O plano de formação dos professores deve ser
elaborado com base nas necessidades identificadas no dia a dia de sala de aula
(Foto: Gabriela Portilho)
São inúmeras as possibilidades e
necessidades de reflexão e melhoria dos encaminhamentos em sala de aula quando
pensamos nas práticas de um coletivo de professores de Educação Infantil. Mas
quais devem ser os conteúdos prioritários para trabalhar com os educadores?
Foi essa pergunta que me fiz quando
uma escola me pediu para elaborar um projeto de formação para os professores
das turmas de 4 e 5 anos. Até o momento, não havia um consenso sobre qual
deveria ser o foco da discussão. Enquanto a diretora achava que era preciso discutir
e tematizar os conflitos que havia entre as crianças e refletir sobre
disciplina e limites, alguns docentes queriam saber mais sobre projetos no eixo
de Artes Visuais. Por outro lado, outros profissionais gostariam de discutir
sobre conteúdos e intervenções em Matemática.
E agora? Bem, todas as propostas
pareciam muito pertinentes e, o melhor, partiam das necessidades que sentiam as
pessoas que estão diretamente envolvidas na prática pedagógica diária. E posso
dizer que faz toda a diferença trabalhar com um grupo de professores que tem
consciência de quais são as carências deles, querem saber mais e estão
dispostos a fazer um trabalho cada dia melhor.
Como definir o foco
No caso dessa escola, eu fui chamada
para atuar somente num projeto específico de formação. Portanto, eu não
conhecia a prática do grupo de professores de perto. Por isso, me propus a ir à
instituição para conhecer melhor as turmas e os planejamentos dos
profissionais. Não é possível elaborar um projeto de formação apenas com
informações verbais sobre a prática pedagógica. É imprescindível saber o que
acontece no dia a dia, seja com base em documentos como os planos, os registros
e as produções das crianças ou por meio da observação das interações que
acontecem nos diferentes espaços.
Após conversar com a equipe gestora e
observar o dia a dia nas salas de aula, percebi que a formação deveria priorizar
a Matemática. Cheguei a essa conclusão porque as propostas em Artes Visuais
estavam acontecendo sem muitos equívocos e os professores não tinham grandes
problemas na hora de estabelecer um clima de respeito e limites claros. Já as
propostas do eixo de Matemática estavam muito centradas em atividades no papel,
sem explorar o potencial dos jogos e as situações cotidianas.
Elaborando o projeto de formação
Ainda estou escrevendo o projeto, mas
já tomei algumas decisões. Baseada em pesquisas didáticas que respaldam a
prática pedagógica no eixo de Matemática, planejei vários encontros para
aprofundar a reflexão sobre como as crianças aprendem a recitar, contar,
quantificar e operar (leia mais aqui),
discutir quais são as melhores intervenções do professor em determinadas situações,
explicitar o papel das brincadeiras e jogos no
processo de aprendizagem dos pequenos e de que maneira é possível acompanhar os
avanços de cada criança, elaborando sequências e projetos adequados aos saberes
da turma.
Também previ duas reuniões para
atender a solicitação de abordar o eixo de Artes Visuais. A ideia é uma oficina
para analisar alguns bons projetos que já tenho nesse eixo e vivenciar
atividades utilizando suportes e materiais que os professores dessa escola
ainda não utilizam. Acredito que, assim, eles terão um repertório maior para
elaborar um bom planejamento.
Quando ao pedido da diretora de
trabalhar limites e disciplina, propus disponibilizar alguns textos sobre o
assunto e marcar um dia para eu e ela discutirmos o conteúdo. A intenção é
instrumentalizá-la para que ela própria faça a reflexão com o grupo num momento
que achar oportuno.
Essas foram as minhas escolhas. E na
escola onde você trabalha, como você seleciona qual será o foco da formação?
Um abraço, Leninha
Fonte> Revista NOVA ESCOLA
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