Marina Silva (PSB) ganhou
de vez o selo de candidata anti-Dilma Rousseff. A candidata do PT
cansou de ser a presidenta paz e amor. E Aécio Neves (PSDB) ficou
sem par para o baile. No segundo debate entre os presidenciáveis,
promovido pelo SBT, pelo jornal Folha de S.Paulo e pelo portal UOL,
algumas posições ficaram mais claras em relação ao primeiro
encontro, na TV Bandeirantes, realizado há menos de uma semana.
Antes uma incógnita, Marina entrou pela primeira vez como favorita a se eleger. Alavancada desde o último Datafolha, ela foi alvo de praticamente todos os adversários e escolheu apenas um para atacar. Dilma, a ex-favorita, mirou a jugular da candidata do PSB, com quem aparece empatada na simulação de primeiro turno – e para quem perderia com folga em um eventual segundo turno.
Quando o modelo do debate permitiu, Dilma escolheu Marina para fazer pergunta. Marina escolheu Dilma. Era ela o alvo de suas perguntas mais incisivas. Aécio passou, assim, boa parte do encontro escanteado, quase sempre obrigado a atacar o governo petista no tempo de resposta a perguntas dos nanicos. Ao ignorar o rival tucano, Marina promoveu um duelo à parte pelo posto de candidata anti-Dilma. Ganhou com folga.
A estratégia ficou evidente desde o começo. Marina tentava levar a candidata à reeleição a falar dos problemas de seu governo, como o baixo crescimento econômico e as suspeitas relacionadas à Petrobras. Dilma, por sua vez, tentava colar na ex-senadora a pecha de candidata com boas intenções, mas desorientada. Mais de uma vez Dilma chegou a se referir a Marina como “senhora”. O tratamento, ironicamente formalizado, mostrava que não haveria espaço para amenidades no tratamento dispensado à ex-aliada.
Leia também:
Marina acusa Dilma de não ser capaz de reconhecer seus erros
Eduardo Jorge é questionado sobre campanha com Marina
Aécio é questionado sobre casos de corrupção no PSDB
Marina, embora não tenha respondido questionamentos sobre de onde pretendia tirar dinheiro para honrar suas promessas (que ela chama de “compromisso”), revidou. Em um dos momentos mais tensos, Dilma chegou a dizer que a ex-ministra do Meio Ambiente demonizava o pré-sal. A adversária respondeu que não deixaria de investir na exploração do petróleo, mas afirmou: “Não se pode ficar aonde a bola está, mas aonde ela vai estar”. Era uma referência às promessas de investimentos em energia alternativa, que a presidenta disse já serem realizados pelo governo federal. Como a petista insistia no tema, ouviu de Marina que quem prejudicava a Petrobras era o governo petista, que adquiriu empresas supervalorizadas no exterior. Era uma referência à compra da refinaria de Pesadena, no Texas (EUA), um dos calcanhares de Aquiles da presidenta – integrante do conselho da estatal na época da compra.
Ao ser questionada sobre o desempenho da economia sob seu governo, Dilma se esquivou, mas aproveitou a chance para dizer em tom professoral, como se quisesse colocar a ex-aliada na posição de pupila: “O cobertor é curto. O problema não se resolve com boas palavras ou boa intenção. Sem apoio político, sem discussão e sem negociação, a senhora não consegue aprovar os grandes programas do Brasil. Eu apostei na governabilidade. Nunca negociei contra os interesses do Brasil. Ganhei muitas, e perdi algumas”.
E, ironizando o desejo anunciado pela rival de contar com os melhores quadros do PT e do PSDB em um eventual governo, completou: “Não somos nós, os presidentes, que escolhem os bons. Quem escolhe os bons, pela eleição direta, é o povo brasileiro”.
Marina respondeu dizendo que a presidenta tinha dificuldades em admitir os erros, e a petista voltou a provocar. “O maior risco que uma pessoa pode correr é não se comprometer com nada”. Por pouco não saiu faísca.
Por lances assim, a estratégia do PT de humanizar a presidenta na propaganda da TV ficou de lado durante a maior parte do debate. Dilma não fez o menor esforço em parecer bem-humorada. Em certos momentos, chegou a fazer bico. Por pouco não bufou.
Escolhida por Aécio para falar sobre segurança pública, chegou a balançar a cabeça. Parecia professora quando o aluno levanta a mão e pede para ir ao banheiro. Ao ouvir as críticas sobre a violência no País, Dilma dispensou o tratamento de senhor ao rival tucano e disparou: “Acho que você tem memória fraca. O governo federal deu um apoio financeiro para Minas Gerais criar 5668 vagas em 15 presídios”. Aécio insistiu no tema, disse que o governo petista rejeitava parcerias com o setor privado. Dilma voltou a ironizar: “Eu vou repetir, candidato, não é uma questão trivial: foram colocados R$ 143 bilhões à disposição no orçamento geral da União”. Para quem queria de volta o selo de candidato anti-Dilma, a estratégia não parecia surtir efeito.
Enquanto os principais concorrentes digladiavam, a candidata do PSOL, Luciana Genro, repetiu o que havia feito no primeiro debate. Assumiu, assim, o posto de franco atiradora. No duelo particular com Eduardo Jorge (PV) pelo papel, venceu de lavada. A Aécio, a candidata lembrou que FHC já havia chamado os aposentados de vagabundos, e perguntou qual “maldade” estava sendo preparada na Previdência. Ouviu do tucano: “Não sou FHC, lamentavelmente”.
A Marina, afirmou: “Tem que se escolher um lado. Ou se está do lado do capital ou dos trabalhadores. (...) Não pode fazer uma nova política cedendo aos interesses dos banqueiros, propondo autonomia do Banco Central, cedendo aos usineiros propondo aumento de gasolina, cedendo aos setores mais reacionários da política”. E provocou: “Não durou nem quatro tuítes do (Pastor Silas) Malafaia teu compromisso de combate a homofobia nas escolas.”
Sobre Dilma, citou as nove altas consecutivas da taxa de juros, que “aumenta a quantidade de dinheiro do orçamento que vai para esses credores da dívida pública, estas cinco mil famílias de milionários que têm um patrimônio equivalente a R$ 400 milhões de reais em média, enquanto a maioria do povo não consegue nem chegar a 1.500 reais de renda”.
O show à parte foi dado pelo candidato do PRTB, Levy Fidelix. Ele se irritou com o repórter Kennedy Alencar, que chamou o seu partido de “legenda de aluguel”. Quase sempre relaxado, ele ficou transtornado e, com os dedos em riste, por pouco não engoliu o próprio bigode em meio a tanta saliva. “Eu quero ser a consciência cívica do povo, gente, não estou aqui para ganhar nada.”
Ah, sim, também compunha o cenário o Pastor Everaldo (PSC), que conseguiu repetir sete vezes a palavra “família” em dois minutos. Mais de uma vez ele disse se diferenciar dos demais por ser o candidato a “favor da vida”. Os moradores do cemitério podem descansar em paz.
Antes uma incógnita, Marina entrou pela primeira vez como favorita a se eleger. Alavancada desde o último Datafolha, ela foi alvo de praticamente todos os adversários e escolheu apenas um para atacar. Dilma, a ex-favorita, mirou a jugular da candidata do PSB, com quem aparece empatada na simulação de primeiro turno – e para quem perderia com folga em um eventual segundo turno.
Quando o modelo do debate permitiu, Dilma escolheu Marina para fazer pergunta. Marina escolheu Dilma. Era ela o alvo de suas perguntas mais incisivas. Aécio passou, assim, boa parte do encontro escanteado, quase sempre obrigado a atacar o governo petista no tempo de resposta a perguntas dos nanicos. Ao ignorar o rival tucano, Marina promoveu um duelo à parte pelo posto de candidata anti-Dilma. Ganhou com folga.
A estratégia ficou evidente desde o começo. Marina tentava levar a candidata à reeleição a falar dos problemas de seu governo, como o baixo crescimento econômico e as suspeitas relacionadas à Petrobras. Dilma, por sua vez, tentava colar na ex-senadora a pecha de candidata com boas intenções, mas desorientada. Mais de uma vez Dilma chegou a se referir a Marina como “senhora”. O tratamento, ironicamente formalizado, mostrava que não haveria espaço para amenidades no tratamento dispensado à ex-aliada.
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Marina acusa Dilma de não ser capaz de reconhecer seus erros
Eduardo Jorge é questionado sobre campanha com Marina
Aécio é questionado sobre casos de corrupção no PSDB
Marina, embora não tenha respondido questionamentos sobre de onde pretendia tirar dinheiro para honrar suas promessas (que ela chama de “compromisso”), revidou. Em um dos momentos mais tensos, Dilma chegou a dizer que a ex-ministra do Meio Ambiente demonizava o pré-sal. A adversária respondeu que não deixaria de investir na exploração do petróleo, mas afirmou: “Não se pode ficar aonde a bola está, mas aonde ela vai estar”. Era uma referência às promessas de investimentos em energia alternativa, que a presidenta disse já serem realizados pelo governo federal. Como a petista insistia no tema, ouviu de Marina que quem prejudicava a Petrobras era o governo petista, que adquiriu empresas supervalorizadas no exterior. Era uma referência à compra da refinaria de Pesadena, no Texas (EUA), um dos calcanhares de Aquiles da presidenta – integrante do conselho da estatal na época da compra.
Ao ser questionada sobre o desempenho da economia sob seu governo, Dilma se esquivou, mas aproveitou a chance para dizer em tom professoral, como se quisesse colocar a ex-aliada na posição de pupila: “O cobertor é curto. O problema não se resolve com boas palavras ou boa intenção. Sem apoio político, sem discussão e sem negociação, a senhora não consegue aprovar os grandes programas do Brasil. Eu apostei na governabilidade. Nunca negociei contra os interesses do Brasil. Ganhei muitas, e perdi algumas”.
E, ironizando o desejo anunciado pela rival de contar com os melhores quadros do PT e do PSDB em um eventual governo, completou: “Não somos nós, os presidentes, que escolhem os bons. Quem escolhe os bons, pela eleição direta, é o povo brasileiro”.
Marina respondeu dizendo que a presidenta tinha dificuldades em admitir os erros, e a petista voltou a provocar. “O maior risco que uma pessoa pode correr é não se comprometer com nada”. Por pouco não saiu faísca.
Por lances assim, a estratégia do PT de humanizar a presidenta na propaganda da TV ficou de lado durante a maior parte do debate. Dilma não fez o menor esforço em parecer bem-humorada. Em certos momentos, chegou a fazer bico. Por pouco não bufou.
Escolhida por Aécio para falar sobre segurança pública, chegou a balançar a cabeça. Parecia professora quando o aluno levanta a mão e pede para ir ao banheiro. Ao ouvir as críticas sobre a violência no País, Dilma dispensou o tratamento de senhor ao rival tucano e disparou: “Acho que você tem memória fraca. O governo federal deu um apoio financeiro para Minas Gerais criar 5668 vagas em 15 presídios”. Aécio insistiu no tema, disse que o governo petista rejeitava parcerias com o setor privado. Dilma voltou a ironizar: “Eu vou repetir, candidato, não é uma questão trivial: foram colocados R$ 143 bilhões à disposição no orçamento geral da União”. Para quem queria de volta o selo de candidato anti-Dilma, a estratégia não parecia surtir efeito.
Enquanto os principais concorrentes digladiavam, a candidata do PSOL, Luciana Genro, repetiu o que havia feito no primeiro debate. Assumiu, assim, o posto de franco atiradora. No duelo particular com Eduardo Jorge (PV) pelo papel, venceu de lavada. A Aécio, a candidata lembrou que FHC já havia chamado os aposentados de vagabundos, e perguntou qual “maldade” estava sendo preparada na Previdência. Ouviu do tucano: “Não sou FHC, lamentavelmente”.
A Marina, afirmou: “Tem que se escolher um lado. Ou se está do lado do capital ou dos trabalhadores. (...) Não pode fazer uma nova política cedendo aos interesses dos banqueiros, propondo autonomia do Banco Central, cedendo aos usineiros propondo aumento de gasolina, cedendo aos setores mais reacionários da política”. E provocou: “Não durou nem quatro tuítes do (Pastor Silas) Malafaia teu compromisso de combate a homofobia nas escolas.”
Sobre Dilma, citou as nove altas consecutivas da taxa de juros, que “aumenta a quantidade de dinheiro do orçamento que vai para esses credores da dívida pública, estas cinco mil famílias de milionários que têm um patrimônio equivalente a R$ 400 milhões de reais em média, enquanto a maioria do povo não consegue nem chegar a 1.500 reais de renda”.
O show à parte foi dado pelo candidato do PRTB, Levy Fidelix. Ele se irritou com o repórter Kennedy Alencar, que chamou o seu partido de “legenda de aluguel”. Quase sempre relaxado, ele ficou transtornado e, com os dedos em riste, por pouco não engoliu o próprio bigode em meio a tanta saliva. “Eu quero ser a consciência cívica do povo, gente, não estou aqui para ganhar nada.”
Ah, sim, também compunha o cenário o Pastor Everaldo (PSC), que conseguiu repetir sete vezes a palavra “família” em dois minutos. Mais de uma vez ele disse se diferenciar dos demais por ser o candidato a “favor da vida”. Os moradores do cemitério podem descansar em paz.
Fonte: Yahoo Notícias!
(Blog do Matheus Pichonelli)
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