domingo, 6 de junho de 2021

Florianópolis: jovem vítima de estupro coletivo - por Jornalistas Livres

Estupro coletivo: jovem vítima de violência homofóbica em Florianópolis segue hospitalizado.Jovem gay de 22 anos que sofreu estupro coletivo e tortura permanece hospitalizado em estado grave em Florianópolis. Advogada da Comissão de Direito Homoafetivo da OAB-SC foi ameaçada de ter o mesmo fim.

Jovem gay de 22 anos que sofreu estupro coletivo e tortura permanece hospitalizado em estado grave em Florianópolis. Advogada da Comissão de Direito Homoafetivo da OAB-SC foi ameaçada de ter o mesmo fim.

O jovem foi estuprado por três homens no Centro de Florianópolis, espancado e torturado na segunda-feira (31), mas o crime, de evidentes motivações de ódio de gênero, só foi divulgado pela polícia na sexta-feira, 4/6. Durante a tortura, o rapaz foi obrigado pelos estupradores a utilizar cacos de vidros para incrustar na própria pele dizeres humilhantes e homofóbicos (como “eu sou viado”) de forma permanente. Ele também sofreu lacerações por vidros e outros objetos cortantes inseridos em seu ânus. Após a sessão de tortura, os três abandonaram a vítima na rua, entre a vida e a morte.

Internado no dia 31 em hospital de Florianópolis mantido em sigilo, o jovem permanece em estado muito grave. As investigações dos criminosos estão sendo feitas pela 5ª Delegacia de Polícia da Capital, que mantém não divulga os detalhes sobre o inquérito para preservar a vítima. Para as autoridades, a motivação homofóbica é a “principal suspeita”. Inicialmente ele foi atendida pela Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) de Florianópolis, pois os policiais que o recolheram acreditaram que se tratasse de um adolescente.

Ameaças contra advogada e posição da OAB/SC

Relato de ameaças contra advogada


Apesar do silêncio das autoridades policiais, que afirmou em nota oficial ter tomado todas as providências e que não irá se manifestar sobre o caso no momento, a barbárie vem causando grande revolta e comoção pública. Nas redes sociais, o caso é associado a outros crimes de ódio com requintes de violência desde a ascensão do neofascismo no Brasil. Em razão de sua manifestação de repúdio à frente da Comissão de Direito Homoafetivo da Ordem dos Advogados do Brasil em Santa Catarina (OAB/SC), a advogada Margareth Hernandez denunciou em seu Facebook na noite de ontem estar sendo ameaçada de estupro por terroristas de internet que produziram uma falsa acusação da advogada ao presidente Bolsonaro pelo crime de ódio, associando sua foto à do presidente em fake news criada por uma publicação bolsonarista de Passo Fundo.

Em nota pública, a Comissão de Direito Homoafetivo e Gênero e a Comissão do Direito da Vítima da OAB-SC repudiaram o ocorrido na sexta-feira (4). “As Comissões estão diligenciando esforços, junto às delegacias especializadas e entidades de proteção à comunidade LGBTQIA+, para obtenção de informações sobre a apuração da autoria do crime e no auxílio jurídico e atenção aos familiares da vítima, manifestando, desde já, toda a solidariedade”. A presidente da Comissão, Margareth Hernandes, vítima das ameaças, também se manifestou sobre o estupro coletivo como mais uma violência que concorre para o “verdadeiro genocídio da população LGBTQI+, assistido frequente e cotidianamente no Brasil atual.”


OAB/SC presta solidariedade á vítima de estrupro coletivo


“Mais um dia de violência no país que mais mata homo e transexuais no mundo. (…) Discursos de ódio são aplaudidos e (…) pessoas morrem de forma cruel”, afirma, em uma rede social. Confira a íntegra da nota da OAB-SC: “A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Santa Catarina, através das Comissões de Direito Homoafetivo e Gênero e do Direito da Vítima, vêm a público manifestar repúdio ao crime bárbaro cometido na cidade de Florianópolis, contra um jovem gay de 22 anos, que de forma cruel foi torturado, estuprado e tatuado sob coação, com dizeres homofóbicos, permanecendo em estado grave no hospital. 

As Comissões informam estar diligenciando esforços, junto às delegacias especializadas e entidades de proteção à comunidade LGBTQI+, na obtenção de informações sobre a apuração da autoria deste horrível crime e no auxílio jurídico e atenção aos familiares da vítima, manifestando, desde já, toda a solidariedade. É mister reforçar o papel institucional destas Comissões, no sentido de trabalhar com a prevenção dessas violências, amparar as vítimas e buscar a punibilidade dos responsáveis por essa e inúmeras situações similares, que compõem um verdadeiro genocídio da população LGBTQI+, assistido frequente e cotidianamente no Brasil atual.”


Caso de Homofobia em Florianópolis

Fonte: https://jornalistaslivres.org

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