A primeira brasileira a votar foi Celina Guimarães Viana, no estado do Rio Grande do Norte, em 1927. A façanha, naqueles tempos de exclusão completa da mulher na vida pública, aconteceu devido aos conflitos entre a legislação daquele estado e a Constituição Federal brasileira. Pouco tempo depois, a estudante mineira Mietta Santiago, na época com 20 anos e regressando da Europa, fez o mesmo, utilizando-se de uma sentença judicial até então inédita nas cortes brasileiras. Começava um movimento nacional de mobilização de ativistas, escritoras, militantes políticas, trabalhadoras e muitas outras que levaram o presidente Getúlio Vargas a suprimir, em um decreto de 1932, qualquer restrição ao voto feminino.
Oitenta anos depois, as eleitoras já são quem decide qualquer pleito no Brasil, uma fatia enorme do eleitorado que, apesar dessa força nas urnas, não tem ainda a mesma representatividade nos cargos públicos. Segundo a presidente da União Brasileira das Mulheres (UBM), Elza Campos, as comemorações do Dia Internacional da Mulher, em 2012, tem um significado especial ao relembrar os 80 anos do voto feminino e, ao mesmo tempo, lutar pelo protagonismo das mulheres na esfera política e nos movimentos sociais, para traçar um novo modelo de desenvolvimento para o país nos próximos anos.
“A UBM se consolida nas atividades de massa com os movimentos sociais para procurar romper com a subrrepresentação nos espaços de poder. Por isso, lançamos o manifesto ‘Mais Poder Político para as Mulheres’”, afirmou em declaração ao site da UBM. O manifesto da entidade roga a plena representação de mulheres como vereadoras, deputadas estaduais, federais e senadoras no Brasil. Como instrumento para vencer a exclusão feminina, o documento aponta a “reforma política brasileira, com financiamento público de campanha, garantia de coligações proporcionais e lista fechada com alternância de gênero e cumprimento da lei de 30% das cotas para candidaturas femininas.”
MINISTRA É ELEITA PARA O TSE
Um fato simbólico e importante durante esta semana do Dia Internacional da Mulher foi a eleição da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmem Lúcia Antunes, para a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A eleição aconteceu nesta terça-feira (6), em Brasília, e a ministra recebeu seis de um total de sete votos.
Oitenta anos após a efetivação do voto feminino, Carmem Lúcia se torna a primeira mulher na história a comandar a Justiça Eleitoral no Brasil. Ela terá a missão de coordenar todo o processo das eleições de 2012, transmitindo a credibilidade do processo democrático brasileiro e encontrando os desafios ainda a serem vencidos pelo sistema eleitoral do país.
8 DE MARÇO PELO BRASIL
Para comemorar e reivindicar suas bandeiras nesse 8 de março, as coordenações estaduais da UBM, em parceira com os demais movimentos sociais, realizarão atos públicos em diversos estados. Na capital do Rio de Janeiro, a data será de diálogo entre a UBM-RJ e a população. A partir das 12h, no Largo da Carioca, as militantes em atividade conjunta com diversas forças política estarão conscientizando a população sobre a importância das bandeiras históricas da luta feminista. No final do dia, às 17h, o movimento de mulheres sairá em caminhada do Largo até a Cinelândia.
Em São Paulo, a UBM-SP se integra ao ato público com passeata que reunirá cerca de 80 entidades, as quais estão ligadas aos movimentos sociais de mulheres. A concentração será às 14hs na Praça da Sé, de onde as feministas e os movimentos sociais sairão em passeata.
Em Recife (PE), a UBM está promovendo a campanha virtual “Mulher, seu voto não tem preço”, por meio do Twitter. O tuitaço conta com a participação de importantes ativistas do movimento feminista de Pernambuco como a secretária da Mulher do Recife, Rejane Pereira, a deputada federal Luciana Santos (PCdoB-PE) e a poeta Cida Pedrosa, do grupo Vozes Femininas. Para se integrar à rede basta acessar o Twitter e usar a hashtag #mulhervotonaotempreco.
Em Florianópolis (SC), a partir das 14h do dia 8, a UBM-SC estará presente em atividades de rua que acontecerão no vão central do Terminal Central de Ônibus. Haverá apresentações culturais – música, teatro, dança – bem como panfletagens e microfone aberto às entidades dos movimentos de mulheres do município. .
Como já ocorre há vários anos, em Curitiba, a UBM-PR participa da tradicional passeata com caminhada da Praça Santos Andrade à Rua das Flores (Boca Maldita) no dia 08. O movimento leva para as ruas três temas de destaque: Educação, Cultura e Diversidade; Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos: contra a mercantilização do corpo da mulher e Soberania Alimentar: contra o uso de agrotóxicos. O evento contará com a participação das mulheres do MST, unindo feministas do campo e da cidade.
Da Redação, com informações do G1 e UBM
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