Em um governo dirigido por pessoas sensatas, a regra é buscar, mesmo sabendo impossível que seja total, a aprovação a mais geral possível para seus atos.
Faz parte da ideia republicana de que o governo é para todos.
Neste, porém, parece prosseguir a ideia da campanha de que o mais importante é criar e alimentar um núcleo de defensores incondicionais, radicalizados em palavras e posturas, com uma mobilização em redes sociais que sirva de chamariz ou intimidação sobre agentes políticos e grupos institucionais conservadores, mas inorgânicos.
A menos que tenha acontecido uma chantagem explícita, expressa ao chantageado com algo que ele saiba que é de difícil escapatória – no que não acredito – nada mais justifica o fato de arrastar-se há cinco dias uma novela que estaria hoje esgotada com “o poder de uma caneta Bic” e não mais quase monopolizando o noticiário.
Nada, senão o fato das SA bolsonaristas estarem excitadas, açuladas e exibindo sua ferocidade como nesta história das ameaças a que Gustavo Bebbiano, já não mais apelando aos off, confirmou em mensagem dirigida ao UOL, prometendo entrar na Justiça contra elas e, portanto, sugerindo que estão identificadas.
Jair Bolsonaro, como todo medíocre que ascende ao poder por uma conjunção de fracasso alheio e ousadia pessoal, precisa do clima de ódio para sustentar-se e impor-se aos grupos que vêem nele uma perspectiva de abocanharem nacos do governo para seus projetos. O que, de Moro aos generais, é a regra para os autoritários não-bolsonaristas.
Estes Destacamentos Tempestade, que trovejam nas redes sociais e que existem espalhados ao ponto de termos medo de falar nos escritórios, nas esquinas e nos bares contra o ex-capitão, são o núcleo coeso de um governo fragmentado.
Talvez seja a eles que se destine a exposição mórbida do pré-cadáver de Gustavo Bebiano, para excitá-los.
A boa notícia é que o estoque de loucos, recalcados e primários, embora grande nestes tempos, continua sendo finito.
Fonte: O Tijolaço.net
Nenhum comentário:
Postar um comentário