quarta-feira, 16 de maio de 2018

Assassino de Marielle e Anderson pode ser um caveira do Bope


Um caveira do Batalhão de Operações Especiais, o Bope, tropa de elite da Polícia Militar, pode estar por trás das execuções da vereadora Marielle Franco, do PSOL, e de seu motorista, Anderson Gomes. A suspeita levou a Divisão de Homicídios, a DH, a solicitar ao comando do Bope a apresentação de todas as submetralhadoras HK MP-5 para a realização de exame de comparação balística, segundo duas fontes ligadas à investigação que falaram ao The Intercept Brasil sob a condição de anonimato. A iniciativa foi tomada na manhã desta quarta-feira, após a conclusão de peritos que atuaram na reprodução simulada do assassinato, iniciada na noite da última quinta-feira e que se estendeu até a madrugada de sexta.
Conforme The Intercept Brasil antecipou no dia 8, os investigadores da DH tinham dúvidas entre três modelos de submetralhadora que poderiam ter sido usados na emboscada. A única certeza é que por trás do gatilho havia um atirador de elite. A constatação de que a arma usada foi mesmo uma HK MP-5, somada ao trabalho de investigação, reforçou a hipótese de participação de um caveira, como são conhecidos os policiais que passam pelo treinamento do Bope, nos assassinatos.
Desenvolvida pela empresa alemã Heckler & Koch, a HK MP-5 é amplamente usada por equipes de elite da Polícia Militar (Bope e Batalhão de Choque), Exército e pela Polícia Federal. Contudo, apenas as armas desse modelo em uso pelo Bope foram solicitadas para exame de comparação balística. A explicação é que um dos PMs citados por uma testemunha sob proteção da Polícia Civil recebeu treinamento no Bope e, mesmo após ser transferido para outro batalhão, mantinha vínculo com policiais da unidade de elite.
O suposto envolvimento do caveira no crime foi levantado a partir de depoimentos da testemunha, que apontou como mandantes do crime o vereador Marcello Siciliano, do PHS, e ex-PM Orlando de Oliveira Araújo, que está preso desde outubro passado por envolvimento em outros dois assassinatos. Apontado pela testemunha como chefe de uma milícia que atua na Zona Oeste do Rio, o ex-PM foi ouvido nesta quarta-feira por uma equipe da DH no presídio Bangu 1.
Orlando Curicica, como o ex-PM é conhecido, estava preso em Bangu 9, unidade onde estão concentrados ex-policiais condenados e presos preventivamente, mas foi transferido para uma cela em Bangu 1, isolado dos demais presos. De acordo com o advogado Daniel Darlan, Orlando Curicica e sua família vêm sofrendo ameaças desde que seu nome foi divulgado como sendo um dos mandantes do crime. O advogado chegou a dizer hoje que o ex-PM foi alvo de uma tentativa de envenenamento.
As secretarias de Segurança Pública, de Administração Penitenciária e a Divisão de Homicídios não se pronunciam sobre a investigação, que está sob sigilo. Citados pela testemunha, o vereador Marcello Siciliano e o ex-PM negam envolvimento nas mortes de Marielle e Anderson.
Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO - DCM

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