quarta-feira, 13 de março de 2019

FAROESTE 'Escritório do Crime' está por trás do assassinato de Marielle

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Para Amaral, as ligações das milícias e de “escritório” com setores policiais e da classe política atrapalham investigações
Acusado de atirar na vereadora do Psol, Ronnie Lessa atuava junto com o ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, considerado um dos fundadores de "empresa especializada em matar"
São Paulo – “Tudo isso é um novelo de linha. Tem muito mais coisas para apurar. Como todo mundo sabe que são coisas graves, não sabemos se esse novelo vai ser todo desfeito, ou se a linha vai quebrar-se logo.” A opinião é do cientista político e ex-presidente do PSB Roberto Amaral, sobre a prisão dos supostos executores do assassinato de Marielle Franco, vereador do Psol carioca. Para ele, o caso envolve uma série de fatores.
A começar da situação do próprio estado do Rio de Janeiro. “Segundo a própria polícia e a força interventora no ano passado, o Rio tem um ‘Escritório do Crime’, uma 'empresa' especializada em assassinar. Eles matam por contrato e dessa empresa fariam parte esses dois atiradores”, diz Amaral.
Na madrugada desta terça-feira (12), agentes da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público do estado prenderam o PM reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Vieira. O ex-presidente do PSB acredita que o caso começa a ser desvendado "graças à pressão internacional". "Esse foi o erro deles, não imaginaram que a morte de uma vereadora provocaria esse clamor."
Segundo a imprensa do Rio de Janeiro, Lessa atuava junto com o ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, considerado um dos fundadores do "Escritório do Crime".
Em agosto do ano passado, as informações sobre o inquérito davam conta de que as investigações dos assassinatos de Marielle e do motorista Anderson Gomes poderiam ter vínculo com esse chamado “escritório”, grupo que seria formado por policiais militares, ex-policiais e milicianos.
Para Amaral, as ligações das milícias e desse “escritório” com setores policiais e da classe política atrapalham as investigações desde o início. “Setores da polícia ligados à política intervieram no início das apurações para desviar as investigações, que não avançavam, principalmente quando batiam em ligações da milícia. A Polícia Federal chegou a abrir um inquérito para apurar as investigações da Polícia Civil.”
REPRODUÇÃO/POLÍCIA MILITAR-RJ
Ronnie Lessa







Ronnie Lessa, ex-PM, foi preso na madrugada desta terça-feira (12), acusado de executar Marielle
No início de novembro, o então ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, anunciou a abertura de inquérito da PF para investigar uma possível obstrução das investigações por organização criminosa.
Ex-interventor federal na segurança pública do Rio de Janeiro, o general Walter Braga Netto disse ao jornal O Globo, em 11 de janeiro, que poderia ter anunciado quem matou Marielle, mas que preferiu evitar o “protagonismo”. 
Roberto Amaral destaca ainda o que chama de coincidências. “A simples coincidência de o sargento reformado morar no condomínio do senhor Jair Bolsonaro; as ligações ostensivas e conhecidas dos Bolsonaro com as milícias, e isso não é ilação minha nem de ninguém, mas foi dito pelo próprio Bolsonaro quando não pensava que ia ser presidente. Houve milicianos no gabinete do filho dele (Flávio) na Assembleia. Ou seja, tem muita coisa para ser apurada.”
Em agosto de 2003, o então deputado Jair Bolsonaro declarou na tribuna da Câmara: “Enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem-vindo. Se não houver espaço para ele na Bahia, pode ir para o Rio de Janeiro. Se depender de mim, terão todo o meu apoio”.

Pesquisas

Após a prisão dos suspeitos nesta terça, o delegado Giniton Lages disse que o sargento reformado Ronnie Lessa, considerado o autor dos disparos, pesquisou sobre o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ), sua esposa, políticos e até mesmo sobre o general Richard Nunes, secretário de Segurança no estado durante a intervenção federal em 2018. Segundo o delegado, as prisões desta terça não põem fim às investigações. "Nada está encerrado", disse.
Em novembro de 2018, o general Richard Nunes afirmou que a milícia participou do assassinato de Marielle “com toda certeza”: "Não é um crime de ódio. Falei isso logo na primeira entrevista que dei, em março. É um crime que tem a ver com a atuação política, em contrariedade de alguns interesses. E a milícia, com toda certeza, se não estava no mando do crime em si, está na execução", declarou o ex- secretário de Segurança.
Ainda de acordo com o delegado Giniton Lages, não há vínculo entre Lessa e Bolsonaro. "O fato de ele morar no condomínio do Bolsonaro não diz muita coisa, para a investigação da Marielle", afirmou.
O deputado federal Marcelo Freixo disse que as investigações precisam continuar. “É muito importante para o país saber quem mandou, qual o objetivo político e qual a motivação para matar Marielle.”
Fonte: REDE BRASIL ATUAL

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