Após
intimação da Suprema Corte, até o ministro da Justiça anunciou aumento do
efetivo para reestabelecer a normalidade. Chefe do Executivo, Bolsonaro não se
pronuncia desde o domingo permitindo a desordem.
Mesmo
após a determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de
Morais, na última segunda-feira (31), para que a Polícia Rodoviária Federal (PRF)
agisse para dispersar os atos de arruaça de apoiadores do presidente Jair
Bolsonaro (PL), que contestam o resultado democrático das urnas e que elegeu
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda há 260 pontos de bloqueios em
rodovias em pelo menos 21 estados brasileiros.
Em
nota, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL-CUT)
contesta a afirmação de alguns manifestantes de que o movimento partiu de
caminhoneiros e aponta que pode ter havido a participação de grupos que
defendem intervenção militar, incitando eleitores mais exaltados a promoverem
tais atos. É “falsa alegação de que a manifestação é dos caminhoneiros”, diz a
entidade.
“Os
caminhoneiros autônomos e celetistas são vítimas desses bloqueios, uma vez, que
esses grupos contrataram fretes de caminhões caçambas com pedras e terras para
dificultar a passagem nas rodovias, fato que se configura crime”, diz trecho da nota assinada pelo
presidente da entidade, Paulo João Eustasia.
Silêncio
e desordem
A
desordem nas estradas ocorre paralelamente ao silêncio sepulcral de Bolsonaro, primeiro presidente
derrotado a não se pronunciar logo após o resultado do pleito, desde
1989, quando foram realizadas as primeiras eleições após a ditadura militar
(1964-1985).
A dura e
firme decisão do STF contra a baderna
A
decisão de Moraes sobre os atos ilegais nas estradas foi referendada pelos
demais ministros da Corte, em sessão virtual na madrugada desta terça-feira
(1°). Acompanharam a decisão os ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin,
Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Rosa Weber e Dias Toffoli, formando maioria.
Além
de ordenar à PRF e polícias militares “para que tomem as medidas necessárias e
suficientes”, Moraes intimou o diretor-geral da PRF, o bolsonarista Silvinei Vasques,
a agir, sob pena de multa de R$ 100 mil por hora, em caráter pessoal, e de ser
afastado de suas funções, até de ser preso em flagrante, por crime de
desobediência, “em face da apontada omissão e inércia da PRF”, Moraes também
intimou diversas autoridades a tomarem providências.
Ainda
nesta segunda-feira, o ministro da Justiça, Anderson Torres, determinou o
reforço do efetivo de policiais federais para normalizar o trânsito nas
rodovias. Pelas redes sociais, na manhã desta terça, o ministro informou que a
PRF segue atuando “ininterruptamente no desbloqueio de estradas”.
O
Ministério Público Federal (MPF) também pediu explicações à PRF sobre
providências adotadas para manter o fluxo nas rodovias. A subprocuradora da
República Elizeta de Paiva Ramos pediu que a corporação também informe a
relação completa de trechos bloqueados.
Ação
Em
São Paulo, o governador Rodrigo Garcia (PSDB), em entrevista à imprensa, afirmou
que, no estado, o uso da força será aplicado, se necessário. Durante coletiva
na manhã desta terça, ele afirmou que a fase de diálogo foi encerrada e a PM
fará intervenções efetuando até prisões, se necessário.
“Agora
pela manhã, em virtude da decisão do STF, as negociações se encerraram e, a
partir de agora, nós vamos aplicar o que determina a decisão judicial,
iniciando com multas de R$ 100 mil por hora para cada veículo que esteja
contribuindo com a obstrução, a partir daí fichando e eventualmente prendendo
aqueles manifestantes que, porventura, resistirem a desobstruir as vias e, se
necessário, o emprego de uso de força”, disse o governador.
Garcia
ainda reforçou, na contramão do que incitam os arruaceiros que insistem em
contestar as urnas, que a democracia será respeitada no estado. “As eleições
acabaram, nós vivemos em um país democrático, São Paulo respeita o resultado
das urnas e nenhuma manifestação vai fazer com que a democracia do Brasil
retroceda (...) Aos vencedores, o mandato; aos perdedores, o reconhecimento da
derrota”, disse.
Ainda
em São Paulo, bloqueios no acesso ao Aeroporto Internacional, em Guarulhos,
chegaram a provocar cancelamento de voos, mas o local já foi liberado. As
cenas registradas nas redes sociais mostraram passageiros tendo de seguir até o
terminal a pé.
A
dispersão no local ocorreu após a PRF ter de usar spray de pimenta nos
manifestantes.
Revolta
Em
vários locais a população, sentindo-se ferida em seu direito de ir e vir, já
tem se rebelado contra os fascistas. Em Angra dos Reis, Rio de Janeiro,
metalúrgicos se expuseram ao risco de violência dos bolsonaristas para
desbloquear a via. Um ônibus dos trabalhadores chegou a a ser atacado com
pedras.
Atos
ilegais
O
movimento dos apoiadores de Bolsonaro começou por volta das 19h de domingo,
logo após o TSE proclamar a eleição de Lula como novo presidente da República.
Orquestrado, a baderna teve início em regiões onde o atual presidente teve
maioria dos votos, como o estado de Santa Catarina. Um dos protestos foi feito
em frente a uma unidade das Lojas Havan, de propriedade de Luciano Hang,
apoiador de Bolsonaro.
Um
dos caminhões da Havan, que participava da balburdia, chegou a ficar preso no
desnível da pista ao tentar bloquear a via, em Santa Rita, no Rio Grande do
Sul.
Um
levantamento feito pelo PortalCUT com os dados das cerca de 500 denúncias de
assédio eleitoral no período pré-eleições mostra uma coincidência entre os
locais onde mais houve bloqueios e a maioria das regiões onde houve ocorrências
de assédio. São as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Prejuízos
à sociedade
Nesta
segunda-feira, empresas de transportes rodoviários chegaram a cancelar horários
por causa dos bloqueios. A Via Dutra, principal ligação entre São Paulo e Rio
de Janeiro também registrou bloqueios que atrasaram em mais de 10 horas as
viagens dos ônibus. Muitas famílias ficaram mais de 15 horas paradas nas
estradas, sem comida e sem água.
O
setor empresarial que, em parte, apoiou o atual presidente, já começa a amargar
prejuízos pelos protestos. Atrasos em entregas de produtos, no abastecimento de
alimentos e de combustíveis já prejudicam operações.
Em
várias cidades do Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e no interior de São Paulo
como Sorocaba e Ribeirão Preto foram registradas filas em postos de
combustíveis porque os trabalhadores que temem o desabastecimento.
No RN,
PRF desbloqueia BR-101 e libera o trânsito na capital potiguar
Agentes
da PRF trabalharam para conter a baderna e, na manhã dessa terça liberaram a
BR-101 e as vias da capital potiguar, que estava ocupada por um pequeno grupo
de arruaceiros.
O
protesto começou em frente ao 16° Batalhão de Infantaria Motorizado do
Exército, na movimentada Avenida Hermes da Fonseca.
Em
Parnamirim, terceiro maior colégio eleitoral do RN e única cidade em que
Bolsonaro venceu no estado, manifestantes realizaram bloqueio total da BR 101,
nas primeiras horas da manhã dessa terça. Por volta das 8h agentes da PRF foram
ao local para restabelecer o tráfego e conter os manifestantes que
estavam queimando pneus e fazendo barricadas na rodovia. Os policiais liberaram
as vias de acesso na entrada da cidade e para os estados da Paraíba e
Pernambuco.
Fonte: CUT NACIONAL
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