No mundo todo presenciamos a ascensão do discurso de ódio, do racismo, da lgbtfobia, misoginia, xenofobia e intolerância.
Esse pensamento tem sido ampliado em fóruns supremacistas na internet e alcançado crianças e adolescentes. Infelizmente, estamos vendo o reflexo dessas redes criminosas do mundo virtual chegarem aos corredores e salas das nossas instituições de ensino em todo o Brasil.
Acreditamos na Escola que tenha paz, que seja um espaço de prática do verbo “esperançar”, propagado por Paulo Freire: um espaço de amplificação do respeito, da segurança e um abrigo para nossa pluralidade e construção de sonhos.
Queremos Paz nas Escolas, em memória das vítimas: para que nunca esqueça e nunca mais aconteça!
O direito à educação não pode limitar-se à visão positivista da aplicação de conteúdos e nem a escola apenas a um local de encontro.
Acreditamos e lutamos por uma Escola que esteja a serviço do povo e do nosso país, sendo um espaço de valorização das nossas potências e de segurança, que permita a identificação da violação dos nossos direitos. Queremos uma Educação emancipadora e antifascista para emancipar nossa juventude.
É urgente a necessidade de acompanhar o crescente adoecimento mental dos estudantes, assim como todos os fatores que implicam em condutas prejudiciais à comunidade escolar. É preciso vencer as armadilhas projetadas.
A escola deve ser um espaço de acolhimento e de entendimento das diferenças, e por meio de um acompanhamento poderá livrar-se da crescente violência e dos discursos de ódios.
A falta de uma rede de apoio psicológico e social nas escolas, junto a ausência e responsabilidade do Estado em ouvir denúncias e demandas urgentes que ocorrem dentro dos muros de instituições por todo Brasil, desencadeou uma desenfreada onda de perpetuação e reprodução de violência por estudantes que já haviam sido expostos à ela.
Vimos isso com o recente atentado na E.E Thomazia Montoro, em São Paulo, onde a equipe pedagógica já havia denunciado o comportamento do estudante e infelizmente só houve uma resposta quando a tragédia que todos vimos, aconteceu.
Essa não é a Escola que queremos e sonhamos! O futuro dos nossos jovens não pode ser roubado pela constante e frustrada busca por respostas, “Quem sou? O que quero? Como vou fazer?”.
O espaço escolar precisa fomentar o desejo do esporte, da arte e cultura, fatores fundamentais para o desenvolvimento integral e bem-estar dos estudantes, além de ajudar a combater as chamadas “doenças do século”, como ansiedade e depressão.
Deve ser um ambiente de inspiração, criatividade e de identificação. É possível se sentir pertencente e acolhido dentro dos muros que serão a base inicial para nos encorajar a alavancar voos maiores. Sendo assim, defendemos urgentemente a criação de circuitos de arte, cultura e esporte.
Queremos o cumprimento da Lei 13.935/19 que garante o acompanhamento do serviço social e psicológico nas escolas. Defendemos também a revogação do Novo Ensino Médio e do esfacelado itinerário do Projeto de Vida, é fundamental que esse seja (re) construído a partir da nossa realidade enquanto estudantes, filhos e filhas da classe trabalhadora. Não nos cabe uma escola que não nos permite ser quem somos.
A rede de ódio e fake news propagada na internet não pode ser o fator mobilizador dos jovens que estão em vulnerabilidade sócio-emocional, queremos a consolidação da Coordenadoria de Direitos Digitais e da Diretoria de Crimes Cibernéticos da Polícia Federal. Não nos contentamos com o mínimo, queremos o máximo de atenção, investigação e combate aos “chans” e grupos supremacistas que se organizam na internet. E assim, que os problemas digitais não respinguem nas nossas escolas e no nosso futuro.
Não podemos cair na armadilha do discurso que a regulamentação do ensino domiciliar, o “homeschooling”, a expansão das Escolas Cívico-Militares, o aumento da presença da polícia militar ou a redução da maioridade penal seja a solução para os problemas sensíveis dos estudantes e das nossas escolas.
É papel do Estado dar suporte, acompanhamento e respostas às inúmeras demandas que encontramos em nossas escolas e isso só acontecerá com a liberdade e a execução de uma escola pública, gratuita e com qualidade.
A Escola não há de ser um espaço de controle e opressão sobre nossos corpos e nossas ideias, mas sim de emancipação da nossa individualidade e do nosso povo, plural e diverso.
É inquestionável que o racismo e a discriminação estrutural existente em nossa sociedade se reflete nas escolas. A presença da população negra e indígena, assim como da população LGBTQIA+, tanto não é estimada, quanto é alvo de injúrias e preconceito.
O nosso gênero, a nossa cor e a nossa classe social não pode mais influenciar a nossa história acadêmica e assim entrar em um efeito dominó na nossa vida. A escola deve servir para fortalecer os valores da tolerância, do respeito e da justiça social. Esse trabalho deve ser feito justamente na formação de pessoas que respeitem as diversidades.
Mais uma vez, nós, estudantes brasileiros, nos solidarizamos com os amigos e familiares das vítimas dos ataques às escolas brasileiras e reafirmamos o nosso repúdio aos atos de ódio e violência.
Queremos uma educação antifascista, em que caiba todos os sonhos, que seja de qualidade e que tenha uma rede de profissionais qualificados para acompanhar a saúde mental dos estudantes.
Os ataques precisam cessar: QUEREMOS SEGURANÇA E PAZ NAS ESCOLAS!
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