAÇÕES DE ESTADO que o mercado não pode resolver nem que quisesse resolver. Os americanos reconhecem perfeitamente quando e onde o Estado é necessário, NÃO EXISTE NEOLIBERALISMO IDEOLÓGICO nos EUA, ao contrário do Brasil, eles são PRAGMÁTICOS, a economia funciona com uma COMBINAÇÃO DE ESTADO E MERCADO, não há qualquer hesitação quando é necessário o Estado agir, na crise de 2008 a ação do Tesouro foi autorizada pelo Presidente Obama em uma semana.

A EXTINÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NESSE GOVERNO

Na sua alucinação, que é resultado da introjeção de uma vulgata do credo neoliberal que nunca foi ensinado de forma tão primitiva, foi o mau aluno quem absorveu por insuficiência de entendimento das aulas de Friedmann, que não poderiam ser tomadas como religião, como se viu na crise de 2008.
Abaixo o obituário de Friedman e a sua revisão histórica. Friedman pode ser lido, mas não é guru de seita e não deve ser tomado por tal função.

Apresentar reformas e projetos de lei NÃO É UM PLANO ECONÔMICO DE CRESCIMENTO, como tem Índia, Rússia e China. Para estrangeiros são rearranjos burocráticos domésticos, ISSO NÃO É UM PLANO DE CRESCIMENTO. Seria como um empresário mostrar a investidores sua empresa dizendo: “Olha como minha empresa é boa, cortei minha folha em 30%”. Sim, MAS E DAI? Onde as reformas levam o Brasil? Qual é o PLANO DE CRESCIMENTO depois das reformas? Qual é o PROJETO DE PAÍS para a indústria, a tecnologia, a educação? A ECONOMIA NÃO FUNCIONA NO VÁCUO, qual é o País onde ela está?

GUEDES EM DAVOS PARA VENDER O BRASIL

Guedes não tem o que apresentar em Davos a não ser VENDER PATRIMÔNIO NACIONAL, que não foi ele quem construiu. O certo seria vender parceria em um PLANO DE DESENVOLVIMENTO, com PROJETOS CONCRETOS, coisa de US$1 trilhão em 4 anos, como o Presidente Juscelino fez quando iniciou seu governo em 1956. Foi à Alemanha e trouxe a nata das empresas alemãs para o Brasil para seu plano 50 ANOS EM 5, que ele realizou através de 31 BLOCOS DE PROJETOS, cada um coordenado por um Grupo de Trabalho, tudo muito organizado com metas e roteiros de execução.

O símbolo ruim de Guedes em Davos: ele convidou empreiteiras estrangeiras para vir ao Brasil. ELE DEVIA PROMOVER EMPREITEIRAS BRASILEIRAS NO EXTERIOR, para obras em outros países, esse é o papel de VENDER O BRASIL, vender a capacidade técnica e empresarial do Brasil para executar projetos em outros mercados, capacidade que o Brasil tem de sobra em construção de USINAS HIDROELÉTRICAS, PONTES, AEROPORTOS E RODOVIAS.

Invés disso foi lá vender aquilo que construímos em 200 anos de Nação, construído por outros e não pelos neoliberais. Triste economia à deriva.

AMA