Jair Bolsonaro iniciou a semana se envolvendo em mais uma polêmica, e novamente pelo Twitter. Dessa vez o presidente divulgou um vídeo com informações falsas para atacar a imprensa e acusar uma jornalista do jornal O Estado de S. Paulo de ser contra seu governo. O vídeo é editado e falado em inglês, o que favoreceu o presidente na edição das informações.
Um juiz de direito, que não quer ter seu nome revelado para não sofrer perseguição ideológica, afirmou à CartaCapital que o presidente divulgar a foto de uma jornalista e lhe imputar informação falsa quebra o decoro do cargo. “A divulgação do vídeo do Carnaval também poderia ser incluído na hipótese”, afirmou o juiz, referindo-se ao vídeo obsceno que o presidente compartilhou em suas redes sociais.
Ele explica que tanto a jornalista quanto o jornal podem entrar com o pedido de processo de impeachmnetcontra Bolsonaro. “O Art. 14., da Lei de Impeachmnet, diz que é permitido a qualquer cidadão denunciar o Presidente da República ou Ministro de Estado, por crime de responsabilidade, perante a Câmara dos Deputados”, informou.
A jornalista pode também processar Bolsonaro por difamação. Como o presidente tem Foro Privilegiado, o processo precisaria ser encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O vídeo é de uma suposta conversa gravada entre a jornalista Constança Rezende e o jornalista francês Jawad Rhalib. Nele, Constança fala da cobertura das movimentações suspeitas de Fabrício Queiroz, ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
Segundo Bolsonaro, a jornalista diz querer “arruinar a vida de seu filho e buscar o seu Impeachment”. “Ela é filha de Chico Otavio, profissional do ‘O Globo’. Querem derrubar o Governo, com chantagens, desinformações e vazamentos”, escreveu o presidente na rede social.
A origem das informações
As informações que Bolsonaro tuitou foram divulgadas pelo blog “Terça Livre”, um site que reúne colunistas conservadores e favoráveis ao governo. No site, a jornalista Fernanda Salles diz ter recebido denúncias “graves” de Rhalib.
Fernanda ocupa cargo no gabinete do deputado estadual Bruno Engler (PSL), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Após a nomeação para o cargo, Fernanda assinou dois textos no site Terça Livre que trataram de atividades ocorridas na Assembleia.
“Desde que Constança iniciou a temporada de caça aos Bolsonaro no Estadão, emissoras como a Rede Globo e jornais como Folha de S.Paulo seguiram o mesmo caminho. Uma enxurrada de acusações em horário nobre, capas de revistas e nas primeiras páginas de jornais colocaram a integridade moral do filho do presidente em xeque”, afirma Fernanda em sua matéria.
O jornal O Estado de S. Paulo se pronunciou e informou que Constança não deu entrevista ao jornalista francês, nem dialogou com ele. Suas frases foram retiradas de uma conversa que ela teve em 23 de janeiro com uma pessoa que se apresentou como Alex MacAllister, suposto estudante interessado em fazer um estudo comparativo entre Donald Trump e Jair Bolsonaro.
“O Terça Livre, com base na ‘denúncia’ de Jawad Rhalib, também falsamente atribuiu à repórter a publicação da primeira reportagem sobre as investigações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) a respeito da movimentação de R$ 1,2 milhão nas contas de Queiroz. O autor da primeira reportagem foi Fabio Serapião, também do Estado”, afirmou o jornal.
Com essas informações falsas, grupos governistas promoveram no Twitter uma série de postagens nas quais acusaram o Estadão de “mentir” na cobertura do caso Flávio Bolsonaro.
Fonte: CARTA CAPITAL
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