As ações se multiplicam. Na entrada dos metrôs, na porta das igrejas, nos pontos de ônibus. Lá estão os brasileiros convidando seus conterrâneos a refletir sobre o salto no escuro representado por Jair Bolsonaro. Disso tudo, fica a pergunta: Dá para virar?
A resposta é: dá. Mas vai depender de cada um de nós.
Alberto Almeida, autor do best-seller “Cabeça de Brasileiro”, um dos maiores especialistas em pesquisa do Brasil, anunciou pelo Twitter que passará o dia hoje na rua para, anonimamente, conversar com os eleitores.
Ele recomenda como fazer:
“Vá à rua, sozinho, persuadir os eleitores. Não precisa ir com adesivo do Haddad, não precisa ir com adesivo do PT. Não precisa ir de camisa vermelha. Aborde cada eleitor, vá para um lugar movimentado, por onde passem muitos eleitores. Aborde cada um, isoladamente. Pergunte se vota no Bolsonaro. Em caso afirmativo, converse com essa pessoa, com todo carinho do mundo. Utilize argumentos, mostrando que Bolsonaro quer o conflito, que a sociedade brasileira não gosta do conflito. Não utilize argumentos intelectuais, de fascismo, de combate à democracia, nada disso. Use argumentos muito reais. Que Bolsonaro nunca se preocupou com o povo, que nunca votou, quando deputado, a favor do povo, que, aliás, quando foi deputado, nunca fez nada pelo Brasil, nada pelo Rio de Janeiro, pela segurança do Rio de Janeiro, que quer expulsar do Brasil as pessoas que não concordam com ele, mostre que o Haddad vai reduzir o preço do gás de botijão, que o PT melhorou a vida econômica das pessoas.”
Ele insiste em um ponto:
“Trate as pessoas que votam em Bolsonaro com carinho. Hoje, quanto mais tempo você ficar na rua, tentando persuadir, melhor. A abordagem tem que ser individual, converse com uma mãe, uma filha, uma família caminhando, procure se interessar pelas histórias que as pessoas têm para contar e contra-argumente. Você será capaz de virar votos. Se houver 100 000 pessoas virando 10, 20 votos, isso terá um impacto eleitoral muito relevante.”
O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa deu, a seu modo, uma contribuição. Publicou no Twitter a seguinte mensagem:
“Votar é fazer uma escolha racional. Eu, por exemplo, sopesei os aspectos positivos e os negativos dos dois candidatos que restam na disputa. Pela primeira vez em 32 anos de exercício do direito de voto, um candidato me inspira medo. Por isso, votarei em Fernando Haddad.”
Não é um apoio qualquer. É o apoio de quem, durante muito tempo, se comportou como algoz do PT.
Sei que, para muitos, é duro admitir, mas é justamente por isso que a declaração de Joaquim Barbosa tem mais peso do que as personalidades já identificadas com o campo progressista.
É dos admiradores de Joaquim Barbosa que a democracia depende nesse momento. De que adianta pregar a convertidos?
O Brasil está num dos momentos mais agudos da democracia, e é hora de buscar no outro aquilo que nos une, não o que nos separa.
Em 1945, para derrotar Hitler e os demais nazistas e fascistas, Churchil, Rossevelt e Stálin se uniram e traçaram estratégias comuns.
As diferenças — e eram muitas — ficaram para depois.
Este é o modelo a ser seguido em horas em que a civilização corre perigo. Não é uma questão de esquerda nem de centro ou centro-direita, talvez até direita (não a extrema), mas de enfrentar aquilo que ameaça o estilo de vida, a paz social.
Hoje é dia de conversar com aquele que vestiu camisa amarela e foi para as ruas protestar contra Dilma.
E, se possível, dizer: amigo coxinha, dá cá um abraço e vamos juntos salvar o Brasil.
As lideranças políticas e celebridades que se declaram neutras e dizem não apoiar nem um nem outro serão cobradas pela história.
Não há mais tempo a perder com elas.
Dirija-se à fonte do poder, sua excelência o eleitor, e especialmente àqueles que, até um tempo atrás, você via como adversário.
Obrigado, Joaquim Barbosa.
Você não se omitiu.
Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO - DCM
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