O capitalismo brasileiro se caracterizou, historicamente,
pela exploração intensa e extensa da força de trabalho. Como é uma burguesia
que chegou tarde no mercado internacional, quando este já estava constituído,
controlado pelas grandes potências imperialistas, que se apoderavam dos
melhores territórios e montaram suas fontes de riqueza, as burguesias
periféricas, como a brasileira, aprofundou a exploração da força de trabalho
como forma de baratear os custos e os preços dos seus produtos de
exportação.
Em vez de aumentar a produtividade do trabalho, pela maior
qualidade tecnológica e organização da produção, se baseou nesses mecanismos de
superexploração que, por sua vez, achataram o poder de consumo do mercado
interno de caráter popular e a obrigaram a centrar sua acumulação de capital na
exportação e no consumo de luxo, isto é, da classe media alta e da burguesia.
Neste século, com governos que ampliaram o mercado interno de
consumo popular, com ampla distribuição de renda, a margem de superexploração
da classe trabalhadora diminuiu relativamente, causando desgosto para o grande
empresariado. Este concentra seus lucros na especulação financeira – de que o
sistema bancário privado é seu instrumento essencial –, na sonegação, nos
paraísos fiscais, na exportação (em que a soja tem um papel essencial).
Seus lucros não dependem do consumo interno de caráter
popular, por isso nunca se adaptaram ao modelo de desenvolvimento econômico com
distribuição de renda. Não dirigem seus investimentos para produzir o que as
amplas camadas populares que passaram a ter poder de compra, mas para produtos
tecnologicamente sofisticados, de consumo das altas esferas do mercado.
O grande empresariado e os economias neoliberais, que são seus
porta-vozes, alegam que os empresários especulam e sonegam, em vez de realizar
investimentos produtivos, porque os custos de contratar trabalhadores com
carteira de trabalho seria muito alto e os impostos igualmente elevados. Quando
voltam a se apropriar do governo, o primeiro que fazem é tratar de baratear a
contratação de mão de obra e buscar diminuir impostos, além de intensificar a
sonegação.
O aumento da produtividade, historicamente, se deu, quando os
empresários não puderam mais dispor da força de trabalho em jornadas de dez, 12
ou 14 horas diárias. Ao terem à sua disposição o trabalhador por oito horas,
tiveram que intensificar a exploração da mão de obra, melhorando a organização
da produção e o uso da tecnologia.
Aqui, os empresários dizem que querem aumentar a
produtividade aumentando a jornada de trabalho. Um empresário da Fiesp, desses
que almoça duas horas e meia todo dia na região da Avenida Paulista, gastando
um dinheirão, disse que uma hora é muito tempo para o trabalhador almoçar. Que
poderia, segundo ele, como faria o trabalhador norte-americano (o que é uma
mentira mais que contam), comer sanduíche com uma mão e manejar a maquina com a
outra. Ou uma jornada de 12 horas diárias, conforme as necessidades do capital.
Isso é aumentar a superexploração dos trabalhadores, não tem nada a ver com
elevação da produtividade do trabalho.
Um dos eixos econômicos e sociais da ditadura golpista é o de
elevar ainda mais as condições de exploração da mão de obra. Os outros dois são
a privatização de todo o patrimônio publico, com as privatizações, e a redução,
por pelo menos 20 anos, dos recursos para políticas sociais.
Se trata de uma verdadeira e descarada ditadura do capital
sobre o trabalho. A luta pela defesa do emprego, dos salários e das conquistas
históricas conseguidas pela classe trabalhadora, é um dos combates centrais
hoje no país. Do seu sucesso depende a inviabilização do governo golpista e sua
derrubada, com o povo brasileiro reconquistando o direito de ser dono dos
destinos do Brasil.
Fonte: Rede Brasil Atual
C/ Portal Vermelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário