Desafeto do Palácio do Planalto, o deputado federal Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados na tarde deste
domingo (1). Ele teve o voto de 267 dos 513 deputados e derrotou os outros três
concorrentes: o candidato do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que teve 136
votos, Júlio Delgado (PSB-MG), que teve 100 votos, e Chico Alencar (PSOL-RJ),
que teve 8. Foram registrados dois votos em branco. Conhecido por suas críticas
ao governo, a vitória de Cunha era temida por
integrantes do Planalto.
Logo
após tomar posse como presidente da Câmara, Cunha fez um discurso em tom de
conciliação. Ele voltou a afirmar que a Câmara não será submissa aos interesses
do governo, mas afirmou que, embora o Planalto tenha interferido na disputa
pelo comando da Casa, não haverá retaliação.
"Não
seremos submissos (...) Não há de nossa parte nenhum julgo de retaliação ou
qualquer coisa dessa natureza (...) Passada a disputa, isso é um episódio
virado. Não temos que fazer disso nenhum tipo de batalha nem qualquer tipo de
sequela por esse tipo de atitude", afirmou.
A
candidatura de Eduardo Cunha à presidência da Câmara dos Deputados foi uma das
mais conturbadas entre as quatro concorrentes ao cargo. Apesar de pertencer à
base que ajudou a eleger a presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014, Eduardo
Cunha não poupou críticas ao governo e à forma como o Planalto se relaciona com
a Câmara dos Deputados.
Entre as declarações
polêmicas de Cunha ao longo da disputa, uma das primeiras foi sua análise sobre
o comportamento da bancada do PMDB em relação ao governo. Segundo ele, a bancada do PMDB não seria uma aliada automática do
Palácio do Planalto.
Depois de oficializar
sua candidatura, ele partiu para o ataque e criticou duramente a gestão do seu principal
adversário, o petista Arlindo Chinaglia. Segundo Cunha, a gestão de Chinaglia
como presidente da Câmara, entre
2007 e 2009, foi "medíocre".
Cunha também mirou no
governo e nas supostas interferências que o Palácio do Planalto fez a favor de
Chinaglia. Em tom de ameaça, Cunha chegou a dizer que se o governo interferisse
contra a candidatura do PMDB, as "sequelas
seriam graves".
Independentemente
das polêmicas, a eleição de Cunha à presidência da Câmara coroa a trajetória do
ex-líder do PMDB na Casa.
Eduardo
Cunha é economista formado pela Universidade Cândido Mendes e radialista. Foi
presidente da Telerj (antiga estatal de telefonia do Rio de Janeiro) entre 1991
e 1993. Em 1999, foi subsecretário da Cehab (Companhia Estadual de Habitação)
em 1999 e titular da pasta entre 1999 e 2000.
Em
2000, Cunha se licenciou do cargo após denúncias de irregularidades
supostamente cometidas por ele virem à tona. Em dezembro, o STJ arquivou, por
prescrição de prazo, o processo por improbidade administrativa e
superfaturamento.
Em
2002, foi eleito deputado federal, cargo para o qual foi reeleito em 2006, 2010
e 2014. Em 2014, foi o terceiro deputado federal mais bem votado do Rio de
Janeiro, com 232.708 votos, ficando atrás apenas de Clarissa Garotinho (PR-RJ)
e Jair Bolsonaro (PP-RJ).
Nos
próximos meses, Cunha deverá passar por uma importante "prova de
fogo". A PGR (Procuradoria Geral da República) deverá enviar ao STF
(Supremo Tribunal Federal) a ação penal contra políticos envolvidos no esquema
de desvio de recursos da Petrobras investigados pela operação Lava Jato.
Em janeiro, reportagens
indicavam que, segundo depoimento do policial federalJayme Alves de Oliveira Filho,
preso durante a operação Lava Jato, Cunha teria recebido propina oriunda do
esquema.
Dias depois, os advogados
do doleiro Alberto Youssef, apontado como operador do esquema e a quem Jayme
seria ligado, afirmaram que Youssef e Cunha não tinham qualquer relacionamento.
Cunha alegou que as reportagens eram uma tentativa de fragilizar sua
candidatura.
As
principais promessas de campanha de Eduardo Cunha durante sua candidatura são:
construir mais um prédio anexo ao Congresso para acomodar deputados e
assessores, implementar o orçamento impositivo e equiparar os salários dos
parlamentares aos dos ministros do STF.
Fonte: Leandro Prazeres - Do UOL, em Brasília
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