Asdrúbal Bentes entrega carta de renúncia na Secretaria da Câmara
Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a cumprir pena
de prisão por trocar votos por cirurgias de esterilização em mulheres, o
deputado federal Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) renunciou ao cargo para evitar
processo de cassação de seu mandato. Na carta de renúncia, lida pelo presidente
da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ele faz críticas à Corte. “Por uma
decisão equivocada do Supremo Tribunal Federal fui condenado à pena de três
anos um mês e dez dias de prisão em regime aberto por um crime que não cometi,
esterilização cirúrgica, por ser crime de mão própria, portanto, impossível de
ser praticado por quem não seja médico”, afirmou o parlamentar, em trecho do
documento de três páginas distribuído no Congresso.
“Resta-me tomar a mais difícil e dolorosa
decisão da minha vida pública, a de renunciar ao mandato que me foi outorgado
por 87 681 eleitores do meu Estado”, diz em outro trecho da carta. Segundo ele,
a decisão da renúncia foi tomada para não causar “constrangimentos” aos demais
deputados que teriam que votar em plenário um processo de cassação contra
Bentes. A votação para os casos de cassação no plenário é aberta, ou seja, fica
registrado no painel como cada um dos parlamentares votou.
“Pelo respeito que tenho a esta Casa e aos meus
ilustres pares, para não lhes causar nenhum constrangimento de terem de votar
pela cassação ou não do meu mandato, é que, depois de consultar os
travesseiros, as lideranças nacional e regional do meu partido, a minha esposa,
meus filhos, familiares e amigos, decidi pela minha renúncia, a partir de
hoje”, afirma o deputado. Na denúncia apresentada contra ele pelo Ministério
Público, entre janeiro e março de 2004 o deputado e outras seis pessoas teriam
corrompido 13 eleitoras para que elas vendessem seus votos em troca de
laqueadura.
Ele é o sexto deputado federal em exercício que
o STF manda prender desde 1988. Puxou a lista Natan Donadon (sem partido-RO),
que teve sua sentença confirmada em agosto de 2013 por peculato e formação de
quadrilha a 13 anos, 4 meses e 10 dias de prisão. O ex-parlamentar foi cassado
e está na Penitenciária da Papuda. Na esteira do mensalão, em novembro passado,
o Supremo determinou a prisão do então deputado José Genoino (PT-SP), condenado
por corrupção ativa.
Fonte: Tribuna do Norte - Foto: Gabriela Korossy
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