quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Preconceito e intolerância: A questão da LGBTfobia no Brasil

Itaberlly Lozano, de 17 anos, Matheus Camilo, 16 anos, e Luiz Carlos Ruas, 54 anos de idade. O que todas essas pessoas tem em comum? O fato de terem sido vítimas da LGTBfobia crescente em nosso país.
No primeiro caso, o de Itaberlly, que vivia em Cravinhos, interior de São Paulo, o preconceito e a intolerância de sua própria mãe, Tatiana Ferreira, de 32 anos, matou o garoto. Ela o repreendia constantemente por conta de sua sexualidade, tanto que o filho foi morar com a avó por conta da violência que sofria, nos últimos dias de 2016, pediu que o filho voltasse para sua casa, matou o garoto esfaqueado e depois ateou fogo no corpo de Itaberlly, acreditando que com isso apagaria as digitais. Uma frieza realmente assustadora. Para o delegado que investiga o crime, ela afirmou que “não aguentava mais o filho”, porque segundo ela, ele trazia outros homens para casa. Sim, homofobia mata!
Matheus Camilo, de 16 anos, militante da UJS em sua cidade, Caxias do Sul, se suicidou. Em nota a UJS de Caxias coloca  que “continuaremos sempre buscando a superação desta sociedade doente e cruel, pautada pelo ódio e pela intolerância, e que a cada dia produz novas vítimas como o nosso eterno Matheus Camilo”. O jovem militante não suportou o preconceito diário que enfrentava principalmente no âmbito familiar e pôs fim em sua própria vida.
Ao defender duas travestis que eram perseguidas por dois homens, na estação de metrô Pedro II, em São Paulo, o trabalhador Luiz Carlos Ruas, 54 anos, foi brutalmente espancando pelos dois homens. Nenhum segurança do metrô interviu, ninguém que passava no local faz nada para evitar. Luiz morreu ali, no seu local de trabalho. Ele era ambulante e conhecido por todos no local, pois exercia sua função por muito anos naquela estação. A LGBTfobia alcança também as pessoas não-LGBT, nesse e também em diversos outros casos.
O último relatório de crimes relacionados com homofobia no Brasil, que foi publicado em 2013, pelo Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, aponta que ao menos cinco casos de violência homofóbica são registrados todos os dias no Brasil. No ano da pesquisa, foram registradas 1.965 denúncias de 3.398 violações relacionadas à população LGBT, envolvendo 1.906 vítimas e 2.461 suspeitos. Em relação aos tipos de violência, o estudo de 2013 apresenta que violências psicológicas foram as mais recorrentes, com 40,1% do total, seguidas de discriminação, com 36,4%; e violências físicas, com 14,4%. Ou seja os 3 casos que usamos como exemplos no início dessa matéria são uma pequena mostra do que acontece todos os dias com diversas pessoas no Brasil.
Entre os tipos mais comuns de violência psicológica estão as humilhações (36,4%), as hostilizações (32,3%) e as ameaças (16,2%). No caso das questões discriminatórias, a mais apontada é a discriminação por orientação sexual, com 77,1% das denúncias. Vale ressaltar que 54,9% das vítimas estão na faixa entre 15 e 30 anos.
Não podemos esquecer, que a onda conservadora que assola o país, e que vive seu ápice sobretudo após o golpe do ano passado que tirou a presidenta eleita Dilma Rousseff do governo, abriu espaço para múltiplas formas de preconceitos e atentados contra as minorias políticas e populações vulnerabilizadas pelas desigualdades sociais, com destaque para o fundamentalismo religioso, que ultrapassa os limites das igrejas e chega também nas casas legislativas de todo país e prega uma verdadeira caça à comunidade LGBT.
Para Leonardo Lima, dirigente da Frente LGBT da União da Juventude Socialista, “mais que nunca é necessário compreender que o aprofundamento do conservadorismo, e por consequência da violência contra as minorias políticas, é fruto também da crise pela qual passamos, o sistema econômico capitalista está engendrado também sob a lógica patriarcal, ou seja, todos que não estão de acordo com os padrões vigentes são desde pronto potenciais vítimas do machismo, da misoginia, do racismo e da LGBTfobia”, ele continua “ainda há um agravante, a séria e prejudicial junção entre determinadas religiões e a política, ataque claro e contundente ao princípio constitucional da Laicidade; quantos foram os assassinatos baseados na justificativa religiosa? Precisamos continuar na luta pela superação das opressões, pela conscientização do conjunto da sociedade sobre a emancipação, e também ter a sensibilidade com as amigas e amigos de perguntar “se está precisando de alguma ajuda”, adotar uma postura fraterna de ouvinte, pode parecer pouco, mas isso ajuda muito. Não restam dúvidas de que a LGBTfobia mata, e mata muito, por isso continuamos cobrando a criminalização da violência LGBTfóbica. Somente de mãos dadas, firmes na luta, que iremos vencer o ódio.”
Tenham sempre em mãos contatos úteis no combate aos problemas decorrentes da LGBTfobia:
Centro de cidadania LGBT – SP – (11) 3106-8780
Centro de Referência da Diversidade – SP - (11) 3151-5786
Disque 100 – Direitos Humano – Válido para todo Brasil – 100
Centro de valorização da vida – (Para prevenção ao suicídio) –  Válido para todo Brasil – 141 
Disque denúncia de violência contra a mulher – Válido para todo Brasil – 180 

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