Veja o que você irá fazer com o seu voto. Depois não adianta chorar o leite derramado...
Por Douglas Yamagata
Muita gente deixou se empolgar pela TV e pela grande mídia, onde a ideia de que o país está mal é propagandeada 24 horas por dia. Mesmo sendo mentira, grande parcela da população se deixa contaminar pelos noticiários.
Muita gente não leva em conta o quão difícil foi para o Brasil chegar a um patamar de 7ª maior economia do mundo e o quanto seria nefasto um retrocesso à moda anos 90 na era FHC.
É bom lembrar, que muito se rotula o Bolsa-Família e discussões de cota e gênero (casamento gay etc...), e se esquece (ou não sabe) que muitas vezes o seu padrão de vida mudou nes
tes últimos 12 anos, graças aos governos democráticos-populares de Lula e Dilma.
Tem gente inclusive, que goza dos benefícios do Fies, Ciências sem Fronteiras, Programas Mais Médicos, ou simplesmente cursa ou se formou em uma faculdade criada pelo governo Lula-Dilma, mas se ilude que o mesmo padrão se manterá no governo Aécio.
Desta forma, é importante muita cautela neste momento, por que o país não está ruim. A estrutura do país está sendo concretizada, tais como ferrovias, aeroportos, hidrelétricas, entre outros... E temos a possibilidade dar um salto enorme à frente.
No entanto, com Aécio, temos muito a perder e retrocedermos muito além da década de 90. Vejamos por quê:
1) O PSDB É LIBERAL: O PSDB não é social-democrata como os tucanos pregam. Na realidade eles são liberais, cuja ideia principal é a do estado mínimo, onde o governo deve interferir o mínimo possível na sociedade e, principalmente, no mercado. Desta forma, os liberais se desfazem de tudo aquilo que é público ou estatal.
- O PSDB nunca serviu aos interesses do povo, mas sim aos interesses dos empresários e do mercado.
2) ENTREGA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO - No governo tucano de Fernando Henrique Cardoso (FHC), várias estatais foram vendidas à iniciativa privada (privatização), tais como a Cia. Vale do Rio Doce (que detém uma das maiores jazidas de minério do mundo); várias companhias de telecomunicação, como a Telesp, Telerj etc...; diversos bancos estaduais, como o Banerj e o Banespa (que foi vendido por 7 bilhões, quando só o seu patrimônio valia mais de R$30 bilhões), entre outras empresas importantes de abastecimento de água e energia. Houve a tentativa de privatizar a Petrobrás, inclusive FHC já tinha dado o novo nome e se chamaria Petrobráx. Todas as vendas das estatais foram feitas por um preço muito mais baixo do que elas realmente valiam.
- Ressalto que uma eventual volta do PSDB à presidência, certamente irá retornar o discurso de privatizações daquilo que não conseguiram privatizar: Banco do Brasil, Caixa, Petrobrás etc..., sob o argumento de que empresa pública é um gasto desnecessário ao país. A lógica é assim: eles deixam as empresas públicas virarem "sucatas" e dar prejuízo e depois vendem barato. Convenhamos que setores estratégicos ao país como água, luz, telecomunicações, bancos não deveriam jamais ser vendidas, mas os tucanos venderam a preço de banana. Certamente, eles irão querer vender o que resta de empresas públicas.
3) ESTADO MÍNIMO - Ainda na lógica do Estado Mínimo, o PSDB de Fernando Henrique sucateou a saúde, a educação e a habitação, investindo o mínimo nestes setores para forçar as famílias que tinham condições a procurarem serviços particulares tais como os convênios médicos, escolas particulares. Ou seja, oferecer uma péssima educação pública e uma péssima saúde pública para que os empresários (amigos deles) passassem a ganhar dinheiro com a saúde e educação.
- Em uma eventual volta do PSDB, diversos programas poderão ser exterminados, tais como os programas "Mais Médicos" e investimentos à educação predestinados dos recursos do Pré-Sal . Além disso, existe a possibilidade de extermínio de programas habitacionais como o "Minha Casa, Minha Vida". Vale lembrar o recente sucateamento da USP (Universidade de São Paulo que é pública) promovido pelo governo tucano de Geraldo Alckimin, onde se aventa inclusive o pagamento de mensalidade pelos alunos.
4) ARROCHO SALARIAL - Com relação aos salários, pode-se dizer que os trabalhadores praticamente não tinham nem a reposição da inflação em seus salários. Muitas empresas, ao invés de reajustar os salários davam "abonos", que era uma espécie de esmola aos trabalhadores.
- Em 2013, o presidente do Itaú, Roberto Setúbal, afirmou que a solução para conter a inflação era conter o reajuste de salários e demitir funcionários. Com o apoio de Marina Silva à Aécio Neves, há possibilidade real de que um eventual governo Aécio será de arrocho salarial, pois a principal apoiadora de Marina foi Neca Setúbal, que é uma das maiores acionistas e herdeira do Banco Itaú.
5) DESEMPREGO - O desemprego era algo assustador. Basta verificar que em 1999, a taxa de desemprego em São Paulo foi em torno de 19%. Nos anos FHC fomos o 2º país em número de desempregados no mundo. O desemprego era também uma ferramenta para arrochar salários, pois quem estava empregado tinha medo de perder o emprego, inibindo greves e mobilizações por melhores salários e condições de trabalho.
- É importante salientar que a taxa de desemprego no Brasil nos últimos anos tem girado em torno de 4,5% a 5%. Alguns setores têm carência de mão de obra, como é o caso da construção civil. Ter a maioria das pessoas empregadas não é interessante aos empresários, pois com todo mundo empregado, os empresários têm que pagar mais salários. Ou seja, existem poucos desempregados no mercado, fazendo com que os empresários tenham que se submeter ao salário exigido pelos trabalhadores.
6) SALÁRIO MÍNIMO - O salário mínimo na época de FHC também foi achatado. Basta ver que em 2002, último ano de FHC, o salário mínimo valia US$86,21 (medição em dólares). Hoje, em pleno governo Dilma, o salário mínimo já vale em torno de US$300,00. Apenas no governo Lula, o salário mínimo foi valorizado em 155% (em 2002 valia R$200,00 e em 2010 valia R$510,00).
- O salário mínimo é importante não só ao trabalhador mais pobre, mas também ao aposentado. Na década de 90, FHC chamou os aposentados de "vagabundos" quando pressionado por aumentos nas aposentadorias. Além disso, FHC criou o Fator Previdenciário, que é uma espécie de "pedágio", onde o trabalhador deve trabalhar um tempo a mais para se aposentar. A ideia de Marina Silva e que deve ser abraçado por Aécio é a da desindexar o salário mínimo da percentual da inflação. Ou seja, não pagar nem sequer a reposição da inflação, como aconteceu nos tempos de FHC. Além disso, não se vislumbra em um governo Aécio, a possibilidade do fim do fator previdenciário.
7) FLEXIBILIZAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS - O governo tucano de FHC inaugurou a política de aniquilamento das leis e direitos trabalhistas. O governo dele foi responsável pelas terceirizações e flexibilizações nas leis trabalhistas (criação de banco de horas, contrato parcial de trabalho, suspensão de contrato de trabalho, formas de remuneração variável, entre outras).
- Os empresários e o PSDB, argumentam que o custo do trabalho é elevado, sendo necessário flexibilizar a CLT e as leis e direitos trabalhistas para aumentar a competitividade. No entanto, o custo do trabalho no Brasil está entre os menores do mundo. As flexibilizações das leis trabalhistas significa dar aos patrões mais lucros e pagar menos salários e direitos aos trabalhadores. Há inclusive, diversos projetos de leis com o objetivo de terceirizar qualquer posto de trabalho, tanto público como privado. A mais famosa é o PL 4330 que atualmente foi engavetado por pressão dos trabalhadores. Marina Silva que apóia Aécio Neves é uma das defensoras de que as leis trabalhistas devem ser mexidas. Há também, projetos apoiados pelos tucanos, tais como o fim da multa de 40% sobre o fundo de garantia no momento da demissão. Sem contar com a intenção de muitos empresários de acabar com as férias e 13º salários, por exemplo.
8) INDEPENDÊNCIA DO BANCO CENTRAL - Tanto Marina Silva e Aécio Neves defendem a independência do Banco Central. Isso significa dar à iniciativa privada a prerrogativa de administrar a política econômica do país, inclusive com poderes de administrar a inflação e a taxa de juros. Ou seja, é tirar a prerrogativa do presidente em intervir na política econômica. Todos nós sabemos que Marina Silva têm a seu lado uma representante do Banco Itaú que é a Sra. Neca Setúbal; e que Aécio Neves também têm a seu lado Armínio Fraga, que foi ex-presidente do Banco Central. Ambos defendem que o Banco Central deve ser independente, ou seja, entregar a política econômica nas mãos dos banqueiros.
- A independência do Banco Central deixará livre para que os bancos privados cobrem o quanto quiser de juros (taxa selic). Basta lembrar, que os bancos privados (Itaú, Bradesco, entre outros) são os maiores detentores de títulos públicos. Os bancos ficarão livres para cobrarem os quanto quiser nas taxas de juros para ganhar mais dinheiro. Quando o governo Dilma baixou a taxa de juros para 7,5% os bancos foram os que mais reclamaram, pois estavam ganhando menos dinheiro. É bom observar, que no governo Fernando Henrique a taxa de juros chegou a 45% e hoje é em torno de 11% a 12%. Dar independência ao Banco Central é deixar os "lobos cuidarem das ovelhas".
9) REALINHAMENTO COM OS ESTADOS UNIDOS: O governo FHC tinha uma política econômica alinhada com o governo dos Estados Unidos. Na época, FHC apoiou a proposta da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), cuja intenção dos Estados Unidos era permitir que os produtos de qualquer país das Américas pudessem ser vendidos a baixo custo em qualquer dos países signatários da Alca. O pretexto era de que isso geraria competitividade entre as empresas e países. No entanto, a proposta foi engavetada muito por conta dos movimentos sindicais e sociais, que viram na proposta da Alca uma oportunidade de domínio total dos Estados Unidos sobre os países da América.
Tanto as proposta de Marina, quanto de Aécio, defendem um realinhamento econômico e comercial com o Estados Unidos como os países centrais. Se fosse aprovada a Alca na época de FHC, o Brasil e países da América Latina, seriam invadidos por empresas e produtos estrangeiros o que levaria a falência de diversas empresas locais e milhões de desempregos. No entanto, mesmo não se consolidando a Alca, FHC facilitou a entrada de produtos estrangeiros, levando a falência de milhares de empresas brasileiras. Desta forma, o que se vislumbra com um governo tucano é a volta dessas propostas, o que significa uma verdadeira entrega da soberania econômica e comercial do país nas mãos do governo estadunidense, transformando o Brasil e a América Latina numa espécie de "quintal" dos Estados Unidos.
10) CONCLUSÃO - Legitimar um possível governo Aécio significa retroceder 12 anos em apenas 4 anos. Na visão liberal do PSDB, não se valoriza as questões sociais, apenas a questão econômica voltada para o grande capital (grandes bancos, investidores e empresários). Significa seguir modelos ortodoxos, cortando gastos sociais e o mínimo investimento do Estado no país. Significa aniquilar de vez a soberania do país, deixando que a economia siga conforme o gosto dos donos do grande capital. A inflação, a taxa de juros e o desemprego serão as grandes ferramentas de controle para manipulação da sociedade. Observa-se atualmente que a Europa tem seguido estes modelos ortodoxos, com forte desemprego, retirada de direitos trabalhistas e direitos sociais da população. Este é o caminho a ser trilhado por um eventual governo Aécio, pois pouco importará se as pessoas estarão empregadas ou se as pessoas terão os seus direitos assegurados. O que importará é o enriquecimento das grandes empresas (talvez somente as estrangeiras), dos bancos e dos grandes especuladores financeiros. Neste momento de crise mundial, o Brasil tem conseguido se superar, onde o governo Dilma têm formulado "receitas caseiras" para que a sociedade não seja atingida pela crise. Mas com a política que surgirá com Aécio, tudo isso se desmantelará e seguirá a mesma receita dos países europeus. Portanto, se você acha que está ruim, tudo poderá ficar muito pior.
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