segunda-feira, 31 de agosto de 2020

A Folha do 'Jair Rousseff', da 'ditabranda', dos carros a serviço da ditadura, em coluna de Janio de Freitas

 

Janio de Freitas comenta a Folha na própria Folha. Ele a conhece bem, pois pertenceu a seu Conselho Editorial até o ano passado.

A Folha no Erramos; editorial 'Jair Rousseff' trouxe de volta o tratamento de 'ditabranda'.

O jornalismo das últimas décadas, entre nós, vem fechando olhos e ouvidos para o leitor, cada vez mais. Com a consequência automática de tiragens em permanente queda livre e apelo ilusório à soma das versões impressas e digital, para socorrer os slogans. Na própria soma, está uma prova do descaso, que lhe deu o preguiçoso nome de audiência, referente a nada mais do que audição, captação de sons.
Da parte dos leitores, os equívocos vêm, em grande parte, de insatisfações e indignações que se retroalimentam porque, aqui, o jornalismo não se ocupa da imprensa como notícia normal. Um caso exemplar se tornou, na Folha, tabu que assumo a responsabilidade de romper, como outros que este jornal no passado me permitiu desrespeitar.
Trata-se do empréstimo, não sei se apenas episódico, de veículos da Folha à repressão na ditadura. Desde a redemocratização, essa colaboração substantiva e indigna é uma tinta pegajosa e indelével lançada contra a Folha, com justos motivos. Como sentença moral restaurada a cada atitude reprovável por determinados segmentos leitores.
À Folha não falta soberba, mas não vem daí a falta de explicação satisfatória para o erro. A impessoalidade do jornal e o seu silêncio levaram o ônus aos dois controladores da empresa, Octavio Frias e Carlos Caldeira Filho.
O primeiro, incumbindo-se sobretudo da atividade editorial; o outro, voltado mais para setores administrativos. A Caldeira credita-se a criação e comando de um modelar serviço de transporte e entrega de jornais, incomparável na imprensa brasileira da época, pela modernidade e dimensão da frota. Da qual saíram os veículos para o serviço sórdido.
Nunca ouvi que alguma vez Caldeira tenha clareado o ocorrido. Frias, muito menos. Mais onerado do que o sócio, dada a maior notoriedade da condução editorial, em 1993 a morte de Caldeira tornou Frias o alvo único. Um equívoco, além de intocado, ampliado. Não tem por que permanecer.
Da ditadura ainda tão presente ao presente ameaçado de sua volta: o editorial “Jair Rousseff”, no sábado (22), trouxe de volta a muitos leitores o tratamento de “ditabranda” certa vez aplicado, também em editorial, aos anos de tortura e assassinato nos quartéis.
Deste erro afrontoso adveio outro equívoco traumatizante nas relações entre o jornal e imensa parte da então centenas de milhares de leitores. Difundiu-se que Otavio Frias Filho, já diretor de Redação, foi o autor do editorial. Ou, em versão mais arriscada, quem determinou o uso do termo.
O que houve não era novidade, um editorialista revestindo com a autoridade do jornal o que, pode-se presumir por outros motivos, era ou é um conceito seu. Do jornal que publicara, e continuou publicando, tantas revelações de crimes de militares e da ditadura em geral, é que tal conceito não era.
A exemplo de Octavio pai, Otavio Filho guardou silêncio a respeito do editorial. Não há dúvida de que a imputação incabível o feriu. E acirrou indisposições suas com algumas figuras públicas e com posições à esquerda. Equívoco contra equívoco. Injustiça contra injustiça.
Para o bem e para o mal, com segurança do ato ou não, é incomum jornalistas ultrapassarem as reais ou presumidas opiniões e posições desejadas para o jornal, a TV e o rádio pelas respectivas cúpulas. Mas há transgressões e transgressões.
Sou, por exemplo, uma prova (ainda) viva, entre muitas, de que censura é inconciliável com os cânones da Folha. Já foi observado por inúmeros leitores, no entanto, que determinados comentaristas não são chamados à Primeira Página, ou o são rarissimamente. Embora possam ter frequente presença entre os mais lidos, no jornal e na internet.
Entre estes autores, em comum, a crítica ao conservadorismo, ao neoliberalismo, às fraquezas morais e à política no Judiciário e no Ministério Público, matéria-prima dos admirados comentários de Conrado Hübner Mendes e Celso Rocha de Barros. 
A discriminação é censura. É, no caso, autoritarismo clandestino, porque imposto onde é repudiado por princípio. Perde o jornal.
A procedência do editorial “Jair Rousseff” pode ter sido, também, o abuso de função. Como pode ter sido um aprofundamento, no pior rumo, da queda de asa para a direita introduzida ainda por Otavio Frias Filho. Se a Folha não esclarecer, o tempo, e não muito, o fará. Seja como for, não é, não pode ser próprio de um jornal, e deste nem como hipótese, o presente de maquiar a miséria humana de Bolsonaro juntando-lhe o nome ao de uma vida de dignidade que ninguém pôde atingir —Dilma Rousseff.
Por isso, peço licença a Cristina Serra para subscrever o bravo e brilhante artigo em que situa Dilma, Bolsonaro e o editorial nos termos justos e merecidos. Estendo o pedido a Conrado Hübner Mendes e a Nelson Barbosa, que apontou as imprecisões do editorial para servir ao seu título. Assim como o editorial será, são artigos para a história. Aos quais se junta a excelente carta da própria Dilma Rousseff à Folha. 
Mas não se pode ignorar —nem entender, creio— o que se passa para que seja o mesmo jornal no erro ignominioso daquele título e na ética impecável da publicação, em suas íntegras, dos artigos de reprovação enérgica e sem concessão.

Fonte:  https://www.blogdomello.org

Censura a Nassif, a pedido do BTG, desrespeita o STF - Por Nogueira Jr.

"Independentemente do conteúdo do material divulgado por Nassif, a ordem do juiz Ferreira Chaves é inconstitucional", diz o jornalista Marcelo Auler após o Judiciário do Rio determinar a retirada de matérias do jornal GGN sobre o BTG Pactual. "A Constituição de 1988 não permite qualquer espécie de censura, em nome principalmente do direito de o cidadão ser informado" 

Via Brasil 247 -

 Por Marcelo Auler, em seu blog

O BTG interessado em bancos de dados

Como mostrou Nassif, ao arrematar em uma licitação que foi colocada sob suspeita pelo Ministério Público Estadual, o controle do Zona Azul, o Pactual terá acesso a uma clientela potencial de 3 milhões de usuários absolutamente fiéis. O jornalista vai além e mostra que com este banco de dados será possível saber “as regiões frequentados pelos veículos, as lojas no entorno.  Essa base de dados tem um valor potencial imensamente superior ao do próprio contrato da Zona Azul”.

O próprio Nassif explica o que está por trás desta licitação do Zona Azul em São Paulo, na postagem que comenta a censura às dez matérias – Censura a 11 matérias visa impedir a divulgação do negócio com big datas públicos:

“A Prefeitura montou uma licitação para os bilhetes eletrônicos da Zona Azul. Monta-se uma licitação estimando o fluxo de receita futura para definir o valor mínimo da outorga. A licitação – claramente dirigida ao BTG Pactual – estimou apenas as receitas com a venda de bilhetes. Deixou de lado as chamadas receitas acessórias. Entre elas, a possibilidade de o vencedor trabalhar com 3,5 milhões de cartões de crédito fidelizados, já que única operadora do Zona Azul”.

Independentemente do conteúdo do material divulgado por Nassif, a ordem do juiz Ferreira Chaves é inconstitucional. Tal e qual já pacificaram diversos julgados do STF. Estas decisões mostram que a Constituição de 1988 não permite qualquer espécie de censura, em nome principalmente do direito de o cidadão ser informado.

Os ministros da corte têm repelido qualquer forma de censura, em especial as judiciais, como a determinada pelo juiz da 32ª Vara Cível do Rio. Em um dos seus minuciosos votos sobre a questão, o decano da corte, ministro Celso de Mello, em 29/04/2019, na Reclamação 31117 MC-AGR / PR, foi claro:

“Preocupa-me, por isso mesmo, o fato de que o exercício, por alguns juízes e Tribunais, do poder geral de cautela tenha se transformado em inadmissível instrumento de censura estatal, com grave comprometimento da liberdade de expressão, nesta compreendida a liberdade de imprensa e de informação. Ou, em uma palavra, como anteriormente já acentuei: o poder geral de cautela tende, hoje, perigosamente, a traduzir o novo nome da censura!”.

Na mesma decisão o decano da corte relacionou as inúmeras manifestações de outros ministros da casa no mesmo diapasão, ou seja, da inconstitucionalidade da censura, ainda que decretada por juízes como Ferreira Chaves. Extrai-se da sentença de Celso de Mello:

“Convém registrar, por necessário, o fato de que, em situações idênticas à que ora se examina, eminentes Ministros do Supremo Tribunal Federal, fazendo prevalecer a eficácia vinculante derivada do julgamento da ADPF 130/DF, sustaram provimentos judiciais que, impregnados de natureza claramente censória, haviam ordenado a interdição de textos jornalísticos publicados em órgãos de imprensa ou determinado “a retirada de matéria e de imagem” divulgadas em “sites” e em portais noticiosos ou, ainda, condenado jornalistas ao pagamento de elevados valores a título de indenização civil (Rcl 11.292-MC/SP, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – Rcl 16.434/ES, Rel. Min. ROSA WEBER – Rcl 18.186-MC/RJ, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, decisão proferida pelo Ministro RICARDO LEWANDOWSKI no exercício da Presidência – Rcl 18.290-MC/RJ, Rel. Min. LUIZ FUX – Rcl 18.566-MC/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO – Rcl 18.638-MC/CE, Rel. Min. ROBERTO BARROSO – Rcl 18.735-MC/DF, Rel. Min. GILMAR MENDES – Rcl 18.746-MC/RJ, Rel. Min. GILMAR MENDES, v.g.), precisamente na linha do que foi decidido pela colenda Segunda Turma desta Corte Suprema, em recentíssimo julgado – proferido em 23/04/2019”

A liberdade de imprensa, no entendimento do Supremo, é ampla, inclusive quando opinativa, crítica. Em voto proferido em 30 de junho de 2014, na Reclamação 16434/ES, na qual a revista eletrônica capixaba Século Diário
protestava pela censura que lhe foi imposta, a ministra Rosa Weber afastou, inclusive, a tese de que o jornalismo tem que ser imparcial:

“Ora, o núcleo essencial e irredutível do direito fundamental à liberdade de expressão do pensamento compreende não apenas os direitos de informar e ser informado, mas também os direitos de ter e emitir opiniões e de fazer críticas. O confinamento da atividade da imprensa à mera divulgação de informações equivale a verdadeira “capitis diminutio” em relação ao papel social que se espera seja por ela desempenhado em uma sociedade democrática e livre – papel que a Constituição reconhece e protege (…)

Matéria Completa, ::AQUI::

Fonte: http://nogueirajr.blogspot.com

Mourão nega bloqueio de combate a desmatamento e diz que Salles se precipitou

Foto: Romério Cunha/VPR

Questionado sobre o bloqueio de cerca de R$ 60 milhões destinados ao Ibama e ICMBio, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, se precipitou nas informações. Segundo Mourão, não houve contingenciamento, mas remanejamento de recursos dado que o governo busca uma fonte de financiamento para o auxílio emergencial e o Renda Brasil, programa que substituirá o Bolsa Família.
 
“O governo está buscando recurso para poder pagar o auxílio emergencial. É isso que eu estou chegando à conclusão. Então tá tirando recursos de todos ministérios. Cada ministério oferece aquilo que pode oferecer”, disse o vice, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal. “Não vai ser bloqueado os 60 milhões [de reais] aí entre Ibama e ICMBio, que são exatamente do combate do desmatamento e da queimada ligados à área do ministério.”
 
O Ministério do Meio Ambiente informou que a partir da 0h da próxima segunda-feira (31) serão suspensas todas as operações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia Legal, bem como todas as operações de combate às queimadas no Pantanal e demais regiões do país.
 
Segundo a pasta, a suspensão ocorrerá em razão do bloqueio financeiro da ordem de R$ 20,9 milhões no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e R$ 39,7 no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), totalizando R$ 60,7 milhões.
 
Ao comentar citação do chefe da assessoria especial do ministro da Economia, Esteves Colnago, Mourão disse que Salles “criou caso” de forma desnecessária. “Vamos esperar que agora ele reflita e chegue à conclusão que não foi a melhor linha de ação a que ele tomou e criou um caso aí que não era para ser criado.” Mourão afirmou, ainda, que conversou com Sales por telefone. “Ele tem que entender que não agiu da melhor forma.”
 
Sobre permanência do ministro Ricardo Salles no governo, Mourão disse que a decisão não compete a ele e evitou comentar. “O ministro Ricardo Salles é escolhido do presidente Bolsonaro. Então isso não compete a mim.”
 
O vice pontuou que a principal fonte de recursos da Operação Verde Brasil provém do Ministério da Defesa. “Esse recurso ele é para que os agentes do Ibama e do ICMBio estejam em campo, paga os brigadistas ali na questão de combate à queimada e esse recurso não vai ser retirado.”
 
“Continua a operação, não está parada”, disse. Segundo ele, o recurso está bloqueado temporariamente. Ele negou que haja paralisação das atividades. “Não tem nada parado. Segue o baile conforme o planejado”, completou.
 
Depois da fala do vice-presidente, o Ministério do Meio Ambiente atualizou a nota afirmando que houve o desbloqueio financeiro dos recursos: “O Ministério do Meio Ambiente informa que na tarde de hoje houve o desbloqueio financeiro dos recursos do IBAMA e ICMBIO e que, portanto, as operações de combate ao desmatamento ilegal e às queimadas prosseguirão normalmente”.
 

Fonte: Flávia Said / Congresso em Foco

Com Potiguar Notícias

sábado, 29 de agosto de 2020

Kakay detona Deltan: “Deltan é uma piada, ele não tem respeito nem no grupo dele”

O advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, fez a mais dura crítica dirigida a Deltan Dallagnol. Ele diz: “o Deltan pediu 41 vezes que fosse adiado o julgamento dele, sabe o que é isso? O Deltan é tão ridículo que não se sustenta nem dentro do grupo dele mesmo. Ele é uma piada. O Deltan hoje é uma piada, ele não tem respeito nem no meio dele, nem no meio jurídico e nem nos tribunais. O Deltan virou uma piada, eu tenho pena dele"

Advogado criminalista diz que Deltan Dallagnol, da Lava Jato, age politicamente ao criticar a decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, que suspendeu a transferência de Sergio Cabral para o Mato Grosso do Sul; "Este procurador não atua nos autos da decisão que critica, mas está sempre a correr atrás dos holofotes que a Lava Jato lhe proporciona", afirma Kakay; paria ele, "o xadrez político vai se desenhando" (Foto: Gisele Federicce)

247 - O criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, criticou o procurador Deltan Dallagnol pela postura covarde adotada pelo líder da Lava Jato. Kakay descreve Deltan como uma piada, que não goza mais do respeito de praticamente nenhum de seus pares. 

Para o advogado criminalista, Deltan Dallagnol e os outros procuradores da operação deveriam ser investigados não apenas no CNMP, mas criminalmente.

Kakay diz: “nós estamos tratando de um grupo, coordenado por um juiz, que tinha um projeto político e instrumentalizou o Ministério Público e instrumentalizou o Poder Judiciário. Essa instrumentalização, com o apoio da grande mídia, fez com que esse grupo tivesse um poder em um determinado momento excepcional.”

O advogado então faz a declaração mais forte com relação a Deltan até aqui: “o Deltan pediu 41 vezes que fosse adiado o julgamento dele, sabe o que é isso? O Deltan é tão ridículo que não se sustenta nem dentro do grupo dele mesmo. Ele é uma piada. O Deltan hoje é uma piada, ele não tem respeito nem no meio dele, nem no meio jurídico e nem nos tribunais. O Deltan virou uma piada, eu tenho pena dele.”

A reportagem do site Congresso em Foco ainda destaca que “o advogado foi ouvido pelo Congresso em Foco após veiculação de entrevista exclusiva concedida pelo ex-procurador da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima. Na ocasião, ele afirmou que o grupo está sendo perseguido porque incomodou o sistema político.”

Sobre este ponto, Kakay rebateu: “o procurador hoje é um ex-procurador que está no grupo dos investigados. Claro que existe uma investigação séria contra os excessos do grupo dele da Lava Jato. É claro que alguns deles agora fazem essas defesas pontuais. Para mim é tudo tão absurdo tudo aquilo que ele fala, que para mim eu tenho uma visão muito clara: o excesso desse grupo foi desmantelando o próprio grupo", diz Kakay.”

Por que afastamento do cargo vale para Witzel e não para os Bolsonaro?

 

Um ministro do STJ decidiu sozinho, monocraticamente como se diz, pelo afastamento do governador eleito, frise-se, do Rio, Wilson Witzel.

Witzel até o momento é só acusado, não foi julgado nem declarado culpado ou teve seu impeachment aprovado pela Assembleia do Rio.

Como um juiz sozinho tem o poder de passar por cima disso tudo e afastá-lo é algo totalmente absurdo. 

Pelo que foi divulgado até o momento, a acusação contra Witzel se baseia numa série de pagamentos mensais ao escritório de advocacia de sua mulher.

Os valores pagos por quatro empresas somavam em torno de R$ 60 mil. Um rachuncho de R$ 15 mil para cada uma por mês, o que não me parece fora do padrão para escritórios de advocacia.

Mas, por que o que vale para Witzel não vale para os Bolsonaro?

Jair e Flávio estão enrolados até o pescoço com a corrupção gerenciada por Queiroz, chamada de rachadinha.

Como a mulher de Witzel, as de Jair e Flávio receberam dinheiro do esquema. A de Witzel tem ao menos a desculpa de que o dinheiro era por seus serviços de advocacia.

E as mulheres de Flávio e Jair?

Aliás, presidente Bolsonaro, por que sua mulher Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?

Por que o afastamento não vale para os Bolsonaro como valeu para Witzel?

Fonte: https://www.blogdomello.org/2020/08/se-afastamento-do-cargo-vale-para-witzel.html

E o turismo vem retornando - Por EVANDRO BORGES

Dr. EVANDRO BORGES - Advogado
A dimensão do turismo no Rio Grande é o setor que mais distribui renda no Estado, com sua numerosa  “cadeia produtiva”, da hotelaria, pousadas e flats, agências de viagem, passeios de lazer, artesanato, empregabilidade formal, culinária com restaurantes de comidas típicas e tradicionais, ao longo dos anos se deu uma construção de muitas mãos e um esforço geral, dos setores: privado e público.
 
Natal e a Região Metropolitana, incluindo a praia de Pipa e os Municípios de Touros e Gostoso contam com o maior número de leitos, o maior do Nordeste, serviu de decisão para escolha de uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, podendo receber grandes eventos, contando com uma vastidão de praias que continuam sendo o grande atrativo com suas belezas naturais, algumas quase intocáveis das ações humanas.
 
A praia de Pipa consiste em um diferencial pela sua babel, pluralidade, falésias espetaculares, restaurantes e bares de todos os gostos, pelos eventos culturais e de lazer. Genipabú, Pirangi com o maior cajueiro de mundo, Maracajaú com os parrachos, Muriú e Jacumã, Touros e Gostoso, todas as praias de fácil acesso, ligados através das BRs e rodovias estaduais e Nísia Floresta com as inigualáveis lagoas de águas cristalinas.
 
Natal, os Municípios circunvizinhos e o Estado, mesmo com todas as divergências de uma sociedade plural, democrática e com alternância de poder, precisam planejar conjuntamente, de forma estratégica o turismo receptivo, efetuando um Plano duradouro, que não seja de um governo, mas, assumido de forma institucional, construído de modo participativo, envolvendo os setores privado e o público.
 
Algumas questões precisam ser resolvidas, desde o Aeroporto como um modal da maior importância para atração do turismo internacional, como as questões de mobilidade, sanitárias e saúde pública e principalmente de segurança, para dar aos turistas que aqui aportam e investem os seus recursos, um porto seguro para desfrutar do lazer, da culinária e de todas as atrações, com qualidade de vida.
 
O empreendedorismo do setor, gerador de empregos e postos de trabalho de forma permanente, que conta com cursos universitários de turismo, faz-se necessário ir mais longe à capacitação do mundo do trabalho, com guias, buggueiros, garçons, artesãos bilíngues e que conheçam as nossas atrações, a cultura e a História, consiste assim em um desafio constante. 
 
Natal há muito o que fazer para melhorar a qualidade de vida da população, e o turismo segmento que se investiu profundamente  em meio século, precisa dar bons resultados, principalmente para a população local, dependendo muito dos gestores, que serão renovados agora no pleito municipal, e que sejam escolhidos os capazes para o diálogo e entendimento institucional.
 
O turismo está voltando, a sua força e importância para Natal e Região Metropolitana não se questiona e que venha, sendo observados os protocolos dos organismos de saúde, para a segurança dos turistas e da população local, pois, precisamos de vida, de dignidade humana, e de uma economia dinâmica capaz de distribuir renda, diminuindo as diferenças sociais.

Fonte: Potiguar Notícias

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Fachin acata pedido de Lula e manda CNMP julgar “PowerPoint” de Dallagnol

A contestação dos advogados de Lula junto ao STF foi feita na semana passada, após o CNMP adiar pela 41ª vez a ação do ex-presidente - a mais antiga no conselho. Caso irá a julgamento nesta terça.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu um pedido da defesa do ex-presidente Lula e determinou que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) julgue nesta terça-feira (25) a representação contra o procurador Deltan Dallagnol por apresentação em PowerPoint feita em 2016, quando a Lava Jato denunciou o petista no processo do tríplex.

A contestação dos advogados de Lula junto ao STF foi feita na semana passada, após o CNMP adiar pela 42ª vez a ação do ex-presidente – a mais antiga no conselho.

Com o adiamento da última semana, o órgão tem mais duas sessões para julgar o caso, que prescreve em setembro. No começo de julho, por conta dos atrasos, a representação prescreveu para o caso de punições leves.

Por determinação do Supremo, a partir das 9h desta terça o julgamento de Deltan pode ser chamado. Nos julgamentos no CNMP, o relator do caso lê o relatório e seu voto e, depois, é feita a sustentação oral do advogado que entrou com a ação. Neste processo, Cristiano Zanin Martins, que representa Lula, fará a sustentação que tem duração de 10 minutos.

O coordenador da Lava Jato de Curitiba chegou a reconhecer que poderia ter feito de outra maneira o PowerPoint produzido contra o ex-presidente. “Olhando com o privilégio de visão retrospectiva, acredito que a gente poderia, sim, ter apresentado esse PowerPoint de modo diferente, poderia ter feito a apresentação dessa denúncia de forma diferente, de modo a evitar críticas”, disse.

Fonte: Revista Fórum

Queimado por Bolsonaro, Guedes agora quer escalonar Renda Brasil com valor a partir de 220 reais

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Depois de ter sido criticado publicamente por Jair Bolsonaro e de ver seu projeto de acabar o abono salarial detonado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, elabora novo plano para o programa Renda Brasil, propondo escalonar valor a partir de R$ 220.

247 - O ministro da Economia, Paulo Guedes, que se aferra ao cargo apesar da fritura por parte de Jair Bolsonaro, que nesta quarta-feira desqualificou seu plano de acabar o abono salarial, disse que  está elaborando nova proposta para o programa  Renda Brasil. 

O modelo que está em preparação pela equipe do Ministério da Economia, prevê um novo benefício começaria a ser pago no ano que vem, podendo variar entre R$ 220 e R$ 230. O valor é inferior ao de R$ 300 anunciado por Bolsonaro. 

O governo está dividido sobre os programas que seriam extintos para custear o Renda Brasil, o que dependerá de projetos futuros a serem aprovados em conjunto com o Congresso Nacional, informa reportagem dos jornalistas Bernardo Caram, Daniel Carvalho e Fábio Pupo na Folha de S.Paulo.

A crítica pública de Bolsonaro a Guedes foi vista no Planalto como uma tentativa de transferir ao ministro o desgaste de uma inevitável redução do auxílio aos mais pobres.

Insatisfeito, Guedes disse nos bastidores que Bolsonaro quer construir uma imagem de "bonzinho", atribuindo a ele o papel de "vilão", pelas maldades que a política de arrocho fiscal impõe  

A quarta-feira foi cheia de especulações sobre a saída de Guedes do ministério, que ainda não se consumou. O Ministério da Economia publicou um comunicado para desmentir a demissão do ministro. O vice-presidente, general Hamilton Mourão, que se referiu à "resiliência necessária" de Guedes. Segundo Mourão, o titular da Economia "está firme". ​

Especula-se o nome do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto como eventual substituto de Guedes. 

Fonte: Brasil 247

domingo, 23 de agosto de 2020

A NOVA PALHAÇADA SINISTRA DO BOZO É CELEBRAR O GENOCÍDIO QUE PERPETROU - Por Ricardo Kotscho

 

Por ricardo kotscho

NO BRASIL DAS MIL MORTES POR DIA, GOVERNO COMEMORA VITÓRIA

Atenção, essa não é uma fake news, nem intriga dos antifascistas: o presidente Jair Bolsonaro participa nesta 2ª feira (24) do evento Encontro Brasil vencendo a Covid-19, que será realizado no Palácio do Planalto. 

Dá para acreditar que no país onde continuamos perdendo mil vidas por dia, em que a tragédia da pandemia está longe de acabar, as escolas continuam fechadas e famílias ainda choram seus mortos, o governo tenha a coragem de comemorar vitória? Contra quem? 

Nem a Alemanha e a Nova Zelândia, países onde o vírus foi controlado, graças à ação competente de seus governos, tiveram coragem de fazer festa, e continuam tomando todos os cuidados para evitar a volta da doença. 

A cerimônia macabra no Planalto está marcada para as 11 horas da manhã e será aberta à imprensa, com transmissão ao vivo pela TV Brasil, a emissora oficial do governo. 

O general da Saúde, interino há mais de três meses, não deverá participar porque já tinha outro compromisso, mas o capitão estará lá para colher as glórias de ter conduzido o país à maior crise sanitária da sua história, com 113.482 mortes e mais de 3.5 milhões de infectados, superado apenas pelos Estados Unidos, de Donald Trump.

Será que o fracasso subiu à cabeça do presidente, que deixou de governar para fazer campanha pela reeleição, inebriado com a popularidade dos R$ 600 e embalado pelo Centrão velho de guerra, que finalmente chegou ao poder e vai abrilhantar a festa? 

Ainda não está confirmada a presença do presidente da Embratur, o sanfoneiro oficial do bolsonarismo triunfante. 

Para completar as comemorações, no dia seguinte será a vez de Paulo Guedes anunciar novas bondades e planos miraculosos para criar empregos e tirar a economia do buraco, sem explicar de onde vai tirar o dinheirinho reclamado por Flávio Bolsonaro, o 01, que é um especialista no assunto em sua fantástica loja de chocolates. 

Vai sobrar pra nós. Vem mais imposto por aí 

Vida que segue. (por Ricardo Kotscho)

Fonte: (https://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2020/08/a-nova-palhacada-sinistra-do-bozo-e.html).

naufragodautopia.blogspot.com

O Diabo na Terra do Sol potiguar

Professor Wellington Duarte - UFRN

Se o Diabo tivesse descido no aeroporto de Mossoró com a faixa presidencial, certamente teríamos visto as mesmas lideranças políticas que ontem estavam bajulando o presidente que fez o que se espera dele: provocou aglomeração, mentiu e chafurdou.

Não se trata, entretanto, de uma característica da segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, que carrega a maldição de ter uma família mandando e desmandando desde Dix-Sept Rosado foi eleito prefeito em 31 de março de 1948, portanto há 72 anos. A arte de bajular é própria das elites norte riograndense e tem um alvo: o poder.

O Rio Grande do Norte, desde que o senhor Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, foi nomeado para ser o chefe de governo provisório, depois do golpe que proclamou a república, em 15 de novembro de 1889, e que “governou” por apenas 19 dias, tem sido um espaço geográfico em que a política se define por quem está no poder e como quem está no poder serve a quem.
 
Pedro Velho seria eleito governador, em 28 de fevereiro de 1892, depois de 4 anos de chafurdo político, e instalou o que até hoje é uma característica da nossa política: o poder oligárquico. Sua família governou o estado, direta ou indiretamente, por 22 anos. E nesse período a costura do sistema que hoje infecta a sociedade potiguar foi sendo montado, com o anteparo do estado, que se tornou propriedade das elites e seus bajuladores. Ergueu-se um sistema quase perfeito, em que o governador, ao nomear os prefeitos (chamados intendentes), distribuiria benesses econômicas e foi isso que permitiu que o “reinado” do poderoso coronel do Seridó, José Bernardo de Medeiros, chamado de “bispo do Seridó” construísse “sua” pequena elite.
 
Marcado por traições, como a de Joaquim Ferreira Chaves, que se bandeou para o lado da elite do Seridó e permitiu a instalação de uma oligarquia que se apoderou do Estado e o governou, de forma mais forte ou mais fraca, até a década de 70 e com as mesmas características, bastando ver o comportamento política de uma das maiores lideranças do RN, Aluízio Alves, um verdadeiro camaleão político, que reinventou o sistema político e que, por isso, tudo que for de canalhice política é permissível na política do RN.

Bolsonaro foi bajulado por estas lideranças, e isso é um ritual tradicional. Fábio Faria, o bonitão das candongas, é uma das expressões desse “político tradicional”, que bajula quem alimenta o seu poder local. Ele teceu loas a Lula, abraçou Dilma, defendeu Temer e agora puxa o saco de Bolsonaro. Já os Rosado bajulam Bolsonaro menos por ideologia e mais por acesso a recursos que sirvam para a manutenção do seu poder político. 
 
O bajulador de ocasião e o bajulador por necessidade política se juntam e formam um caldo pútrido que enganam, dissimulam e se apoderam do espaço público como sendo seu. Basta ver a posição de Carlos Eduardo Alves que durante anos foi considerado progressista, agora apoia Bolsonaro; a fúria de um Rogério Marinho, que tinha o afago de Wilma de Faria e ao ser preterido à prefeitura de Natal, transformou-se nesse monstrengo reacionário; o prefeito Álvaro Dias, um “coronelete” de Caicó, alçado à prefeitura de Natal, que agora cópia, de forma mais branda, o bolsonarismo.
 
Portanto, não devemos nos assombrar com os acontecimentos de Mossoró, e sim compreender a essência do que aconteceu e, dessa forma, buscar mudar isso.
Tersus sursum putredine! (limpem a podridão!).

Fonte: Potiguar Notícias 

A origem da expressão “sorriso amarelo”, por Dirce Waltrick do Amarante

Reza a lenda que no ano de 2020 o Brasil era governado pelo filho de um garimpeiro e que este, embora nunca tenha tido êxito na profissão, mereceu inúmeras homenagens do presidente. Hospitais, pontes, autoescolas (escolas mesmo ele não construía) levavam o nome do progenitor. Mas era pouco...

Por Dirce Waltrick do Amarante*

Reza a lenda que no ano de 2020 o Brasil era governado pelo filho de um garimpeiro e que este, embora nunca tenha tido êxito na profissão, mereceu inúmeras homenagens do presidente. Hospitais, pontes, autoescolas (escolas mesmo ele não construía) levavam o nome do progenitor. Mas era pouco. Num rompante de ousadia, o filho decidiu transformar a Amazônia num imenso garimpo que levou o nome do seu pai.

Depois disso, o governante parecia satisfeito.

Numa noite, contudo, tomou outra decisão de rompante: trocaria todos os seus dentes naturais por dentes de ouro. E assim o fez. Essa é a origem da expressão “sorriso amarelo”, que hoje está na boca de todos os brasileiros.

*Professora

Fonte: Jornalista Livres

Gestão Trump isolou os EUA inclusive na ONU

Enquanto isso, convenção dos democratas fez reverência aos republicanos, sem dar voz ao maior movimento que ao crescimento de candidaturas progressistas.

O caminho do isolamento é um beco sem saída (lá e cá). Me explico: foram treze rejeições imediatas em quinze consultas na ONU. Os Estados Unidos tentaram, essa semana, arrancar do conselho de segurança das Nações Unidas o compromisso de ampliar as sanções econômicas ao Irã alegando que o país desrespeitou o acordo nuclear de 2015. A cobrança veio por carta, assinada pelo Secretário de Estado Mike Pompeo. E as respostas também foram entregues por escrito, em 24 horas, com um sonoro não coletivo. Só quem não respondeu, formalmente, de imediato, foi a República Dominicana.

Antes mesmo de enviar a recusa por escrito, França, Alemanha e Grã-Bretanha refrescaram a memória de Pompeo ressaltando que os Estados Unidos não têm mais o direito de apitar nesse jogo porque abandonaram o acordo em 2018. Essa tem sido a tônica do governo Trump. Abandonar todos os acordos internacionais, como fez com o do Irã e o do clima. Agora quer voltar à brincadeira como o dono da bola. Mas está sendo forçado a esquentar o assento na arquibancada.

Donald Trump apostou no time do eu sozinho desde o começo. Se apresentou ao eleitorado como o indivíduo capaz de, por conta própria, resolver todos os problemas do país. Trazer de volta os empregos que se foram e desfazer acordos comerciais que chamava de “horríveis”. Isso ele fez quase imediatamente. Abandonou o acordo de Paris, refez o Nafta para favorecer a indústria automobilística, os produtores de leite dos Estados Unidos e garantir as patentes da indústria farmacêutica, e deu adeus ao acordo que garantia o uso exclusivamente pacífico da pesquisa nuclear no Irã. Deu as costas não só ao Irã mas também à França, Alemanha, Grã-Bretanha, Rússia, China e União Europeia. Agora quer dar palpite sem nunca ter voltado ao jogo.

Esse bater em retirada também tem versão doméstica. E para parte do eleitorado, essa sensação de ser abandonada antes do começo do segundo tempo pode pesar nas urnas. Não só pelo volume de mortes por covid, que continua aumentando, mas pela dimensão do desemprego e da desesperança. Uma notícia publicada no jornal The Guardian desse fim de semana chamou minha atenção. Ela conta como um distrito de Monroe, no Michigan, pertinho de Detroit, virou o voto completamente na última eleição. Depois de eleger Barack Obama em peso, duas vezes, Monroe escolheu Donald Trump em 2016 e agora pode voltar a eleger um democrata. Não exatamente por amor a Joe Biden, mas pelo desencanto com o presidente. Monroe é um distrito pequeno, mas qualquer distrito do Michigan, da Pensilvânia, de Ohio ou da Flórida pode ser decisivo. E lá o movimento que tomou as ruas depois do assassinato de George Floyd, o homem negro que morreu asfixiado, diante de testemunhas e celulares, enquanto um policial branco pressionava o joelho sobre o pescoço dele, surpreendeu muita gente. Foi um momento de reflexão, de olhar em volta e identificar os símbolos do racismo e do genocídio dos povos originários que continuam nas ruas do país exigindo reverência a um passado banhado em sangue e preconceito. Em Monroe, a estátua do General George Armstrong Custer, comandante da cavalaria que liderou ataques ao acampamento dos Cheyenes, por exemplo, foi motivo de um protesto que juntou muito mais gente do que se esperava.

Essa é a conta que as pesquisas talvez não consigam fechar. É verdade que o movimento contra a violência policial, que mata negros em todos os estados do país, já não está nas ruas. Mas foi tão forte e mobilizou um arco-íris tão vasto de representantes de todas as diferentes fatias desse bolo americano que certamente deixou no ar uma ideia diferente. Um contraste palpável entre a força dessa solidariedade que se construiu nas manifestações e vem se acumulando na última década, com o individualismo cego, ou melhor, que só vê a si e a seus próprios interesses no espelho.

Convenção democrata e a reverência aos republicanos

A convenção do partido democrata, que terminou na última quinta-feira, jogou com todos esses sentimentos. Sem ter a legitimidade para tanto, abusou das imagens dos protestos encabeçados pelo Black Lives Matter. Mas não convidou representantes do movimento para discursar. Ao contrário, deu espaço a prefeitos como Keisha Bottoms de Atlanta, na Georgia. Negra sim. Mas na discussão a respeito da violência da polícia e da necessidade de cortar verba dos departamentos policiais para investir nos bairros das minorias, na saúde mental das populações que mais sofrem, ela está do outro lado. A convenção, na verdade, não deu voz ao maior movimento que o próprio partido enfrenta internamente: o crescimento de candidaturas progressistas que têm desbancado políticos tradicionais, financiados por lobbies poderosos. O que se viu ao longo de quatro dias de discursos, vídeos e música foi um desfile de republicanos pedindo votos para Joe Biden. Foi a maior reverência aos republicanos já feita pelos democratas. Só não vou dizer que é mais do mesmo porque Trump é um ponto fora da curva.
Mas vi um alerta preocupante na newsletter do jornalista David Sirota que além de comentarista político foi encarregado de escrever os discursos de Bernie Sanders (o senador socialista de Vermont que tentou ser candidato a presidente pelo partido democrata) na campanha deste ano. Ele disse que Trump é consequência direta das políticas neoliberais do governo Barack Obama e que o governo neoliberal de Joe Biden, caso ele vença nas urnas, pode resultar em um fascista mais eficiente e melhor preparado do que o “Aprendiz” de Nova York. Um político de bagagem mais leve ou ao menos de família mais coesa.

A sobrinha do presidente, Mary Trump, publicou este ano um livro que trata o tio como psicopata. Um homem incapaz de sentir a dor dos outros. O jornal Washington Post pediu a Mary provas de algumas das acusações mais graves que ela faz contra o tio. A sobrinha escritora não teve dúvida. Apresentou ao jornal 15 horas de gravação com a irmã de Donald Trump, Maryanne Trump, uma mulher que foi juíza do tribunal de apelações em Nova York. Entre outras coisas, a irmã do presidente diz que Donald não tem princípios, mente o tempo todo, nunca leu as decisões que ela tomou no tribunal até porque não lê nada mesmo. Maryanne já está aposentada e não sabia que a sobrinha estava gravando as conversas que tiveram e criticou com veemência a política migratória do irmão que separou pais e filhos na fronteira com o México. “Tudo que ele quer é apelar para a base dele. Ele não tem princípios. Nada. Nada. E a base dele, meu Deus, se você fosse uma pessoa religiosa você ia querer ajudar as pessoas e não fazer isso.” Com certeza um aprendiz que pode ser substituído, no futuro, por um fascista mais competente.

Fonte: Revista Fórum (https://revistaforum.com.br)