O câncer de mama pode se manifestar de
diversas formas, e conhecer seus principais tipos ajuda a compreender
melhor o que está acontecendo. O diagnóstico positivo é sempre uma
notícia impactante, mas é importante estar bem informada para conversar
com o oncologista sobre as opções de terapias disponíveis e mais
apropriadas para o seu caso. Há os tumores mais e os menos agressivos, e
os que crescem mais ou menos rápido, por exemplo. Uma série de
características vai permitir ao médico indicar o tratamento mais
adequado, aquele com maior chance de trazer a cura no menor tempo
possível, minimizando os riscos de recaída. Muitas vezes, porém, a
paciente não fica sabendo o que significam tantos termos técnicos e
quais são suas implicações, o que tende a aumentar ainda mais sua
angústia nesse momento tão delicado. Não deixe de conversar com o seu
médico para acompanhar todos os passos do tratamento.
Ductal Ou Lobular
As primeiras informações sobre o tipo de
tumor costumam vir no resultado da biópsia, que informa se o carcinoma
(que é sinônimo para câncer de mama) é ductal ou lobular, classificação
que diz respeito ao local da mama onde se originou o tumor.
As mamas são glândulas formadas por lobos, que se dividem em estruturas menores chamadas lóbulos e ductos mamários.
O tipo mais comum é chamado carcinoma
ductal, porque se origina nas células dos ductos mamários. Já o
carcinoma lobular, menos comum, tem origem nas células dos lóbulos
mamários.
In Situe Invasor
Além de ser lobular ou ductal, o tumor poderá ser também in situ ou
invasor. Essa classificação indica se ele está contido num ponto
específico da mama ou se já começou a se espalhar pelo órgão. “O tumor é
revestido por uma membrana”, explica o mastologista Pedro Aurélio
Ormonde do Carmo, do Hospital Câncer III, do Instituto Nacional do
Câncer – Inca. “Se essa membrana não foi rompida e as células tumorais
estão contidas dentro do nódulo, temos um carcinoma in situ. Se elas já atravessaram essa membrana, falamos de carcinoma invasor”, esclarece. “Todo tumor in situ, se não for tratado, tende a evoluir para invasor”, completa o especialista. Por isso, a importância do diagnóstico precoce.
O câncer de mama pode ser ainda do tipo
inflamatório, que é uma forma de apresentação incomum dos carcinomas
invasores. “É um tipo mais agressivo, com mais risco de metástase”,
afirma Ormonde do Carmo. O carcinoma inflamatório se diferencia dos
demais pelo fato de deixar a mama inchada e avermelhada, podendo a pele
adquirir o aspecto de casca de laranja. Isso acontece porque as células
tumorais se disseminaram pelos vasos linfáticos da pele que recobre a
mama.
Receptores Hormonais
Seja ductal ou lobular, in situ ou
invasivo, todos os tumores de mama devem ser testados quanto à presença
de receptores para os hormônios femininos estrógeno e progesterona.
Receptores são proteínas localizadas na superfície externa da célula. No
caso dos receptores hormonais, sua presença indica que o tecido tumoral
se prolifera em resposta a esses hormônios. “Essa informação é muito
importante para o tratamento”, afirma o especialista do Inca. “Os
tumores que são positivos para receptores hormonais têm melhor
prognóstico, ou seja, são mais fáceis de curar”, acrescenta.
O teste avalia a presença de cada receptor
separadamente. Se o resultado for positivo para algum deles ou para
ambos, a paciente passa a receber, além do tratamento convencional
(quimio e radioterapia, por exemplo), a chamada hormonioterapia, que
impede o acoplamento do hormônio com seu receptor, retardando o
crescimento tumoral. Normalmente, a medicação leva a uma interrupção
temporária dos ciclos menstruais.
HER2 Positivo
Tão indispensável quanto o exame para
receptores hormonais é o teste para o receptor HER2, que também é uma
proteína localizada na membrana das células. “Em até 25% dos casos de
câncer de mama, essa proteína aparece em excesso, indicando que se trata
de um tumor mais agressivo, ou seja, o risco de recaída, após o
tratamento convencional, é bem maior”, explica o oncologista Aman U.
Buzdar, oncologista do MD Anderson Cancer Center, da Universidade do
Texas, que esteve em São Paulo em 2009 para um congresso organizado pelo
Hospital A. C. Camargo.
Tal como os receptores hormonais, a
positividade para HER2 implica no uso de uma medicação específica que se
somará ao tratamento e cujo objetivo também é bloquear o receptor,
diminuindo a velocidade de crescimento do tumor. Segundo Buzdar, nos
casos em que a doença está em estágio inicial, o tratamento específico
pode reduzir o risco de recorrência da doença em até 50%. “É importante
que a paciente cobre do médico o teste de HER2”, completa o
especialista.
Triplo Negativo
Um tumor de mama pode ser positivo para
estrógeno, progesterona e HER2. Ou pode ser positivo apenas para um ou
dois desses receptores. Ou pode, ainda, ser negativo para todos eles, o
que os oncologistas chamam de tumor triplo negativo. “São tumores mais
agressivos”, afirma Ormonde do Carmo. “Como não há um receptor para
atacar com medicamentos específicos, o tratamento é mais difícil”,
acrescenta. Por outro lado, essas pacientes respondem melhor à
quimioterapia.
O sintoma mais comum de câncer de mama é o
aparecimento de um caroço. Nódulos que são indolores, duros e
irregulares têm mais chances de ser malignos, mas há tumores que são
macios e arredondados. Portanto, é importante ir ao médico. Outros
sinais de câncer de mama incluem:
- inchaço em parte do seio;
- irritação da pele ou aparecimento de irregularidades, como covinhas ou franzidos, ou que fazem a pele se assemelhar à casca de uma laranja;
- dor no mamilo ou inversão do mamilo (para dentro);
- vermelhidão ou descamação do mamilo ou pele da mama;
- saída de secreção (que não leite) pelo mamilo;
- caroço nas axilas
Câncer de Mama
Diagnóstico precoce
O câncer de mama é uma doença grave, mas
que pode ser curada. Quanto mais cedo ele for detectado, mais fácil será
curá-lo. Se no momento do diagnóstico o tumor tiver menos de 1
centímetro (estágio inicial), as chances de cura chegam a 95%, segundo a
Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da
Mama – Femama. Quanto maior o tumor, menor a probabilidade de vencer a
doença. A detecção precoce é, portanto, uma estratégia fundamental na
luta contra o câncer de mama.
Se o diagnóstico precoce é a melhor
estratégia, a principal arma para sair vitoriosa dessa luta é a
mamografia, realizada uma vez por ano em todas as mulheres com 40 anos
ou mais. É a partir dessa idade que o risco da doença começa a aumentar
significativamente.
A mamografia é o único exame diagnóstico
capaz de detectar o câncer de mama quando ele ainda tem menos de 1
centímetro. Com esse tamanho, o nódulo ainda não pode ser palpado. Mas é
com esse tamanho que ele pode ser curado em até 95% dos casos.
Autoexame
Durante muito tempo, as campanhas de
conscientização para o câncer de mama divulgaram a ideia de que o
autoexame das mamas, baseado na palpação, era a melhor forma para
detectá-lo precocemente. Mas o tempo passou, a medicina evoluiu e as
recomendações mudaram.
O autoexame continua sendo importante –
mas de forma secundária. Ele é essencial para que a mulher conheça seu
corpo, em especial sua mama, e possa perceber qualquer alteração. O
autoexame pode ser feito visualmente e por meio da palpação, uma vez por
mês, após o final da menstruação. Para as mulheres que não menstruam
mais, o ideal é definir uma data e fazê-lo uma vez ao mês, sempre no
mesmo dia. Entretanto, ele não substitui a importância do exame clínico
feito por um profissional da saúde por meio da palpação e, menos ainda, a
mamografia.
É fundamental que, além do autoexame,
todas as mulheres acima dos 40 anos façam seus exames de rotina, entre
eles a mamografia. Só ela pode detectar precocemente um nódulo pequeno e
aumentar muito as chances de cura.
Mamografia
A mamografia é um exame de raio-X, na qual
a mama é comprimida entre duas placas de acrílico para melhor
visualização. Em geral são feitas duas chapas de cada mama: uma de cima
para baixo e uma de lado. Apesar da compressão da mama ser um pouco
desagradável para algumas mulheres, é importante lembrar que ela não é
perigosa para a mama. A dose de raios X utilizada nos aparelhos modernos
é também muito baixa, e não deve servir de empecilho para a realização
do exame.
Fundamental e insubstituível, a mamografia
pode detectar nódulos de mama em seu estágio inicial, quando não são
percebidos na palpação do autoexame feito pela mulher ou pelo
profissional de saúde. Por serem pequenos, esses nódulos têm menor
probabilidade de disseminação e mais chances de cura.
Por essa razão, as mulheres acima de 40
anos devem realizar a mamografia regularmente, em intervalos anuais. E,
com a efetivação da Lei Federal nº 11.664/2008, em vigor a partir de 29
de abril de 2009, toda mulher brasileira tem direito a realizar pelo SUS
sua mamografia anual a partir dessa idade.
Como todo exame médico, a mamografia está
sujeita a deficiências. Acredita-se que cerca de 10% dos casos
comprovados de câncer de mama não sejam detectados na mamografia,
principalmente em mulheres jovens, que têm a mama densa. A
ultrassonografia pode auxiliar no diagnóstico quando associada à
mamografia e pode ser muito útil para detectar lesões duvidosas.
O câncer de mama pode se manifestar de
diversas formas, e conhecer seus principais tipos ajuda a compreender os
diferentes tratamentos prescritos pelos médicos. O diagnóstico positivo
é sempre uma notícia impactante, mas é importante estar bem informada
para conversar com o oncologista sobre as opções de terapias disponíveis
e mais apropriadas para o seu caso.
CARCINOMA DUCTAL E LOBULAR
As mamas são glândulas formadas por lobos, que se dividem em estruturas menores chamadas lóbulos e ductos mamários. A principal classificação do câncer de mama diz respeito à estrutura em que se originou o tumor.
O tipo mais comum é chamado carcinoma ductal, porque se origina nas células dos ductos mamários. Ele pode ser in situ,
quando se restringe às células desses ductos, ou invasor, quando se
dissemina para os tecidos adjacentes. Já o carcinoma lobular, menos
comum, tem origem nas células dos lóbulos mamários, e também pode ser in
situ ou invasivo.
O carcinoma ductal ou o lobular in situ
representam o estágio mais precoce do câncer de mama. Se não forem
tratados, a tendência é evoluir para a forma invasora, disseminando-se
para outras regiões da mama e, posteriormente, do corpo. Nessa fase, os
tumores são muito pequenos (menores de 1 centímetro) para serem
palpados, mas podem ser detectados na mamografia e curados em 95% dos
casos.
TIPO INFLAMATÓRIO
O câncer de mama pode ser ainda do tipo inflamatório, que é uma forma de apresentação incomum dos carcinomas invasores. Ele costuma disseminar-se por toda a pele da mama, tornando-a avermelhada, quente e inchada devido à presença de células tumorais nos vasos linfáticos da pele.
Outros tipos de câncer de mama, bem mais
raros, incluem a doença de Paget, que se inicia no mamilo; os linfomas,
que acometem o sistema linfático da mama; e os sarcomas, que se originam
no tecido conjuntivo (músculo ou gordura) da mama.
RECEPTORES HORMONAIS
Seja qual for o tipo, todos os tumores de mama devem ser testados quanto à presença de receptores para hormônios femininos (estrógeno e progesterona), que são proteínas localizadas na superfície externa da célula. Sua presença indica sensibilidade das células tumorais a esses hormônios. Trata-se de uma informação muito importante para definir que tipo de tratamento a paciente irá receber. Os tumores positivos para receptores hormonais geralmente crescem mais lentamente.
HER-2
Outro receptor cuja presença fará muita diferença no tratamento prescrito pelo médico é conhecido como HER-2. Trata-se de uma proteína, também situada na face externa da célula, que está presente em 25% dos casos de câncer de mama. Os tumores HER-2 positivos costumam ser mais agressivos, isto é, crescem e se disseminam mais rapidamente que outros tipos de câncer, e devem ser tratados com medicamentos específicos.
Imagem: Istockphoto
O câncer de mama é uma doença grave, mas que pode ser curada. Quanto mais cedo ele for detectado, mais fácil será curá-lo.
Se no momento do diagnóstico o tumor tiver
menos de 1 centímetro (estágio inicial), as chances de cura chegam a
95%. Quanto maior o tumor, menor a probabilidade de vencer a doença. A
detecção precoce é, portanto, uma estratégia fundamental na luta contra o
câncer de mama.
Se a detecção precoce é a melhor
estratégia, a principal arma para sair vitoriosa dessa luta é a
mamografia, realizada uma vez por ano em toda mulher com 40 anos ou
mais. É a partir dessa idade que o risco da doença começa a aumentar
significativamente.
A mamografia é o único exame diagnóstico
capaz de detectar o câncer de mama quando ele ainda tem menos de 1
centímetro. Com esse tamanho, o nódulo ainda não pode ser palpado. Mas é
com esse tamanho que ele pode ser curado em até 95% dos casos.
AUTOEXAME
Durante muito tempo, as campanhas de
conscientização para o câncer de mama divulgaram a ideia de que o
autoexame das mamas, baseado na palpação, era a melhor forma para
detectá-lo precocemente. Mas o tempo passou, a medicina evoluiu e as
recomendações mudaram.
O autoexame continua sendo importante –
mas de forma secundária. Quando o tumor atinge o tamanho suficiente para
ser palpado, já não está mais no estágio inicial, e as chances de cura
não são máximas.
Infelizmente, ainda há muita desinformação
no Brasil. Uma pesquisa realizada em 2008 pelo Datafolha a pedido da
Femama revelou que para 82% das mulheres o autoexame é a principal forma
de diagnóstico precoce. Apenas 35% apontaram a mamografia.
A incidência do câncer de mama vem
crescendo no mundo todo, mas, quando se trata do número de mortes
causadas pela doença, as tendências variam. Em países desenvolvidos, a
mortalidade vem caindo lentamente, ao passo que nos países em
desenvolvimento, como o Brasil, registra-se um gradativo aumento.
Pelo menos parte dessa diferença se deve
ao diagnóstico precoce, ainda precário no nosso país. Entre 1999 e 2003,
quase metade dos casos de câncer de mama foram diagnosticados em
estágios avançados, segundo estudo do Instituto Nacional de Câncer
(Inca). Especialistas estimam que mortalidade por câncer de mama em
mulheres entre 50 e 69 anos poderia ser reduzida em um terço se todas as
brasileiras fossem submetidas à mamografia uma vez por ano.
DIREITO DE TODAS
O Brasil é um país de desigualdades, que
são ainda mais evidentes na assistência à saúde. O acesso à mamografia é
um exemplo típico, infelizmente. O número de brasileiras que realizam o
exame anualmente ainda é muito baixo. As que dispõem de planos de saúde
privados têm mais facilidade, mas representam uma pequena parcela da
população. A grande maioria depende do Sistema Único de Saúde, em que as
dificuldades são bem conhecidas, havendo muitas diferenças de região
para região.
Até recentemente, o Ministério da Saúde
recomendava que a mamografia anual fosse realizada em mulheres pelo SUS a
partir de 50 anos. Mas esse limite de idade mudou com a efetivação da
Lei Federal nº 11.664/2008, em vigor a partir de 29 de abril de 2009,
garantindo o benefício a partir dos 40 anos.
A Lei Federal nº 11.664/2008 foi uma
conquista da Femama e representa um grande avanço na luta contra do
câncer de mama. No entanto, ela precisa ser colocada em prática de norte
a sul do País.
SELO DE QUALIDADE
Outro problema que prejudica a detecção
precoce do câncer de mama é a má qualidade das mamografias feitas no
País. Numa pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca),
77% dos exames foram rejeitados por problemas técnicos relacionados à
qualidade da imagem, ao posicionamento incorreto das pacientes e ao uso
inadequado dos equipamentos. O resultado é, além de tumores que passam
despercebidos e de biópsias desnecessárias, o grande número de
mamografias que precisam ser refeitas.
Para combater o problema, o Colégio
Brasileiro de Radiologia, em parceria com o Inca e a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), criou, em 2005, um programa de
certificação de mamógrafos, que conta com o apoio da Femama e do
Instituto Avon.
Os mamógrafos certificados contam com um
selo de qualidade, mas eles ainda são minoria. Até o fim de 2008 eram
pouco mais de 400, de um total de cerca de 2,4 mil em todo o País. É
importante que tantos os médicos quanto as pacientes procurem saber se
os mamógrafos dos serviços utilizados têm o selo de qualidade.
Vicky Emptage/Ilustration works/Corbis/Latin Stock
Fonte: MULHER CONSCIENTE
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