Paulo Nogueira
O filme descreve o empenho de agentes da CIA para retirar americanos de Teerã no curso da Revolução Iraniana de 1979. O movimento varreu a ditadura do xá Reza Pahlevi, marionete ocidental, e instalou uma república islâmica, chefiada pelo aiatolá Khomeini. Khomeini logo declarou que os americanos eram o “grande satã” do mundo.
Por quê?
A notoriedade de Argo é uma boa oportunidade para discutir o caso.
Você tem que recuar um pouco mais para entender a crise Estados Unidos-Irã. Para 1953, quando o Irã experimentava uma democracia secular sob um líder popular, Mohammed Mossadegh. O Irã enfim se livrara de um regime manipulado pelo Ocidente, e Mossadegh acabaria virando primeiro-ministro. Ele tinha as credenciais necessárias: era um político íntegro, prático, honesto, competente e comprometido com os interesses do povo. Mossadegh de fundamentalista nada tinha. Chegou ao poder democraticamente, e era respeitado e admirado pelos iranianos.
Eram tempos particularmente complexos na geopolítica, o início da Guerra Fria que opunha Estados Unidos e União Soviética e ameaçava a humanidade de extinção, dadas as armas de cada parte.
Mossadegh nacionalizou a Anglo-Persian Oil Company (atual British Petroleum, ou BP), controlada pelos ingleses desde o início do século XX. Uma tentativa de renegociar o contrato original e dividir os lucros meio a meio fracassou. Mossadegh entendia que era hora de os recursos naturais do Irã, a começar pelo petróleo, serem usados para reduzir a pobreza enorme dos iranianos. Os iranianos vibraram com a nacionalização.
Os ingleses nem tanto. Um líder britânico de então – o ministro das relações exteriores, Ernst Bevin — comentou candidamente que, sem o petróleo do Irã seria impossível alcançar o padrão de vida a que “aspiramos” para os ingleses.
A solução era derrubar Mossadegh. Os ingleses convenceram os americanos de que o Irã sob Mossadegh poderia passar para a órbita soviética. Mossadegh, educado na França, não tinha simpatia nenhuma pelo socialismo. Mas isso não importava muito, ou nada, na realidade. A questão era o petróleo.
Os Estados Unidos entenderam que era importante, para seus interesses, derrubar a jovem democracia iraniana. A tarefa de minar Mossadegh foi entregue à CIA. Surgiria a Operação Ajax, cujos pormenores estão registrados em documentos da CIA que depois do número protocolar de anos deixaram de ser considerados confidenciais e estão abertos ao público.
Mossadegh acabaria derrubado em 1953. Foi restalecida, pelos Estados Unidos e pela Inglaterra, a dinastia Pahlevi, extremamente impopular entre os iranianos pela subserviência ao Ocidente e pela ganância ilimitada com que enriquecera ostensivamente no poder enquanto o povo arrastava sua miséria sem esperanças.
O modelo vitorioso da Operação Ajax seria usado muitas vezes depois pela CIA. Logo em 1954, na Guatemala. Em 1973, no Chile. As digitais da CIA apareceriam, menos nítidas mas igualmente marcantes, no golpe militar que derrubou o presidente João Goulart, no Brasil, em 1964.
Os iranianos foram obrigados a suportar o clã Pahlevi por 26 anos. Em 1979, mais ou menos como ocorreu agora em país como Tunísia e Egito, o povo disse basta. Pahlevi encontrou abrigo nos Estados Unidos. A embaixada americana em Teerã foi invadida por estudantes iranianos que mantiveram as pessoas ali retidas por 444 dias. Havia um simbolismo nisso. A Operação Ajax fora tramada exatamente ali.
Esse o contexto de Argo.
Teria sido melhor para os Estados Unidos recusar o convite inglês para minar Mossadegh, mas o fato é que a resposta, depois de uma breve relutância, foi sim.
Cabra marcado para morrer
Um jornal australiano obteve um documento do governo americano em que Julian Assange e o Wikileaks são classificados como “inimigos do Estado”.
“Inimigos do Estado” é a mesma categoria em que estão catalogados o
Talibã e a Al-Qaeda, por exemplo. Na prática, pela legislação de
segurança americana, significa que eles podem ser presos sem processo
formal por tempo indeterminado.
Podem também ser executados. Mortos. Eliminados. Como se estivéssemos vivendo o seriado 24 horas.
Onde, no Brasil, o repúdio à perseguição movida pelo governo americano a
Assange? Ninguém se importa com ele? Algum colunista brasileiro o
defendeu? Assange foi alvo de um único editorial? Ou, por criticar os
Estados Unidos, ele não pode ser defendido?
Não só a perseguição americana já passou dos limites. Também a
intransigência inglesa em não dar a ele salvo conduto para que pegue um
avião rumo ao Equador vai passar para a história como um dos maus
momentos da história recente do Reino Unido, em seu alinhamento com a
política externa americana.
Assange está confinado na modesta embaixada equatoriana em Londres.
Ontem, numa fala na ONU, o ministro das relações exteriores do Equador,
Ricardo Patiño, alertou para os riscos físicos que Assange enfrenta em
sua presente situação. Lembremos que o pretexto para isso é o sexo que
duas suecas fizeram consensualmente com ele.
Por teleconferência, Assange também falou ontem num fórum da ONU. Como
sempre, num gesto de elegância, falou menos de si mesmo e mais do
soldado Bradley Manning. (Também numa atitude admirável, Assange recusou
um prêmio de “liberdade de expressão” concedido pela editora argentina
Perfil — que no Brasil é sócia da Abril na Caras — quando soube que
também estava sendo homenageado um jornalista do Equador que recebe
subvenções americanas e trata a patadas o governo constitucional de
Rafael Correa.)
Manning é acusado de ter passado ao Wikileaks os documentos americanos
que, entre outras coisas, mostravam a Guerra do Iraque como ela era e é,
não como os Estados Unidos fingiam que era.
Manning está preso à espera de julgamento, e pode ser condenado à morte
por traição. Até que ativistas fizessem pressão, ele foi submetido a
condições degradantes numa cadeia militar americana. Estava privado de
qualquer contato com outros presos, e durante boa parte do tempo era
impedido de vestir qualquer roupa. Tecnicamente, como lembraram os
ativistas, estava sob tortura contínua.
E agora: o mundo vai esperar o quê para gritar pela libertação de Assange? Que ele morra?
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Coimbra: esta é a década da maior mudança política
A sociedade sabe que o Governo (Lulilma) é capaz de promover mudanças
Em declaração ao Instituto Lula, Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi, fez breve balanço sobre o decênio das mudanças vividas pelo Brasil. Segundo ele, esta década pode ser considerada como “a maior mudança política da nossa história republicana”.
Joanne Mota, da Rádio Vermelho com Instituto Lula
Segundo ele, as decisões tomadas nas esferas econômicas, política e social são singulares. E cita como exemplo o processo de inclusão aplicado ao logo dos governos Lula e Dilma.
Coimbra também pontuou a confiança que o povo depositou no governo ao longo desta década. “Está claro que há, no interior da sociedade, um sentimento de que o governo era e é capaz de empreender mudanças. Além disso, essa confiança contribuiu muito para o fortalecimento destes governos ao longo destes 10 anos”.
E acrescenta “a maioria da população acredita que o Brasil está mais preparado que o resto do mundo para superar as crises. As pessoas acreditam que o país e o governo vão bem, seja porque a economia está corretamente administrada, seja porque a opção social que caracteriza as administrações petistas foi mantida”.
Do Blog CONVERSA AFIADA.
Saiu no Vermelho:
Coimbra: vivemos a maior mudança política da história republicana
Em declaração ao Instituto Lula, Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi, fez breve balanço sobre o decênio das mudanças vividas pelo Brasil. Segundo ele, esta década pode ser considerada como “a maior mudança política da nossa história republicana”.
Joanne Mota, da Rádio Vermelho com Instituto Lula
Segundo ele, as decisões tomadas nas esferas econômicas, política e social são singulares. E cita como exemplo o processo de inclusão aplicado ao logo dos governos Lula e Dilma.
Coimbra também pontuou a confiança que o povo depositou no governo ao longo desta década. “Está claro que há, no interior da sociedade, um sentimento de que o governo era e é capaz de empreender mudanças. Além disso, essa confiança contribuiu muito para o fortalecimento destes governos ao longo destes 10 anos”.
E acrescenta “a maioria da população acredita que o Brasil está mais preparado que o resto do mundo para superar as crises. As pessoas acreditam que o país e o governo vão bem, seja porque a economia está corretamente administrada, seja porque a opção social que caracteriza as administrações petistas foi mantida”.
Do Blog CONVERSA AFIADA.
Fonte: saraiva 13
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