Revelando o racha interno no PSB depois que a Executiva Nacional do partido decidiu, por maioria dos votos, apoiar o tucano Aécio Neves do (PSDB), o presidente do partido, Roberto Amaral, disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, nesta sexta-feira (10), que um setor pernambucano age como se a legenda fosse espólio do ex-governador Eduardo Campos e classificou a postura como “coronelismo, enxada e voto”.
Amaral, que defendia a independência do partido no segundo turno da campanha, disse que o PSB, ao apoiar Aécio, estava “traindo a história do partido”. Ele completa: “Em outras palavras, quando o Partido Socialista Brasileiro teve a oportunidade de avançar, de se preparar para construir uma proposta de socialismo para o século 21, ele optou pelo patriarcalismo, ou, se quisermos, pelo coronelismo”.
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Segundo Amaral, essas lideranças articulam internamente para lançar um candidato à Presidência da legenda na eleição marcada para segunda-feira (13).
“Mesmo quando o engenho vai à falência e o filho do dono do senhor do engenho vai morar em Boa Viagem [principal avenida do Recife], ele continua ideologicamente senhor de engenho. Isso tem consequências em tudo. No seu relacionamento com as pessoas, com as coisas, com as instituições. Ele fica preso ao engenho que já se acabou. Volta às formas tradicionais de dominação, que determinam as formas tradicionais de fazer política. Isso está sendo levado à eleição do PSB. Esse é o perigo que eu aponto. Poderá marcar profundamente o partido”, disse Amaral.
Nome aos bois
Essa postura, de acordo com Amaral, está sendo tomada pela direção do PSB de Pernambuco, que comandou a campanha pela adesão a Aécio. “É uma máquina, não são as pessoas”, definiu Amaral, afirmando que tem um e-mail datado do dia 27 de agosto e assinado por Sileno Guedes, presidente do partido no estado, e pelo prefeito Geraldo Júlio, se comprometendo a apoiar a sua candidatura.
“Mas pela imprensa vejo que usam também o estilo ‘esqueçam o que escrevi’ e saem notas dizendo que não vão respeitar o que eles mesmos escreveram. Fazem um compromisso e depois o transformam em letra morta”, disparou Amaral.
Motivos
O presidente do PSB atribui esse ataque à sua posição contrária ao apoio a Aécio Neves. “De uns 15 dias para cá, começaram a aparecer notinhas nos jornais que tentam me reduzir a um agente da presidente Dilma Rousseff e a agente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa tentativa busca a minha desqualificação ética e ideológica, como se a disputa pela Presidência do partido fosse uma disputa de pessoas, quando se trata de uma disputa entre uma visão de esquerda contra uma visão conservadora. Represento os companheiros de partido querem conservar o PSB na esquerda”, pontuou Amaral.
PSB da Bahia oficializa apoio a Dilma
O diretório estadual do PSB da Bahia oficializou nesta sexta-feira (10) apoio à reeleição da presidenta Dilma Rousseff na disputa do segundo turno. Em nota oficial, o diretório afirma que a presidenta “está menos distante do posicionamento político e ideológico” do partido.
O documento destaca que o partido, nacionalmente, optou por Aécio Neves, do PSDB, mas o diretório não endossava a decisão porque o projeto dos tucanos para a Bahia “é representado pelas forças de direita às quais nos opusemos durante toda a nossa vida política” e por isso decidia “por maioria, apoiar a reeleição de Dilma Rousseff à Presidência da República”.
A nota enfatiza a posição programática “na defesa da proposta de 10% do PIB nacional para Educação e 10% da receita bruta da União para a Saúde”, o que converge com o plano de governo de Dilma.
A senadora Lídice da Mata, presidente do partido no estado, já havia manifestado sua posição contrária ao apoio a Aécio. “De jeito nenhum apoiaria Aécio”, disse a senadora à coluna Satélite, do jornal Correio. E completou: “Marina Silva vai ter uma posição com a Rede e o PSB vai ter a sua. Elas podem coincidir ou não. Pensar, eu penso em um lado”.
Com informações de agências.
Fonte: Portal Vermelho: http://www.vermelho.org.br/noticia/251166-1
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