Sem 65/62 anos de idade mínima e 35 anos de contribuição, conta da Previdência "não fecha", diz Maia
por Tiago Pereira, da RBA
Em debate, presidente da Câmara defendeu proposta do governo Bolsonaro com ares de chantagem e tragédia.
São Paulo – O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), classificou a proposta de reforma da Previdência do governo Bolsonaro como "dura" e "ampla", mas defendeu a sua aprovação. Para tanto, ele disse que a batalha da comunicação é "decisiva", e sugeriu que o presidente utilize estrutura montada durante a campanha eleitoral, que ficou conhecida pela desinformação propagada por meio de mensagens falsas no WhatsApp.
"Tem que ter alguém bom no grupo do presidente, que foi tão competente em redes sociais, para explicar isso (a reforma da Previdência)", afirmou Maia em debate promovido pelo jornal Folha de S.Paulo, nesta segunda-feira (25), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Segundo a própria Folha revelou, ainda durante disputa eleitoral, em outubro do ano passado, empresários teriam investido milhões de reais não declarados para financiar um esquema de disparos de mensagens em massa pelo Whatsapp contra o PT e o seu candidato a presidente Fernando Haddad. Escândalo conhecido como caixa 2 do Bolsonaro, o negócio era operado por empresas de publicidade, que faziam a difusão de uma série de notícias falsas – as chamadas fake news.
"O governo precisa fazer isso. (Usar) estrutura política que levou o presidente ao governo e que apresentou competência muito grande de influenciar nessas redes. [...] Essa parte política, o partido do presidente precisar ter a capacidade de enfrentar, saber explicar de forma didática", disse o presidente da Câmara.
Fim do mundo
Segundo Maia, se não for aprovada a reforma da Previdência, o Brasil deve voltar a viver períodos de "hiperinflação", "juros altos", "desemprego" e "recessão". Ele disse que ou os trabalhadores e funcionários do serviço público "vão compreender que não dá mais", que as contas públicas vão "explodir" sem as mudanças nas aposentadorias, ou "vamos levar o Brasil para o precipício e todos vão pagar a conta", disse.
"Tem que se criar idade mínima. Não tem muita alternativa para ter um sistema equilibrado, se não tiver no mínimo 65 anos de idade (para homens, e 62 para mulheres) e 35 anos de serviço. Não tem como fechar a conta", afirmou.
Pintando um cenário ainda mais alarmista, mesmo dizendo que o tema não era tão dramático, "apesar de alguns tratarem com muita dramaticidade", Maia afirmou que esta seria a última oportunidade para reorganizar o sistema das aposentadorias, antes que fossem necessárias "atitudes drásticas" como as que foram tomadas em Portugal e na Espanha, que chegaram a confiscar parte das aposentadorias. "Se a gente não fizer nada, vamos voltar a ter hiperinflação e juros muito altos ou vamos transformar os salários e aposentadorias todos em precatórios, porque ninguém vai ter mais dinheiro para pagar. Ninguém vai receber."
Críticas
Apesar da defesa do conjunto das propostas que constam projeto apresentado pelo governo Bolsonaro, ele diz ter criticado as alterações pretendidas nas regras de concessão do Benefício de Prestação Continuada (BCP) e das aposentadorias rurais, dois dos pontos mais atacados desde que a reforma da Previdência foi apresentada na última quarta-feira (20), e que segundo Maia, estão mais "inviabilizando" que "ajudando" a aprovação da proposta.
Maia também disse que é preciso "tomar cuidado" com o sistema de capitalização, que não consta na proposta, mas é defendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e em breve deve ser apresentado. Segundo Maia, trabalhadores que ganham até quatro salários mínimos não conseguiriam garantir a renda necessária para sobreviver nesse sistema que funciona como uma espécie de poupança individual.
Paraíso
Já se a reforma for aprovada, haverá "retomada do crescimento", "geração de emprego", segundo Maia. Com "segurança jurídica", o setor privado vai voltar "a acreditar no Brasil". Inclusive vai sobrar dinheiro para que o governo realize investimentos em saúde, educação e infraestrutura.
"A gente tem que fazer a reforma e ter clareza que o que estamos fazendo, primeiro, vai dar condições para que o Estado garanta educação de melhor qualidade daqui para a frente. Essas pessoas que vivem à margem do sistema de trabalho vão poder ter condições de disputar o mercado. Segundo, se a gente reorganizar a economia e garantir segurança jurídica, vamos ampliar a base de empregos gerados pelo setor privado", disse Maia.
Confira o debate na íntegra
Fonte: RBA
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