Temer está na mira do TSE e do STF - Marcos Corrêa / PR |
Às vésperas de julgamento no TSE, defesa do presidente tenta vender a ideia de que ele é perseguido pela PGR e tem maioria na Justiça Eleitoral.
A tentativa do presidente Michel Temer de manter o cargo conquistado após o
impeachment de Dilma Rousseff envolve desde o fim de semana um confronto aberto
com o procurador-geral da República,Rodrigo Janot. Desde o sábado 3,
emissários de Temer passaram a atacar Janot com o intuito de reduzir a
possibilidade de fatos novos produzidos pelo PGR interferirem no julgamento da
chapa Dilma-Temer, que será retomado na terça-feira 7 pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE)..
"Temos indicativos de que virão movimentos e iniciativas de
Janot às vésperas do julgamento do TSE na tentativa de constranger o tribunal a
condenar o presidente", afirmou o advogado de Temer,Gustavo Guedes,à Folha
de S.Paulo. "Nos preocupa muito o procurador-geral da
República se valer de toda a estrutura que tem para tentar constranger um
tribunal superior", afirmou Guedes.
Guedes
também manifestou suas suspeitas sobre a demora na chegada do interrogatório
por escrito que Janot autorizou que a Polícia Federal fizesse a Temer, e que o
presidente teria só 24 horas para responder. O advogado disse ainda que
chegaram informações ao Palácio do Planalto de que Janot tem mais gravações
comprometedoras em seu poder e que poderia torná-las públicas antes do
julgamento no TSE.
Outro
advogado de Temer, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, atacou Janot por este ter
classificado o suplente de deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) como longa
manus de Temer. A expressão em latim significa "executor
de tarefas". A referência estava no pedido de prisão de Loures,
reapresentado por Janot ao Supremo Tribunal Federal (STF) após este perder seu
cargo na Câmara com a volta de Osmar Serraglio (PMDB-PR) à Casa, após um conturbado
período como ministro da Justiça.
“Dizer
que o senhor Rocha Loures é longa manus do presidente constitui mais uma assertiva
do procurador-geral desprovida de qualquer apoio nos fatos e, portanto, é uma
afirmação fruto do seu desejo de pura e simplesmente acusar o presidente da
República dentro de um quadro meramente ficcional”, afirmou Mariz ao jornal O
Estado de S.Paulo.
Ao
mesmo tempo em que atacam Janot, emissários de Temer não fazem questão de
esconder da imprensa que as críticas ao PGR são uma estratégia para manter
Temer no poder. À Folha e ao Estadão, integrantes do
círculo próximo do presidente da República revelaram que a estratégia foi
sacramentada no Palácio do Jaburu, em Brasília, horas depois da prisão de Rocha Loures, realizada na manhã de sábado 3 , por ordem do ministro Luiz Edson Fachin, relator do caso no
Supremo.
Outra parte da estratégia
do círculo de Temer é vender a tese de que o julgamento da chapa Dilma-Temer no
TSE é encarado com otimismo. Até o fim da semana passada, o Palácio do Planalto
defendia a ideia de que poderia evitar a cassação do mandato de Temer por 4
votos a 3, com os ministros considerando que a ação aberta pelo PSDB perdeu seu
objeto quando Dilma Rousseff sofreu o impeachment ou separando as responsabilidades
de Dilma e de Temer, condenando a petista e absolvendo seu sucessor.
De
acordo com o jornal O Globo, o governo segue
fazendo articulações intensas nos bastidores do TSE. Segundo a publicação,
o presidente a corte, Gilmar Mendes, "tem mantido diálogo constante
com aliados de Temer", como o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o
líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Na retomada do julgamento
da chapa, o TSE começa a analisar o caso na noite desta terça-feira 6, às 19
horas. Outras sessões estão marcadas para quarta-feira 7, também às 19 horas, e
quinta-feira 8, às 9 horas e às 19 horas. O julgamento está previsto para durar
três dias, mas pode se prolongar se algum dos juízes pedir vista para revisar o
caso. O prazo inicial do pedido de vista é de dez dias, podendo ser ampliado em
mais dez dias.
Em
meio a pedidos de renúncia e impeachment, Temer é investigado no STF em um inquérito aberto por Janot que
apura crimes de corrupção, organização criminosa e obstrução da justiça.
Uma das provas que Janot usou para sustentar sua acusação foi a gravação
realizada pelo dono da JBS, Joesley Batista. Atualmente, a gravação é
objeto de uma perícia na Polícia Federal.
Fonte: Carta Capital
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