terça-feira, 12 de junho de 2018

Política - Eleições 2018 - TSE barra 5,6 milhões de eleitores por falta de biometria

urnas_bio2.jpg
Foto: Wilson Dias/Abr
Nos estados da Bahia e do Mato Grosso, a porcentagem de barrados chega a 10%
Número corresponde a quem não cadastrou a impressão digital nas cidades em que ela passou a ser obrigatória e está impedido de votar em outubro.
Pelo menos 5,6 milhões de eleitores ao redor do Brasil estão impedidos de votar nas eleições gerais, em outubro próximo. O número corresponde a quem não cadastrou sua biometria (impressão digital) nas 1.248 cidades em que ela passou a ser obrigatória a partir de 2017. O dado foi levantado por CartaCapital a partir de informações oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), obtidas em seu site.
O número de eleitores que estarão fora do pleito de outubro equivale à população de Cingapura, e corresponde a pouco mais da diferença de 3,4 milhões de votos que elegeu Dilma Rousseff (PT) em 2014, no segundo turno mais acirrado na história democrática do País. No entanto, é uma proporção pequena: corresponde a 4% de toda a população apta a votar. Para efeito de comparação, a abstenção no primeiro turno em 2014 foi de 19%.
A proporção de impedidos é maior nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, com 6% do eleitorado local. Nos estados da Bahia e do Mato Grosso, a porcentagem chega a 10%. A falta da biometria foi menor no Sudeste, onde não chega a 2%. Isso poderia favorecer ou prejudicar redutos locais, como o PSDB, em São Paulo, ou o PT, no Nordeste?
Segundo o cientista político Fernando Guarnieri, provavelmente não. Ele diz que a causa mais provável para a abstenção no cadastro da impressão digital seja o óbito desses eleitores. Mortes demoram até três eleições para serem computados na base de eleitores cadastrados no TSE. Os dados batem parcialmente: em 2016, último ano no qual constam essas informações, 6,6% dos óbitos no País ocorreram na Bahia e 10% no Mato Grosso.
Leia também:

Os eleitores barrados já constam como não-votantes e podem ter dificuldade para tirar passaporte, pegar empréstimos de bancos públicos, casar no civil, entre outras atividades que demandam comprovação do voto. O prazo para regularizar a situação acabou no dia 9 de maio.
Para o advogado eleitoral Alberto Rollo Jr., a medida do TSE foi correta. “Me parece correto. Se o voto é obrigatório o cadastramento também deve ser”, pondera. “Não acho que a [abstenção dos eleitores] foi problema de divulgação. É mais da natureza do brasileiro de deixar tudo para a última hora.” A Justiça Eleitoral deu prazo de seis meses para que os eleitores se cadastrassem.
O cadastro biométrico serve para excluir uma das poucas possibilidades de fraude que restavam no sistema brasileiro. Sem ele, é possível se passar por alguém de aparência semelhante desde que se tenha em mãos o RG e o título de eleitor da pessoa em questão.
Segundo Rollo, ainda que os mesários tenham a prerrogativa de barrar o voto de quem desconfiarem, isso raramente é feito. As fraudes seriam mais comuns no fim do dia, com a pressa para fechar as seções.
Fonte: Carta Capital

Nenhum comentário:

Postar um comentário