terça-feira, 27 de junho de 2017

Os diálogos sórdidos de Michel Temer

Por FERNANDO BRITO
Embora todos já estivessem cientes do óbvio – a ligação entre Michel Temer e a mala de dinheiro recebida da JBS  por Rodrigo Rocha Loures, nada impressiona mais na denúncia apresentada por Rodrigo Janot do que os diálogos do ocupante do palácio do Planalto com o empresário-bandido Joesley Batista.
São avassaladoramente chocantes e inadmissíveis para um vereador de cidadezinha do interior, que dirá ao presidente de uma das maiores nações do mundo.. E olha que foi só a “cota“, uma espécie de resumo, da denúncia, porque o documento completo só amanhã será levado so Supremo Tribunal Federal.
Tudo é sórdido, a começar da combinação de encontros clandestinos entre ambos:
JOESLEY: Eu gostei desse jeito aqui.
TEMER: Desse jeito aqui
JOESLEY: Eu vim dirigindo, nem vim com motorista.(…)
TEMER: ah, você veio sozinho?
JOESLEY: Eu vim sozinho, mas aí eu liguei pra ele (Rodrigo Rocha Loures) era 10h30, então, por isso que eu atrasei uns cinco minutinhos. Aí, deu 9h50 eu mandei mensagem pra ele. Eu falei. Aí ele não respondeu. Deu 10h05 e eu liguei para ele falei, ô RODRIGO, cadê? Puta, eu tô num compromisso. Vai lá. Fala… Eu passei a placa do carro.
TEMER: (sim, sim)
JOESLEY: Eles. Fui chegando, eles abriram, nem dei meu nome.
TEMER: ah você não deu nome? Ótimo.
JOESLEY: Não, fui chegando, eles viram a placa do carro, abriram, entrei. Entrei aqui na garagem.
TEMER: Melhor, então.
JOESLEY: Funcionou super bem,
E mais:
TEMER: Aí você
JOESLEY: É…
TEMER: Pela garagem
JOESLEY: …pela garagem
TEMER: Sempre pela garagem, viu?
JOESLEY: Funcionou super bem à noite
TEMER: É JOESLEY: Onze hora (sic) da noite, meia noite, dez e meia, vem aqui
TEMER: Não tem imprensa
JOESLEY: A gente conversa uns dez minutinhos, uma meia horinha, vou embora.
Fica evidente, portanto, que não foi um encontro isolado, mas da combinação de um canal constante de negócios escusos.  Janot observa que se nota ainda “que os encontros futuros não seriam apenas com Rodrigo Loures, , pois o próprio Presidente  aventou a possibilidade de novos encontros no Palácio do Jaburu” . E fica claro, nas palavras de Temer,  que Rodrigo foi nomeado como  “mala”:
JOESLEY: (…) Eu queria falar sobre, falar sobre isso e falar como é que é que… pra mim falar contigo, qual é a melhor maneira, porque eu vinha falando através do GEDDEL, através … Eu não vou lhe incomodar, evidente se não for algo assim.
TEMER: (…) as pessoas ficam, sabe como é…
JOESLEY: Eu sei disso. Por isso é que…
TEMER: (…) um pouco TEMER: … é o RODRIGO.
JOESLEY: É o RODRIGO? TEMER: o RODRIGO. JOESLEY: Ah, então ótimo.
TEMER: pode passar por meio dele, viu? (…) da minha mais estrita confiança (…)
JOESLEY: Tá
TEMER: Vamos dizer que você não possa…
JOESLEY: Eu prefiro combinar assim, ó, se for alguma coisa que eu precisar, tal e tal, eu falo com o RODRIGO. E se for algum assunto desse tipo aí…
Foi só o início.
Na próxima semana, será apresentada a denúncia sobre obstrução da Justiça, também explicitada numa gravação.
As histórias de corrupção sempre pode ser negada ou deixada na desgraça do emissário filmado com a mala de dinheiro.
Mas os diálogos, pessoais e intransferíveis, que logo estarão sendo reproduzidos por toda parte, é que são demolidores para Temer.
Não tem desculpas nem explicações.
Fonte: O Tijolaço

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