Atuante, Fátima é deputada federal e vice presidenta do Diretório Nacional do PT
A deputada federal Fátima Bezerra confirma que tem interesse em ser candidata a senadora Embora afirme que o projeto prioritário, até agora, seja disputar a reeleição, ela admite que está com o nome disponível para a disputa ao Senado. Essa candidatura, revela a deputada, já foi discutida, inclusive, com a direção nacional do Partido dos Trabalhadores, fato que chegou ao conhecimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para o pleito de 2014, ela afirma que o partido tem metas definidas: fazer três deputados estaduais, manter a vaga de deputado federal e lançar um nome ao Senado.Mas, quando o assunto é o Governo, a deputada federal é mais cautelosa. Afirma que é preciso definir o candidato, que ela não descarta ser do PT, com base em critérios de densidade eleitoral e capacidade de agregar.
Ela observa que é legítimo o vice-governador Robinson Faria se colocar na postulação ao Executivo, mas destaca que as definições ocorrerão apenas no próximo ano.
Sem poupar críticas a Governo Rosalba Ciarlini, Fátima Bezerra classificou de equívoco o fato de partidos aliados ao Governo Federal estarem apoiando a administração do Democratas. A deputada disse que espera essas legendas — como PMDB, PP e PR — deixarem a aliança com o DEM no Estado para que possam conversar com o PT sobre uma possível coligação ao pleito de 2014. Taxativa, Fátima disse que não há possibilidades dos petistas dividirem o mesmo palanque com o Democratas ou o PSDB. Confira a entrevista que Fátima Bezerra concedeu a TRIBUNA DO NORTE:
O PT deflagrou reuniões sobre o pleito 2014 com o PDT, PC do B, PSB e PSD. O que está levando para mesa de negociação com esses partidos?
Primeiro, estamos cumprindo a nossa resolução partidária, que foi aprovada pelo diretório estadual em dezembro de 2012. Na ocasião, ficou determinado que a partir do início deste ano nós iríamos deflagrar o processo de diálogo não só com os partidos que dão sustentação ao Governo da presidenta Dilma, mas que, aqui no Rio Grande do Norte, são oposição ao Governo do DEM. Por isso os partidos, com os quais conversamos foram esses que você mencionou. Encerramos a primeira fase. O conteúdo dessas conversas foi a sintonia que ficou demonstrada nas reuniões, tanto no que diz respeito à avaliação do plano nacional, como a avaliação do plano regional. No plano nacional, é o compromisso com o projeto de reeleição da presidenta Dilma. PC do B, liderado pelo vereador George Câmara e por Antenor Roberto, e PDT, liderado pelo prefeito de Natal Carlos Eduardo, já proclamaram o apoio ao projeto de reeleição da presidenta Dilma e, portanto, querem marchar juntos na eleição regional. O PSD, liderado pelo vice-governador Robinson Faria, sinaliza também que a tendência é de apoio à reeleição da presidenta Dilma. O PSB, liderado pela vice-prefeita Wilma de Faria, tem esse detalhe que é não saber se Eduardo Campos (governador de Pernambuco) será candidato ou não.
Se a candidatura do governador Eduardo Campos a presidente se consolidar? Atrapalha a aliança com o PSB no RN?
De qualquer maneira o PSB é aliado histórico do PT no plano nacional e um aliado nosso no plano local, porque faz oposição ao Governo do DEM. Sintonia no plano nacional, compromisso sagrado com a reeleição da presidenta Dilma, e sintonia no plano regional, oposição clara ao Governo do DEM, serão aspectos considerados no diálogo sobre alianças. Nossa tarefa é desencadear o debate junto à sociedade, formular projeto político administrativo capaz de tirar o Estado dessa paralisia. E para tanto nós pretendemos, no segundo semestre, dar continuidade ao debate. No primeiro momento foi a conversa com cada partido, o PT dará continuidade agora ao debate interno. Defendo que no segundo semestre retome as conversas com os partidos e já fazendo de maneira coletiva. Nosso intuito é unir a oposição aqui no Estado.
No aspecto da política estadual, qual o foco do PT com relação aos cargos que estão postos para 2014?
Como essa não é uma eleição solteira, é uma eleição casada, tendo em vista que está em jogo o projeto nacional nosso, é importante ressaltar que a centralidade do PT do Rio Grande do Norte e de todo país é a reeleição da presidenta Dilma. Agora, associado a isso, o PT quer crescer, continuar crescendo. Há um debate no plano nacional que, associado ao desafio maior que é reeleger a presidenta Dilma, é preciso avançar cada vez mais no campo da disputa congressual. O PT, no plano nacional, quer continuar sendo a maior bancada de deputados federais e quer ousar em 2014 chegando ao Senado com a maior bancada de senadores e senadoras. Transplantando para o plano regional o nosso objetivo primeiro é preparar o PT para o que der e vier. Claro que defendemos o caminho da aliança, mas o PT precisar estar preparado para toda e qualquer situação. Então, o foco no Rio Grande do Norte é preparar a nominata de candidatos a deputado estadual. Não só eu, mas o partido está motivado. Temos condições não só de manter a cadeira hoje ocupada brilhantemente pelo deputado Fernando Mineiro como ampliar. Queremos não só resgatar a situação que conquistamos em 2002, quando elegemos dois deputados estaduais. Queremos ousar elegendo três deputados estaduais. Outro foco é desenvolver uma tática que garanta o espaço político que o PT do Rio Grande do Norte conquistou na Câmara Federal. Não é pouca coisa. O Estado só tem oito vagas para federal e por isso a disputa é muito desafiadora. O PT vai desenvolver tática para manter o espaço político conquistado e se inserir fortemente na disputa majoritária. Temos condições em 2014 e todo empenho está sendo feito para que, no próximo ano, o PT vença eleição de caráter majoritário pela primeira vez para que o PT do Rio Grande do Norte acompanhe o crescimento nacional que o partido tem.
Deputada, indo direto ao ponto: a senhora se coloca como pré-candidata ao Senado da República?
Eu vou responder indo direto também. A princípio sou candidata a deputada federal, mas não descarto, de maneira nenhuma, a possibilidade de disputar o Senado. Esse projeto está sendo estudado carinhosamente. Até porque um projeto dessa magnitude não é de natureza pessoal. É coletivo, passa por uma discussão no interior do meu partido nos planos regional e nacional. Ele passa por uma discussão junto aos parceiros, aliados. Agora já disse isso e volto a dizer: desejo muito que isso aconteça (a candidatura ao Senado). Espero que possamos estar em condições de disputar a cadeira em 2014. Mas sem sofreguidão, com serenidade. Até porque tenho clareza de que uma candidatura majoritária do Partido dos Trabalhadores, com o perfil e a origem social que eu tenho, só se sustenta se tiver sentimento e respaldo popular muito forte. Sinto-me motivada porque, por onde tenho andado, da Grande Natal ao Oeste, Trairi e Seridó, as manifestações são crescentes de apoio e incentivo para a gente disponibilizar o nosso nome ao Senado. Isso também é o reconhecimento da nossa trajetória, de luta, de compromisso, de ética. Mas estamos discutindo. Dentro do PT há essa torcida, o desejo para que eu disponibilize o nome ao Senado. E lhe digo que essa hipótese de disputar a cadeira para o Senado está sendo discutida no plano nacional. Até porque o PT, ao lado de eleger a presidenta Dilma, coloca como prioridade a disputa congressual. Esse assunto é objeto de discussão. muito grande que isso se viabilize. Tenho conversado com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e conversei com o presidente Lula. E lhe digo que, por parte do presidente nacional do PT, há um desejo muito grande que isso se viabilize.
Se há um desejo do PT local, do PT nacional e da senhora, então a candidatura ao Senado está confirmada?
A eleição ainda será em outubro do próximo ano. Temos uma longa caminhada pela frente. Não vou negar, me sinto motivada e acho que estou preparada para dar esse passo. Temos feito um mandato importante, parceiro dos municípios, proativo. Podemos fazer muito mais pela luta em defesa da Educação no Senado. Hoje sou candidata a deputada federal e a hipótese de disputar o Senado está colocada, não só no plano local, mas também no nacional.
O vice-governador Robinson Faria se coloca como pré-candidato ao Governo. A senhora como pré-candidata ao Senado. Estaria se desenhando uma chapa de oposição a partir desses nomes?
Esse não é o momento de definição de nomes. Isso só se dará no próximo ano. Claro que é legítimo cada partido ter o seu desejo, suas aspirações. Mas, veja bem, o momento agora é de fazer o debate do ponto de vista programático, a mobilização política. Aproximar os dirigentes, militantes.
O vice-governador foi precipitado para colocar o nome dele como candidato ao Governo?
Não. Esse é um direito que ele tem. Acho legítimo. Assim como no PT, no caso de disputa para o Governo, a quem especule o nome do deputado Fernando Mineiro. Não cabe aqui nenhuma censura. Ele (Robinson Faria) tem andado, afirma que sonha, mas também diz que está aberto ao diálogo. Até porque o processo não pode se dar por imposição. Mas asseguro a vocês o ano de 2013 é para debate programático. O Governo que aí está é o pior Governo da história do Rio Grande do Norte.
Dois nomes que são lembrados para o governo, quais a senhora considera ter viabilidade em uma aliança com o PT e quais os critérios para a escolha?
Temos que ter a capacidade de envolver a sociedade para formular um projeto político e administrativo alternativo a isso que aí está, que tenha como eixos a questão da sustentabilidade, da universalização, de criação das políticas públicas, gestão moderna, eficiente. Nós só vamos fazer isso se tivermos capacidade de mobilizar a sociedade. A escolha do nome (de candidatos da majoritária) deve ser pautada à luz de alguns critérios. Por exemplo, o nome que agregue mais. Tem que levar em consideração também a competitividade eleitoral. Não diria que é só pesquisa. E para nós do PT precisa ser um nome que fortaleça mais o palanque de reeleição da presidenta Dilma.
A senhora afirmou que o seu projeto de candidatura ao Senado já chegou à presidência nacional do partido. O PT nacional está atuando junto ao PMDB local para uma aliança regional?
Que pergunta difícil. Veja bem, claro que no plano nacional temos uma aliança com o PMDB muito sólida. O PMDB é um partido estratégico do ponto de vista da sustentação pela expressão e capilaridade que tem. É o partido do vice-presidente, tem seis ministros no Governo da presidenta Dilma. O PMDB do Rio Grande do Norte tem o presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Henrique Eduardo Alves, e o ministro da Previdência, Garibaldi Filho. Em nome da reeleição da presidenta Dilma, lógico que o PT em nível nacional gostaria que quanto mais for possível PT e PMDB estarem juntos nos planos estaduais melhor. Mas nem sempre isso é possível por conta das peculiaridades regionais. No Rio Grande do Norte, o que nos separa é a opção que o PMDB fez de aliança com o Governo do DEM, até o presente momento. Naturalmente, o PT não vai participar de nenhuma aliança no plano local onde esteja o DEM. Isso nos separa no plano da aliança regional, PMDB e PT. Claro que se o PMDB romper os laços políticos com esse governo desastroso que está aí seria muito bom. E já que é aliado nosso no plano nacional, seria bom se no plano regional viesse a fazer parte do bloco de oposição ao Governo do DEM.
Qual a condição para formar uma aliança com o PT do RN?
Se ocorrer (o rompimento PMDB e DEM no Estado) vou defender que abra a conversa. Aliás, isso não vale só para o PMDB, vale para o PR, liderado pelo deputado federal João Maia, para o PP, PHS e todos os partidos que estão no arco de sustentação do Governo Dilma. Até na condição de quem tem responsabilidade de quem é segunda vice-presidente nacional do PT, se dependesse de mim o ideal seria que juntasse todo mundo, com exceção do DEM e do PSDB no Estado. Um palanque só. Mas coloco que o PMDB, PR, PP e os demais partidos rompam os laços políticos com o Governo que aí está e não foi possível de atender a expectativa do Rio Grande do Norte. É um equívoco político esses partidos estarem dando sustentação ao Governo que aí está.
Como a senhora avalia a declaração da governadora Rosalba, sinalizando que poderá votar na presidente Dilma?
O voto é opção de caráter estritamente pessoal. Respeito a decisão das pessoas. Se isso vier ocorrer não vamos rejeitar apoio e nem voto de ninguém. Seria uma postura muito intolerante. Qualquer iniciativa neste sentido, de possível apoio a reeleição da presidenta Dilma, não muda em nada a posição do PT no Rio Grande do Norte. O PT é e continuará sendo oposição ao Governo desastroso do DEM que aí está. Chance zero do PT se aliar ao DEM no Estado. Quem deve estar desconfortável com a declaração da governadora é o presidente do partido dela, o senador José Agripino.
Fonte: Tribuna do Norte
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