Ex-presidente
ficou apenas 30 minutos na sede da PF em Brasília
Depois de ver negado três pedidos para não ser interrogado pela Polícia
Federal, Bolsonaro teve de comparecer à sede do órgão, em Brasília (DF), nesta
quinta-feira (22), para ser interrogado sobre a tentativa de golpe de Estado
planejada em seu governo. Contudo, ele se negou a responder as perguntas dos
policiais e permaneceu em silêncio.
Os advogados de defesa fizeram uso do direito previsto na Constituição
que permite um investigado de ficar em silêncio e ter o privilégio contra a
“autoincriminação”. O pretexto utilizado é que a defesa supostamente não teria
tido acesso à íntegra dos autos da investigação, o que foi refutado pelo
ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, que afirmou que
os advogados já tiveram o acesso permitido às provas anexadas ao processo.
Além de Bolsonaro, outros ex-integrantes de seu governo também
tiveram de prestar depoimentos nesta quinta, entre eles, o ex-ministro do
Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, o
ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o ex-ministro da Casa
Civil, general Walter Braga Netto, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e
o presidente do partido de Bolsonaro, o Partido Liberal (PL), Valdemar Costa
Neto. Foram 23 depoimentos realizados em Brasília, Rio de
Janeiro, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Espírito
Santo, dos quais 16 ficaram em silêncio.
Cinismo
Num verdadeiro deboche com os brasileiros, os advogados de Bolsonaro
declararam que o ex-presidente, que já foi condenado à ilegibilidade por ter
atacado sem provas o processo eleitoral brasileiro, “nunca foi simpático a
qualquer movimento golpista”. Muito cinismo.
Bolsonaro e integrantes do seu governo são investigados por suspeita de
formação de uma organização criminosa que, segundo a PF, atuou para planejar
uma tentativa de golpe de Estado, com intervenção militar, para impedir a posse
de Lula.
As investigações, com diversas provas, como vídeos e outros documentos,
apontam que o grupo redigiu uma minuta, com a participação de Bolsonaro, que
previa instauração de estado de sítio e uma série de medidas contra o Poder
Judiciário, incluindo a prisão de ministros do STF.
Esse grupo também promoveu reuniões para impulsionar a divulgação de
notícias falsas contra o sistema eleitoral brasileiro e monitorou o ministro
Alexandre de Moraes.
No último dia 8 de
fevereiro, a PF deflagrou a Operação
Tempus Veritatis, que teve como alvo diversos militares e
assessores ligados a Bolsonaro. A operação foi deflagrada após o ex-ajudante de
ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, ter fechado acordo de
colaboração premiada.
Bolsonaro foi alvo de mandatos de busca e apreensão e teve o
passaporte apreendido para não poder deixar o país até a conclusão do
inquérito. A operação prendeu ainda o ex-assessor para Assuntos Internacionais
da Presidência, Filipe Martins, o coronel Marcelo Câmara, da reserva do
Exército, e o major Rafael Martins, da ativa do Exército.
A investigação aponta ainda que o general Walter Braga Netto, então
candidato a vice-presidente na chapa derrotada em outubro de 2022, teria
orientado ataques contra generais que não aderiram ao plano de golpe de
Estado.
Cadeia
para Bolsonaro e todos os golpistas, já!
Bolsonaro ficou calado na PF, mas convocou um ato no próximo domingo,
dia 25, em SP, quando alega que “vai se defender”. Teve a cara de pau de
denominar a manifestação como um “ato em defesa do estado democrático de
direito”.
É um ato de desespero para buscar demonstrar apoio em sua base, mas
também é uma provocação da ultradireita que, apesar de tudo, segue organizada e
disseminando fake news.
A prisão de Bolsonaro já passou da hora, assim como dos demais
golpistas, inclusive, militares e empresários que financiaram os atentados de 8
de janeiro. Não basta processar e prender apenas os “peixes pequenos” que
participaram dos ataques em Brasília.
Nenhuma anistia pra golpista! Cadeia para todos, já!
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