Faltam 20 meses e meio para que Michel Temer volte em definitivo para São Paulo. Será um suplício acompanhar cada manhã de uma presidência-tampão comandada por um político que sonhava em passar à história como um novo Itamar Franco e fica cada dia mais parecido com José Sarney. As delações da Odebrecht, que invadem os lares dos brasileiros em jorros amazônicos desde o início da semana, empurraram a gestão Temer da enfermaria direto para a UTI. Os principais operadores da política trabalham com a perspectiva de que Temer concluirá o seu mandato. Não mais por méritos, mas por absoluta falta de alternativa.
Em meio a uma atmosfera de franca promiscuidade, as autoridades erguem as mãos para o céu em agradecimento ao feridado cristão. Atônito, o governo tenta se reposicionar em cena. Por ora, Temer acalenta a fantasia de que conseguirá manter as fornalhas do Congresso acesas, para aprovar todas as propostas necessárias à retomada do crescimento econômico. Nem a equipe econômica do governo acredita nesse milagre.
Robson Pires
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