domingo, 15 de agosto de 2021

116 ANOS DO NASCIMENTO DA POETA COMUNISTA LILA RIPOLL! - Por WALTER SORRENTINO

 

Em 12 de agosto de 1905, nasceu na cidade de Quarai/RS a poeta comunista, escritora, pianista, professora e lutadora social Lila Ripoll.

Desde cedo desenvolveu atividades culturais junto aos sindicatos operários.

Em 1935, integrou-se à Aliança Nacional Libertadora.
Foi uma das idealizadoras da Revista HORIZONTE, criada em 1946, e colaborou com o jornal A TRIBUNA,
Em 1950, foi candidata comunista à deputada estadual.
Em 1951, organizou em Porto Alegre o 4°Congresso Brasileiro de Escritores.
Publicou diversos livros de poesia, de forte conteúdo social e político, mas sem cair no panfletarismo.
Por sua obra poética recebeu o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras, e o Prêmio Pablo Neruda da Paz do Conselho Mundial da Paz, entre outros.
Na crise da Legalidade, em 1961, esteve na linha de frente da resistência, junto com seus camaradas.
Em 1964, foi presa pelos militares golpistas .
Veio a falecer de câncer em 7 de fevereiro de 1967.
Transcrevo a seguir o seu poema ELEGIA, publicado em setembro de 1951, em homenagem a quatro militantes comunistas – Aladin Rosales, Abdías da Rocha, Aristides Corrêa Leite e Ary Kulman (os “4 As”) – assassinados a tiros pela polícia, em Santana do Livramento, no ano de1950.
Raul Carrion

ELEGIA

Os homens tombaram,
tombaram sem medo,
singelos, heróicos,
severos e graves,
à luz do luar.

No rosto de espanto
brilhava a certeza,
no porte estendido,
calado, eloquente,
vivia uma história,
mas não familiar.

A noite sangrenta
caiu demorada.
O sangue brotava
dos corpos, das almas,
da terra ofendida
dos altos gemidos.

E os homens tombados,
singelos,
heróicos,
severos e graves,
na rua estendidos,
calados estavam,
mas não esquecidos.

Rosales e Kulman,
irmão Aristides,
e tu Abdias,
herói camponês
— de vida singela,
de sonho tão alto —
esperem confiantes
que a aurora desponte
no céu de amanhã.

E tu Livramento,
por quantos choraste?
Que mãos se crisparam
de dor e revolta?
Que vozes se ergueram,
na noite passada?

O pranto desborda
e o sangue também.
As rosas vermelhas
se espalham no chão.

Os mortos, os mortos,
tenazes e fortes,
estão relembrando
que há outra alvorada.

No porte estendido,
calado, eloquente,
os home tombados,
severos e graves,
apontam caminhos,
desfraldam bandeiras,
nas ruas, nos campos,
nos rios e no mar.

Tombaram sem medo,
singelos,
heróicos,
severos e graves,
à luz do luar.

Lila Ripoll

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