O
aquecimento do planeta em dois graus até final do século, uma meta que é
referida como passível de evitar, pode mais do que duplicar, de acordo com uma
investigação da Universidade de Washington divulgada esta segunda-feira.
A comunidade internacional concordou, no chamado Acordo de Paris,
combater o aquecimento global (limitando a emissão de gases com efeito de
estufa) de forma a que esse aumento de temperatura não ultrapasse os 1,5 graus
celsius (e não os 02 graus, que era a meta anterior).
No entanto, a investigação agora divulgada considera como muito
provável que o planeta exceda essa meta. O estudo usa ferramentas estatísticas
as quais indicam que há apenas 05% de probabilidades de a Terra aquecer apenas
02 graus ou menos até final do século. E a possibilidade de aquecer 1,5 graus
ou menos é de 01%.
“A nossa análise mostra que o objetivo dos 02 graus é o melhor
cenário”, disse o autor principal do trabalho, Adrian Raftery, acrescentando
que para isso era necessário um grande e sustentando esforço, em todas as
frentes, nos próximos 80 anos.
Ao contrário, as projeções indicam 90% de hipóteses de que as
temperaturas aumentem, neste século, entre 02 e 4,9 graus celsius.
“A nossa análise é compatível com estimativas anteriores, mas
conclui que as projeções mais otimistas são improváveis de acontecer”, disse
Raftery, acrescentando que o planeta está mais perto “da margem” do que as
pessoas pensam.
Os responsáveis pela investigação trabalharam sobre três cenários
de emissões de gases com efeito de estufa e usaram projeções estatísticas
sustentadas em 50 anos de dados de países de todo o mundo. E encontraram um
valor médio de aquecimento de 3,2 graus até 2100, com 90% de hipóteses de que o
aquecimento global seja neste século entre 02 e 4,9 graus.
Robson Pires
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