domingo, 22 de março de 2015

PCdoB 93 anos: presente na história, construindo o futuro



Já faz parte da história a famosa cena. Dois alfaiates (Joaquim Barbosa e Manuel Cendón), um advogado (Cristiano Cordeiro), um barbeiro (Abílio de Nequete), um eletricista (Hermogêneo Fernandes da Silva), um gráfico (João da Costa Pimenta), um jornalista (Astrojildo Pereira), um pedreiro (Elias da Silva) e um vassoureiro (Luís Pérez), estão em uma casa na Rua Visconde de Rio Branco, em Niterói, Rio de Janeiro. Em determinado momento levantam-se, sérios e solenes, e cantam baixinho, para não atrair a atenção da repressão, o hino A Internacional. Está fundado o Partido Comunista do Brasil, em 25 de março de 1922. 

Herdeiro e conseqüência de todas as lutas por justiça e liberdade de que já era rica a história do povo brasileiro, o Partido nasce inspirado pela Revolução Soviética na Rússia. A heróica ousadia dos bolcheviques ao estabelecerem, pela vez primeira, um poder estatal autenticamente operário e estável, que já durava há quase cinco anos, empolgava os proletários de todo o mundo, e também os brasileiros. 

O Partido inicialmente adotou a sigla PC-SBIC, (Partido Comunista – Seção Brasileira da Internacional Comunista), que foi trocada pouco tempo depois por PCB e, finalmente em 1962, PCdoB, tendo durante todo este tempo permanecido com o mesmo nome da fundação: Partido Comunista do Brasil.

O PCdoB representou para os trabalhadores um salto gigantesco à frente em sua organização e capacidade de articulação política. Ideias ousadas e avançadas, que viviam em estado germinativo, começam a ganhar nova força e uma voz mais potente. Circulam, com incômoda insistência, enunciados que horrorizam a burguesia: os trabalhadores eram os verdadeiros donos de todas as riquezas, os burgueses e latifundiários, os culpados e promotores da miséria, apenas um novo regime, o socialismo, seria capaz de acabar com este estado de coisas. 

Muitas características do Partido eram repudiadas pela “sociedade” tradicional. Por exemplo, as mulheres, no Partido Comunista, desempenhavam tarefas políticas antes reservadas aos homens, afinal mulheres nem podiam votar, como era isso de abandonarem as tarefas do lar?

Os comunistas então eram acusados de “promiscuidade” e de quererem destruir a família. 

Em 1930, o Partido lança um operário negro, Minervino de Oliveira, como candidato a presidente da República. Mais uma afronta à elite brasileira, majoritariamente rural e de um reacionarismo feroz o que, como vemos hoje, deixou fortes raízes. Minervino e Octavio Brandão (dirigente nacional do Partido) foram os primeiros parlamentares do PCdoB, eleitos para o cargo de intendente (vereador) em 1928 no município do Rio de Janeiro.

O Jornal A Classe Operária, órgão oficial do Partido, fundado em 1925, noticiou assim o acontecimento: “Vitória! Vitória! Pela primeira vez na história do Brasil, após 428 anos de luta, os trabalhadores abrem uma brecha nas formidáveis muralhas do legislativo e penetram na cidadela inimiga para iniciar uma política de classe independente”. 

A nova organização era constantemente perseguida e ilegalizada. Seus militantes não raro eram presos, sofriam torturas e muitos foram assassinados sem que, no entanto, o Partido jamais deixasse de funcionar e exercer sua atividade revolucionária.

O PCdoB foi então atraindo cada vez mais proletários, estudantes, intelectuais e artistas. No século 20, a partir da década de 30, a maioria dos protagonistas do que havia de melhor na produção artística e intelectual da nação foi militante ou simpatizante do Partido Comunista do Brasil.

O país, em todos os momentos de ditadura e de ameaça às liberdades, contou sempre com o PCdoB na vanguarda da resistência democrática. 

Neste março de 2015, é pedagógico recordar a saga dos comunistas, de braços dados com todos os demais patriotas e democratas, na luta pela criação da Petrobras e pela exigência de que o governo Vargas declarasse guerra aos fascistas, o que ocasionou a formação da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutou contra os nazistas alemães na Itália. 

Assim, a comemoração dos 93 anos do PCdoB não é uma festa restrita às fronteiras partidárias. Todos os que amam o Brasil, a democracia e a justiça social, comemoram com os comunistas.

Costuma-se dizer que se mede o grau de democracia no Brasil pela existência legal do Partido Comunista. De fato, o Brasil vive sua fase de maior democracia, e não por acaso o Partido também comemora em março deste ano, três décadas de legalidade, o mais longo período de atuação legal da trajetória dos comunistas.

O Portal Vermelho, que tem profunda ligação com o ideal comunista e revolucionário, saúda o PCdoB e reverencia a memória de todos os homens e mulheres, proletários, estudantes e intelectuais que abnegadamente deram suas vidas para que a bandeira vermelha da foice e do martelo chegasse altiva aos dias de hoje.

Seria fugir aos limites deste editorial, que representa apenas uma singela homenagem ao PCdoB, fazer um apanhado da rica gama de lutas que marcaram os 93 anos ou uma lista dos heróis e mártires desta longa e gloriosa história, mas registramos, entre tantos que poderiam e mereceriam ter seus nomes citados, alguns personagens simbólicos que abarcam uma geração decisiva para o caráter e a formação do Partido: João Amazonas, Maurício Grabois, Luis Carlos Prestes, Olga Benário Prestes, Carlos Marighella, Diógenes Arruda, Pedro Pomar e Elza Monerrat. 

O Partido comemora seu aniversário em um momento de ofensiva da direita. Porém, a experiência acumulada por esta organização proletária, de Astrojildo Pereira, o primeiro secretário-geral, até Renato Rabelo, atual presidente, mostra que o Partido se agiganta nas crises. O PCdoB, ao mesmo tempo em que é um patrimônio inelutável da história brasileira, também encarna, hoje, as esperanças do futuro. As esperanças de um porvir socialista, rumo ao comunismo, repousam principalmente, sobre o Partido Comunista do Brasil. O comunismo é a juventude do mundo e, aos 93 anos, o PCdoB é a juventude do Brasil.

Portal Vermelho

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