Pesquisadora do Ipea é exonerada após estudo sobre cortes na saúde pública
Especialista afirmou que PEC 241 "afeta particularmente" as políticas sociais
Após divulgar um estudo que projeta cortes bilionários na saúde a partir da PEC do teto de gastos públicos, a coordenadora de estudos de saúde do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Fabíola Sulpino Vieira, foi chamada pelo presidente do instituto, Ernesto Lozardo, em seu gabinete e ouviu dele que o documento criou constrangimento ao governo, conforme relatou o colunista Bernardo Mello Franco, na Folha de S.Paulo deste domingo (16).
Sob pressão, Fabíola, que é doutora pela Universidade Federal de São Paulo, decidiu entregar o posto de chefia. Na conversa, ela ouviu de Lozardo que o Ipea divulgaria uma nota contestando o estudo do próprio órgão para endossar a versão do Palácio do Planalto sobre a Proposta de Emenda à Constituição 241. O colunista lembra que o caso de censura pública, com direito a exoneração, é "fato inédito nos 52 anos do instituto".
A especialista projetou, em documento assinado com Rodrigo Benevides, quatro cenários para a saúde no novo regime fiscal. No pior deles, a perda para a área chegaria a R$ 743 bilhões. Reconhecendo a dificuldade do governo, o documento apontava, no entanto, que o ajuste focado nas despesas primárias "afeta particularmente as políticas sociais".
O colunista da Folha lembra que Ernesto Lozardo é amigo de Michel Temer e foi nomeado presidente do Ipea há quatro meses e classificou o estudo de "irrealista" e "desconectado", acrescentando que suas conclusões "são de inteira responsabilidade dos autores" e "não representam a posição" do Ipea, omitindo, ressalta Bernardo Mello Franco, que o trabalho foi submetido previamente à direção do órgão.
"A censura do doutor Lozardo é preocupante porque sugere que o novo regime está disposto a barrar estudos que contrariem suas teses. Se a regra prevalecer no Ipea, pode se alastrar para o IBGE e as universidades federais. Em outros tempos, a tentativa de submeter órgãos técnicos à vontade política do governo era chamada de aparelhamento", afirma o colunista da Folha.
Em seu site, o Ipea informa que é uma fundação pública federal vinculada ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e que suas atividades de pesquisa fornecem suporte técnico e institucional às ações governamentais para a formulação e reformulação de políticas públicas e programas de desenvolvimento brasileiros.
Clique aqui para conhecer o ESTUDO da Pesquisadora do IPEA
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Fonte: 007BONDeblog
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