Por Altamiro Borges
Num total desrespeito à soberania brasileira, as poderosas big techs investiram pesado contra a aprovação na Câmara Federal do projeto de lei de regulação das plataformas digitais no início de maio. O Estadão revelou nesta quarta-feira (21) que somente o Google gastou R$ 2 milhões em anúncios contra o chamado PL das fake news. A informação foi confirmada pelo próprio presidente da multinacional no Brasil, Fábio José Silva Coelho, e pelo diretor de Relações Governamentais da empresa, Marcelo Lacerda, em depoimento à Polícia Federal.
Eles foram ouvidos na semana passada no inquérito que investiga se a multinacional manipulou buscas e fez campanha contra o PL-2630. “A investigação foi aberta a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), a partir de um ofício do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Os anúncios, segundo os depoimentos, foram veiculados em rádios, jornais, redes sociais e no próprio Google. Os executivos negaram, no entanto, que o objetivo fosse pressionar parlamentares a votar contra o projeto de lei”, relata o jornal.
Na maior caradura, eles juraram que “os anúncios não tinham como objetivo manifestar oposição ao projeto de lei em questão, mas sim abrir espaço para o debate quanto as possíveis melhorias em seu texto. ‘O Google é aberto ao diálogo e não é contra a regulamentação’, afirmou Coelho. Ambos negaram que a empresa tenha interferido no resultado das buscas sobre o PL ou tentado ‘direcionar a percepção’ dos usuários”. Haja cinismo!
Foi solicitado laudo pericial dos artigos “Como o PL 2630 pode piorar sua internet” e “PL das fakes news pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira”, postados em 27 de abril e assinados por Marcelo Lacerda. “A delegada determinou ao Google a preservação destas publicações e demandou que o Twitter preserve uma publicação do Telegram, feita em 9 de maio. No texto, a empresa dizia que a lei ‘acabará com a liberdade de expressão’ e dará ‘ao governo poderes de censura sem supervisão judicial prévia’”.
A PF ainda determinou que o Telegram informe, em até 10 dias, quem mandou disparar uma mensagem a seus usuários em 9 de maio com críticas ao projeto, questionando também se o texto foi distribuído irrestritamente a todos ou se houve um direcionamento. “O Telegram deverá ainda fornecer documentos, e-mails, pautas de reuniões e registros ‘que identifiquem, por nome e cargo na empresa, o responsável pela ordem de envio das mensagens’”. Aos poucos, o cerco vai se fechando contra as big techs!
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