Por RENATO ROVAI
A candidata da Rede abusou de frases como “vou abrir o debate” para não responder a perguntas objetivas, mas permitiu nas respostas que deu perceber que hoje está muito mais próxima da direita.
Marina Silva foi a entrevistada da vez da GloboNews nesta terça-feira à noite (31/7) e mostrou de forma clara duas coisas.
Em primeiro lugar, a de que não é mais alguém do campo progressista.
Marina hoje pode ser considerada no máximo alguém de centro, com uma ponta do pé na direita.
Ontem, fez um discurso liberal na economia, defendeu por algumas vezes a Lava Jato, passou pano pro agronegócio, se posicionou contra o direito ao aborto, defendeu a intervenção militar no Rio de Janeiro e outras vezes fez ataques a partidos políticos dizendo que vai governar com as pessoas de bem, como se a política fosse a disputa entre o bem e mal, como no livro do Apocalipse.
Em segundo lugar, a de que não amadureceu mesmo estando na sua terceira campanha para presidência da República. Por várias vezes, quando colocada à frente de perguntas que exigiam um posicionamento firme tergiversou. Numa delas, na qual lhe foi perguntado se era a favor ou contra que mulheres e homens se aposentassem na mesma idade ou se achava correto que a diferença atual de 5 anos fosse mantida, disse que “queria fazer o debate”. Confrontada por Mário Sérgio Conti, que lhe disse que este debate já vem sendo feito há anos, manteve-se na mesma resposta.
Não foi capaz de se dizer contra e nem a favor. Sendo que foi essa postura errática que a tirou do segundo turno em 2014, quando a partir de uma crítica do Pastor Malafaia mudou seu plano de governo no capítulo LGBT.
A candidata da Rede parece estar perdendo seu viço de mulher seringueira aos poucos. Seu discurso cativante já não empolga. E por isso Marina tende a fazer nesta eleição seu pior resultado. Sua retórica circular já não toca o eleitorado que precisa saber o que virá pela frente com o novo presidente.
Se a resposta mais “inteligente” que um candidato tem a dar é que vai abrir o debate, as pessoas tendem a lhe dar mais 4 anos pra pensar e voltar em 2022 pra tentar de novo. Se é que Marina terá força pra isso
PS: Foi engraçado ver Miriam Leitão e Roberto D’Avila se “pegando” ao vivo. Ele achou que foi cortado de forma ríspida e retrucou de forma mais rude enquanto ela chamava os comerciais. Foi o melhor momento do programa de ontem à noite. Porque mostrou como certo jornalismo está menos preocupado com a entrevista do que com suas vaidades.
Fonte: Revista Fórum
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