Sobre a Globo: "Boicotaram a greve ontem, mas hoje
tiveram que fingir uma surpresa de que tinha uma greve"
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Apesar do bloqueio de informação e da
"tentativa da mídia tradicional de provocar um ruído na convocação",
unidade popular e sindical levou movimento a "todo o lado e toda a
parte", diz sociólogo
por Eduardo
Maretti, da RBA*
São Paulo – Ainda antes de um balanço final sobre o dia 28 de abril e da
greve geral que paralisou grande parte do país, o sociólogo Laymert Garcia dos Santos afirma que as
mobilizações e a greve em si, finalmente, permitem vislumbrar o horizonte com
otimismo. Ele destaca a “amplitude e grau de penetração” da greve entre a
população.
“Não foi só nas grandes cidades, mas em todo o lado e toda a parte. Primeiro,
porque os sindicatos, centrais e movimentos sociais estão unidos e com uma
capacidade de organização impressionante. Apesar do bloqueio de informação e da
tentativa da mídia tradicional de provocar um ruído na convocação, não tenho
lembrança de uma greve com esse alcance.”, diz. “Você abre portais na internet
e vê uma tentativa totalmente enviesada de informar o mínimo possível e
desinformar o máximo.”
No contexto midiático, a reação da Globo foi interessante. ““Eles boicotaram a greve ontem (27),
mas hoje de manhã tiveram que fingir uma surpresa, de que tinha uma greve. Ou
seja, acabaram tendo de falar sobre isso de alguma maneira.”
O sociólogo destaca ainda como marcante o posicionamento do líder do
MTST e coordenador da Frente Povo sem Medo, Guilherme Boulos, apontando para
desdobramentos futuros do movimento, sublinhando que, mesmo tendo sido
histórica, as mobilizações não param por aqui, pelo contrário. “Boulos colocou
essa greve como um marco não apenas de um acontecimento histórico, mas dizendo
que esse marco vai trazer efeitos para uma mobilização futura. Isso, sobretudo,
conta muito”, avalia.
“Quando a gente diz que nunca aconteceu uma coisa tão importante como
essa greve, é como se tivesse chegado num pico e então só pudesse declinar, já
que se chegou no máximo. Acho que hoje não foi o máximo, esse é o começo que
mostrou uma capacidade de luta que vai ter um efeito importante. É um marco,
sim, mas é um marco para a frente. Isso é o principal”, acrescenta Laymert.
Em artigo na Folha de S. Paulo de hoje,
Guilherme Boulos e Raimundo Bonfim, coordenador geral da Central de Movimentos
Populares (CMP), afirmaram: “Caso os ouvidos de Brasília permaneçam surdos à
vontade da maioria, mesmo com o forte recado de hoje, o país poderá entrar de
forma mais profunda na rota do conflito social. O ensinamento histórico é
claro: quando se forma um abismo entre o povo e quem deveria representá-lo,
abre-se o caminho para convulsões e desobediência civil”.
*http://www.redebrasilatual.com.br
Postado por JÚLIO GARCIA
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