É interessante perceber que Osama Bin Laden poderia ser um daqueles afegãos que dão uma forcinha ao Rambo...
- por André Lux, crítico-spam
“Rambo III" é sem dúvida o ponto mais baixo da trilogia com o personagem
que foi apresentado no primeiro filme (o interessante “First Blood”) como um
veterano da guerra do Vietnam desajustado e marginalizado pela mesma sociedade
que supostamente defendeu com seu sangue, só para ser transformado em
super-herói invencível no segundo capítulo, no qual vence sozinho a guerra que
os EUA perderam.
Animado com o sucesso mundial daquela bomba fascista e panfletária da era
Reagan, que entre outras ofensas pregava abertamente em favor da interferência
direta dos EUA no assunto de países soberanos, o brucutu Sylvester Stallone
resolveu ir mais além entrando no conflito que estava ocorrendo no Afeganistão,
que na época havia sido invadido pela extinta União Soviética.
O
filme já começa de forma risível, com Rambo lutando quase até a morte para
descolar uns trocados que dá gentilmente aos monges budistas que o acolheram em
seu templo. Mas a "paz" do personagem dura pouco, pois logo
descobrimos que seu mentor e camarada, Coronel Trautman (Richard Crenna), foi
capturado pelos malvados comunistas quando estava em missão do Tio Sam tentando
levar democracia e liberdade para o pobre povo afegão.
Rambo então deixa a batina e vai para aquele país quente e repleto de barbudos
mal-encarados a fim de resgatar seu colega militar e, de quebra, destruir sozinho
e com um estoque aparentemente infinito de flechas explosivas o abominável
exército vermelho - o qual, depois de uma sessão de tortura contra inimigos,
ataca aldeias miseráveis por esporte, matando cruelmente inclusive criancinhas
indefesas (na certa para comê-las no jantar).
Só que agora com a desculpa de ser uma "guerra contra o terror" para capturar o terrorista Osama Bin Laden – que, vejam só que ironia, em “Rambo III” podia ser muito bem um daqueles rebeldes Mujahadin do Talibã financiados e armados pelos EUA que ajudam o herói a derrotar os soviéticos!
O absurdo chega a níveis gritantes quando lembramos que o "engajado" Stallone ainda fez questão de incluir a seguinte frase na conclusão da sua obra: "Esse Filme é Dedicado ao Valente Povo do Afeganistão". Como se vê, até o incorruptível Rambo tem "dois pesos e duas medidas". Seria risível se não fosse tão trágico...
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por André Lux (
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