quarta-feira, 22 de julho de 2020

De Portugal, entrevista de Patrícia Magalhães sobre “Escola e Educação Urbana”

Foto: Patrícia Magalhães (Universidade do Minho)
Escola e a Educação Urbana: do Projeto Educativo à construção de Comunidades de Aprendizagem
Por: Andrezza Tavares (IFRN) & Bento Silva (Universidade do Minho)
Entrevista internacional concedida por Patrícia Magalhães, doutoranda em Ciências da Educação na especialidade de Desenvolvimento Curricular pela Universidade do Minho, em Braga/Portugal, ao portal de jornalismo Potiguar Notícias. A doutoranda do Centro de Investigação em Educação (Cied/UMinho) fala sobre a Escola e a Educação Urbana: do Projeto Educativo à construção de Comunidades de Aprendizagem. A pesquisadora entende que se deve olhar a Escola nodo e para o Local, procurando aproveitar-se e potenciar-se diversas sinergias locais. Sobre a reconfiguração dos Projetos Educativos das Escolas, face à pandemia, traz-nos resultados de uma pesquisa que realizou com a finalidade de compreender de que forma os Diretores das Escolas realizaram essas reconfigurações, as quais incidiram na planificação e organização do ensino a distância, na facilitação de meios de comunicação e na promoção do trabalho colaborativo, existindo uma articulação entre a Escola e o Conselho Municipal de Educação. Resulta também do estudo, na opinião dos diretores, que as mudanças emergentes da pandemia irão manter-se no que respeita ao uso de plataformas digitais, à valorização do papel do professor e à importância do desenvolvimento de competências sociais e emocionais. Para o futuro, próximo, entende ser necessária uma profunda reflexão sobre o ser e estar na escola, e que o Projeto Educativo da Escola poderá assumir-se como um instrumento transformador das interações existentes na comunidade escolar.
1. Fale-nos sobre a sua pesquisa de Doutoramento na Universidade do Minho. Em especial, nos explique do que trata o objeto de estudo “Comunidades de Aprendizagem”?
Este projeto doutoramento pretende contribuir para a (re)construção das (inter)relações do Local com Escola, da construção de uma correlação positiva entre a Escola e a Comunidade. Começando por olhar a Escola no, do e para o Local, procuram criar-se comunidades de aprendizagem capazes de orientar as práticas desenvolvidas no terreno, incidindo no aproveitamento de sinergias locais, como processo emancipatório de escolhas, (co)responsabilizando os atores sociais, contribuímos para a pertinente envolvência democrática na construção de um Projeto Educativo Integrado.
2. Dá a entender que um Projeto Educativo de um município deve estar alinhado aos conceitos de Cidades Educadoras e de Educação Urbana. Qual a articulação entre estes conceitos?
Porque se fala hoje tanto de Cidades Educadoras, de Educação Urbana e de Projeto Educativo Municipal? Tal como refere o meu orientador de doutoramento, o Professor José Carlos Morgado e com o qual concordo, existem pelo menos três aspetos que contribuem para isso: 1) a possibilidade de o Projeto Educativo Municipal contribuir para tornar a cidade mais humanizada e sustentável; 2) o facto de a cultura estar no território, um repositório de conceitos, linguagens, saberes, vivências, atitudes e procedimentos; 3) a necessidade de uma inter-relação constante entre a Escola e a Comunidade, já que as escolas são consideradas lugares estratégicos de decisão política devendo produzir respostas eficazes aos desafios com que se deparam.
3. Quando se investigam as relações entre a Escola e a Comunidade, qual a importância a atribuir à opinião pública, veiculada pela mídia social, como se constatou nestes tempos de pandemia?
Quando se investiga as questões da Educação Urbana, e da natureza das relações entre a Escola e a Comunidade, não podemos ficar indiferentes as (con)vivências das instituições sociais, e de como estas estão a ser reinventadas, movidas ao ritmo da pandemia COVID-19. As escolas não são exceção. Pelo contrário, o sistema de ensino está na mira da opinião pública, cada vez mais no centro das agendas políticas, enfatizando a sua capacidade de reconfigurar as práticas, procurando soluções e revendo a forma como deve ser organizada e dirigido o processo de ensino-aprendizagem.
4. Em Portugal, as escolas devem conceber e realizar seus Projetos Educativos. Na sua pesquisa, tem alguma informação se houve alguma reconfiguração desses Projetos face à pandemia?
Neste sentido, recentemente realizámos um estudo que teve como principal finalidade compreender de que forma os agentes educativos, nomeadamente dos Diretores de Escola, realizaram essas reconfigurações, de modo a concretizar as finalidades previstas nos Projetos Educativos das Escolas.
Os resultados mostraram que as principais diretrizes se referem à planificação e organização do ensino a distância, na facilitação de meios de comunicação e na promoção do trabalho colaborativo. Sendo estas diretrizes acompanhadas de coerentes constrangimentos, como a falta de equipamentos para o ensino a distância e a dificuldade no manuseamento do digital. A maioria dos diretores referiu que não existiu um reajuste do Projeto Educativo e que houve articulação entre a escola e o Conselho Municipal de Educação. Na opinião dos diretores, as mudanças emergentes da pandemia irão manter-se, especialmente o uso de plataformas digitais, a valorização do papel do professor e a importância do desenvolvimento de competências sociais e emocionais.
5. A partir do estudo realizado, há expectativas que haja algum novo sentido para a escola?
Face ao exposto, e embora os nossos resultados demonstrem que os projetos educativos das escolas não foram formalmente alterados, perspetivamos uma necessária e profunda reflexão sobre o ser e estar na escola, através da qual o projeto educativo poderá definitivamente assumir-se como um instrumento transformador das interações existentes na comunidade escolar.
Nota: Esta entrevista publicada no Portal de Jornalismo Potiguar Notícias (https://www.potiguarnoticias.com.br/) integra o repertório de publicações do Projeto pluri-institucional intitulado “Diálogos sobre Capital Cultural e Práxis do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) - IV EDIÇÃO”. O Projeto, vinculado à Diretoria de Extensão (DIREX) do campus IFRN Natal Central e ao Programa de Pós-Graduação Acadêmica em Educação Profissional PPGEP do IFRN, articula práxis do campo epistêmico da Educação a partir de atividades de ensino, pesquisa, extensão, inovação e internacionalização com o campo da comunicação social a partir da dinâmica de produções jornalísticas por meio de diversos canais de diálogo social como: portal de jornal eletrônico, TV web, TV aberta, rádio e redes sociais. O objetivo do referido Projeto de Extensão do IFRN é socializar ideias e práxis colaboradoras da educação de qualidade social, de desenvolvimento humano e impacto social por meio da veiculação de notícias em dispositivos de amplo alcance e difusão de comunicação social. Para mais informações sobre o Projeto contacte a coordenadora: andrezza.tavares@ifrn.edu.br. O link do Projeto de extensão e desta publicação também será socializado por meio do portal eletrônico do PPGEP/IFRN (https://portal.ifrn.edu.br/ensino/ppgep/paginas/entrevistas), bem como, por meio do portal eletrônico da Faculdade FAMEN (https://www.editorafamen.com.br/entrevistas/).
Fonte: Patrícia Magalhães (Universidade do Minho)
C/ Potiguar Notícias

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