segunda-feira, 19 de março de 2018

Globo faz longa matéria sobre Marielle no Fantástico e ao final defende intervenção

Ao final da reportagem, aparece um repórter ao vivo de Brasília tornando evidente a tentativa da Rede Globo de se apropriar da narrativa da morte de uma ativista política, que sempre negou tudo que a emissora faz questão de defender – Facebook/Reprodução
Depois de entrevistar a assessora e vários integrantes da família de Marielle Franco, além da esposa de Anderson Gomes, ao final, a Globo mostra sua verdadeira intenção.

O Programa Fantástico criou grande expectativa sobre a reportagem que seria exibida na noite deste domingo (18) sobre o brutal assassinato da socióloga e vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e o motorista Anderson Gomes. Como de costume, a Globo realizou uma matéria bem produzida, sensível, emocional sobre a tragédia. Contudo, ao final, abriu espaço para o boletim de um repórter, ao vivo de Brasília, em frente ao Palácio da Alvorada, para dizer que o governo Michel Temer decidiu destinar alguns milhões de reais para a área da segurança pública e para garantir a intervenção no Rio de Janeiro, como se isso fosse remediar de alguma forma a tragédia ocorrida. O que eles “esqueceram” de mencionar é que a vereadora e ativista Marielle, desde sempre, fez questão de se posicionar visceralmente contra a intervenção militar no Rio de Janeiro e que era opositora radical ao governo Temer.
Como foi a narrativa
A reportagem entrevistou a assessora de Marielle, que deixou o Rio de Janeiro por razões de segurança; a namorada da socióloga, Monica Benício, que revelou que, entre idas e vindas, elas estavam juntas havia 12 anos. “A Marielle não estava sofrendo nenhum tipo de ameaça. Pelo contrário, estava em um momento muito feliz”, comentou, não escondendo a emoção.
Monica lembrou que conversou com Marielle momentos antes do crime. Ao chegar em casa e ver que a companheira não estava, tentou falar com ela, mas não conseguiu. “Ela mandou uma mensagem ‘já to no carro, vc tá precisando de alguma coisa? precisa que eu leve alguma coisa?’ Falei que não, entrei em casa, achei que ela fosse chegar um pouco primeiro. E 20 minutos depois ela ainda não tava em casa, eu achei aquilo esquisito”, diz Monica. “Aí liguei mais 20 vezes e fui começando a ficar muito desesperada porque ela não atendia”.
A matéria do Fantástico também ouviu os pais de Marielle, a irmã Anielle Silva, que criticou veementemente as calúnias propagadas nas redes sociais; a filha Luyara Santos, que disse que “é preciso lutar em busca de justiça”. Ao final da reportagem, aparece um repórter ao vivo de Brasília tornando evidente a tentativa da Rede Globo de se apropriar da narrativa da morte de uma ativista política, que sempre negou tudo que a emissora faz questão de defender.
Fonte: REVISTA FÓRUM

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