VALE A PENA DIVULGAR DE NOVO!!!
O dia 1° de Dezembro, Dia
Mundial de Prevenção e Combate ao HIV/Aids, é uma data celebrada todos os anos
desde 1988. “Pessoas em todo o mundo se unem para mostrar apoio às pessoas que
vivem com HIV e para lembrar quem se foi por doenças relacionadas à AIDS”, diz
a apresentação do Unaids, programa da Organização das Nações Unidas (ONU). A
cada ano, agências da ONU, governos e sociedade civil se unem para fazer
campanhas em torno de temas específicos relacionados ao HIV, com atividades de
conscientização e mobilização para arrecadação de fundos ao redor do mundo.
A
CUT, este ano, concentra sua mobilização, entre outras ações ao combate à
violência contra a mulher, fator que é determinante para a infecção pelo vírus
em mulheres e meninas. Vítimas de violência sexual, elas se tornam mais
vulneráveis ao HIV.
Leia mais: Prevenção ao HIV/AIDS é também combater a
violência contra a mulher
A
fita vermelha é símbolo universal de conscientização, apoio e
solidariedade com as pessoas que vivem com HIV e uma forte simbologia para que
este grupo de pessoas se façam ouvidas sobre questões importantes sobre suas
vidas.
No
Brasil, de 1980 até junho de 2022, segundo dados do Boletim Epidemiológico
HIV/Aids do Ministério da Saúde, foram detectados 1.088.536 casos de aids.
Atualmente,
cerca de um milhão de pessoas vivem com HIV no Brasil, sendo 650 mil homens e
350 mil mulheres.
Por
aqui, a data, que dá início ao Dezembro Vermelho, reforça ainda mais a
importância do Sistema Único de Saúde (SUS) no combate à doença. Foi o SUS que
garantiu do acesso integral e gratuito aos medicamentos para tratar os
pacientes, fez campanhas de enfretamento, testagem rápida e gratuita e dezenas
de outras ações, que contribuíram para reduzir taxa de transmissão e
mortalidade ao longo dos anos.
Em entrevista ao Portal CUT, em 2020, o ministro das Relações Institucionais, ex-ministro da Saúde e médico infectologista, Alexandre Padilha, um dos responsáveis pela ampliação da rede de acolhimento aos portadores do HIV, afirmou que o número de infectados seria muito maior do que os atuais se a rede pública não oferecesse o tratamento.
“A situação hoje poderia ser mais grave. Tivemos êxito na política de enfrentamento ao HIV no Brasil, ampliada durante os governos Lula e Dilma, que reforçaram a importância do SUS e são reconhecidas internacionalmente”, disse Padilha.
Ele
afirmou ainda que se não fosse o SUS, mais de 90% dos brasileiros que vivem com
o HIV não teriam a menor condição de bancar o tratamento. “Mais de 90% não
teriam tido acesso sequer à testagem do HIV/Aids”, disse Padilha.
Em
2013, o Brasil chegou à vanguarda mundial na resposta à AIDS por ter adotado a
estratégia de ampliar o acesso ao tratamento da forma mais rápida possível e
isso fez com que o país pudesse reduzir o número de mortes causadas pelo vírus.
PREP
Uma
das formas de se prevenir contra o HIV é fazendo uso da Profilaxia
Pré-Exposição no Brasil, a PrEP, método que consiste em tomar
comprimidos antes da relação sexual, que permitem ao organismo estar preparado
para enfrentar um possível contato com o HIV. A pessoa em PrEP realiza
acompanhamento regular de saúde, com testagem para o HIV e outras infecções
sexualmente transmissíveis.
De
acordo com o Ministério da Saúde, entre os avanços conquistados no primeiro
semestre de 2023, também está a disponibilização da profilaxia nos ambulatórios
que acompanham a saúde de pessoas trans. Em todos os estados há serviços de saúde
ofertando a PrEP.
De
acordo com o boletim epidemiológico, a Profilaxia Pré-Exposição é mais acessada
pela população branca (55,6%), em comparação com as pessoas pardas (31,4%),
pretas (12,6%) e indígenas (0,4%), dado que
reforça a importância do detalhamento dos registros no SUS e a necessidade de
ampliação de acesso para pessoas pretas e pardas.
Nesse
contexto, a pasta garantiu que 5.533 novos usuários entrassem em PrEP até
outubro de 2023, 77% a mais do que em outubro de 2022. Com isso, 73.537
usuários estão em PrEP atualmente, o que representa aumento de 45% comparado
com o ano anterior. Entre os usuários de PrEP em 2023, há somente 12,6% de
população preta, 3,3% de mulheres transexuais, 2% de homens trans, 0,4% de
população indígena e 0,3% de travestis.
Informação que salva vidas
Ao
Portal CUT, o psicólogo Eduardo Oliveira, do Projeto Demonstrativo
PrEP1519, e integrante de grupo de ativistas que atua nas redes sociais com o
nome de Doutor Maravilha (@doutormaravilha no Instagram), para
orientar, acolher e desconstruir preconceitos contra pessoas que vivem com o
vírus, afirmou que não existe um rosto para o
HIV.
“O
HIV pode acontecer com qualquer pessoa, independe da classe, cor, expressão ou
identidade de gênero”, diz Eduardo, que também atua em um Centro de Testagem e
Aconselhamento (CTA) na cidade de São Paulo.
De
acordo com ele, é importante que toda a sociedade tenha consciência sobre isso
para que grupos sociais, como os heterossexuais, não se sintam “imunes” ao
vírus. “Lá nos anos 1980, quando apareceu o HIV, havia a ideia muito forte de
que existiam grupos sociais disseminadores [os gays] e a concepção de peste
gay, castigo divino e a
gente vem combatendo essa ideia porque ela afasta esses grupos, como os
heterossexuais, de acharem que podem se infectar”, diz o psicólogo.
O
conceito principal, portanto, é de que ninguém está imune e os métodos de
prevenção têm de ser praticados por todos e todas.
Mas
há casos que fogem à prevenção individual, por livre arbítrio. Exemplo, os
casos que envolvem violência. A Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT,
Amanda Corcino, reforça, nesse aspecto, que é preciso a sociedade também ter
consciência de que as mulheres estão suscetíveis à infecção e com o agravante
de serem vítimas de violência.
O
1° de Dezembro faz parte do calendário de lutas da campanha da Organização das
Nações Unidas (ONU), que tem participação da CUT, 21 Dias de Ativismo pelo Fim
da Violência Contra a Mulher,
Profissionais
de saúde vêm reforçando ao longo dos anos a ideia de que o HIV pode - e está –
em qualquer grupo social e levar informação à sociedade sobre prevenção,
tratamento e para acabar com estigmas acerca da doença é o principal
instrumento de luta contra o HIV. Mas Eduardo diz também que a informação não
pode se restringir aos serviços de saúde e precisa ganhar espaços como a escola
e o trabalho. “Isso pode ajudar pessoas saberem que é possível viver com o
HIV”, diz o psicólogo.
Estigmas e preconceito
Um
dos principais objetivos das campanhas realizadas durante o Dezembro Vermelho é
justamente o combate ao preconceito. Quem vive com o HIV sabe a dor que sente.
E, muitas vezes, o medo de ficar estigmatizado, sofrer preconceito faz com que
a pessoas não vá fazer o teste por medo ser positivo e ser visto pela família,
pelos amigos, pelos colegas de trabalho como alguém a ser evitado.
Por
isso acabar com o preconceito e garantir acesso ao tratamento e aos cuidados
são fatores fundamentais para o enfrentamento ao vírus.
Indetectável =
Intransmissível (I=I)
Quando
a pessoa vivendo com HIV faz o uso correto dos medicamentos antirretrovirais, é
muito provável que ela consiga o controle do HIV. Isso é medido regularmente
pelo exame de carga viral, cujo resultado expressa a quantidade de vírus
presente no sangue. Estima-se que, após seis meses do início do tratamento
antirretroviral (TARV) adequado, o exame de carga viral tenha seu resultado
“indetectável”.
O resultado indetectável
quer dizer que não foi possível encontrar vírus naquela amostra de
sangue. No entanto, as evidências científicas obtidas a partir de
estudos que incluíram vários países, comprovaram que não
há risco de transmissão do HIV por via sexual para as pessoas com
adequada adesão aos antirretrovirais e com carga viral indetectável por pelo
menos seis meses.
Significa,
em outras palavras que a quantidade de cópias do vírus por mililtro de sangue é
tão ínfima de modo que o HIV se torna intransmissível por vias sexuais.
De
acordo com a Unaids, "a consciência de que o HIV não mais pode ser
transmitido sexualmente pode dar a essas pessoas com carga viral indetectável
um forte senso de que elas são agentes de prevenção em sua abordagem
perante relacionamentos novos ou já existentes".
Peguei, e agora?
O
psicólogo Eduardo Oliveira, contou ao Portal CUT, em 2020, durante entrevista
especial, que cada pessoa lida de uma forma diferente ao saber o resultado do
exame.
“Alguns
manifestam tristeza, o medo aparece com mais frequência, a culpa e até medo da
morte. Cada um dá um sentido e o que contribui é justamente a questão social
onde pouco se fala sobre o HIV e quando se fala é numa perspectiva ruim ou
negativa”, ele disse, reforçando a necessidade diálogo social sobre o tema.
Por
isso, a hora de comunicar o resultado, de acordo com o psicólogo, é um momento
crucial. “O acolhimento na primeira fase precisa ser um momento de bastante
cautela, de ouvir a pessoa, saber o que ela pensa sobre o HIV para poder
construir um caminho para que ela consiga iniciar e se manter no tratamento”,
explicou o profissional.
Mas
o acolhimento nas outras fases também é importante. “Mesmo depois de iniciado o
tratamento reflexões mais profundas podem acontecer a qualquer momento. São as
situações em que a pessoa que vive com HIV precisa decidir sobre falar do HIV
com o namorado, a namorada, a família e em outras situações. Por isso,
acolhimento e acompanhamento psicológico, também gratuitos pelo SUS, são
importantes em todas as fases”, ele reforçou.
Lei garante proteção
contra o preconceito
De
autoria da ex-senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), a Lei 12.894, que
criminaliza o preconceito contra pessoas com HIV, foi sancionada pela
presidenta Dilma Rousseff em 2014.
De
acordo com a legislação, é crime punível com reclusão de um a quatro anos, além
de multa, recusar, cancelar ou segregar alunos em estabelecimentos de ensino;
negar emprego ou trabalho ou demitir trabalhadores; segregar em ambiente de
trabalho ou escolar; recusar atendimento de saúde e, em especial, “divulgar a
condição do portador do HIV ou de doente de aids, com intuito de ofender-lhe a
dignidade”.
Em
caso de violação de qualquer direito, a recomendação é fazer um Boletim de
Ocorrência (BO) na delegacia mais próxima e entrar com ação criminal.
Sigilo no trabalho e
Sigilo médico
A
pessoa com HIV tem o direito de manter em sigilo a sua condição sorológica no
ambiente de trabalho. Isso inclui testes de admissão, testes periódicos ou de
demissão. O médico tem a obrigação de somente averiguar a capacidade laborativa
do trabalhador nos exames legais, sem referência ao estado sorológico. É o que
diz o Art.168 da CLT.
Em
caso de violação, deve-se registrar o ocorrido na Delegacia do Trabalho mais
próxima.
Fonte: CUT NACIONAL
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