O político Roberto Amaral falou sobre o atual momento da política nacional, Eduardo Cunha e muito mais.
Na expectativa de responder de forma unitária aos desafios da conjuntura brasileira, os movimentos sociais tem se articulado para exigir outra política econômica e lutar contra o avanço do conservadorismo no país. O desafio está entre os temas de debate do movimento estudantil e integrou as discussões do 41º Congresso da UBES, que aconteceu em Brasília (DF) entre os dias 12 e 15 de novembro.
Ex-presidente de grêmio e atuante entre os secundaristas quando mais jovem, o ex-presidente do Partidos Socialista Brasileiro (PSB) Roberto Amaral compôs a lista de debatedores do evento e falou em entrevista ao site da UBES sobre o atual quadro político do Brasil e a importância da atuação dos movimentos sociais. Leia na íntegra.
UBES: Como você enxerga a atual conjuntura do país diante dessa onda de conservadorismo, em que alguns defendem o impeachment da presidência e até a ditadura militar?
ROBERTO AMARAL: É o que chamo de “ovo da serpente”, a preparação visível da direita para criar um clima de violência e intolerância na construção do conservadorismo. Há sinais de uma tentativa de reprimir o livre trânsito da convivência pública. Hoje, o ataque é contra a esquerda, amanhã será contra as mulheres, negros e trabalhadores.
A direita parece que se arrefeceu na defesa do impeachment clássico por falta de base parlamentar, buscam uma nova forma de impedir o governo de governar. É um quadro muito grave, requer da esquerda muito amadurecimento e reflexão, para que possamos superar o conflito entre a defesa de Dilma e a crítica à política econômica.
UBES: A democracia pode estar ameaçada? Neste sentido, o que acontece diante do surgimento de fortes evidências do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter praticado sonegação fiscal e evasão de dívidas para contas na Suíça?
R.A: Lamentavelmente, o Eduardo Cunha não é uma liderança artificial, ele representa setores significativos da política e do empresariado brasileiro que o apoiam. Ele está desfazendo dentro do Congresso Nacional as poucas conquistas que tivemos na Constituinte de 1988, uma operação que ataca o direito dos trabalhadores, demarcação dos índios, defendendo a quase impunidade dos estupradores, contra os direitos sociais das mulheres e a revogação do desarmamento. É a política do retrocesso e da bala, pedindo a atual revogação do desarmamento. Cunha precisa ser enfrentado independentemente da sua condição.
UBES: E qual é o papel da mobilização dos movimentos sociais neste cenário adverso, através da formação das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo?
A alternativa que temos é a orientação popular. Temos que defender por princípio o nosso governo, mas não precisamos defender sua política econômica, esta é a posição da Frente Brasil Popular, articulação das massas que veio da sociedade, do movimento social, com a participação da UBES, da UNE, CTB e MST.
UBES: Como o senhor enxerga a participação da juventude?
O movimento estudantil pode desempenhar um papel essencial, nas escolas, bairros, estados e onde houver brasileiros preocupados em preservar a democracia, a legitimidade do voto e os direitos dos trabalhadores. Essa é a alternativa, nos organizarmos, enfrentamos o monopólio da informação nos grandes meios que lamentavelmente tem investido os últimos doze anos contra o governo. O que nos resta de mais precioso é o movimento social, os estudantes e os trabalhadores articulados.
Fonte: UBES
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