quinta-feira, 2 de novembro de 2017

POLÍTICA - Prefeito de São Bernardo que embargou show de Caetano está com secretariado todo enlameado. Por Mauro Donato

Orlando Morando, prefeito do ABC, entre Aécio e Alckmin
O prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), que juntamente com a juíza Ida Inês Del Cid foi responsável por embargar o show que Caetano Veloso faria na noite da última segunda-feira em uma ocupação do MTST, tem uma equipe e tanto.
Enquanto milhares de sem-teto marchavam desde a cidade de São Bernardo até o Palácio do Governo em São Paulo (mais de 23 km e 9 horas de caminhada), na manhã de ontem o Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) e a 12ª Promotoria de Justiça deflagravam a Operação Barbatanas.
As denúncias são de organização criminosa, corrupção passiva e concussão contra secretários de Orlando Morando: Sergio de Sousa Lima (diretor de Licenciamento do município), Tiago Alves Martinez (chefe de seção) e Mario Henrique de Abreu, que nada mais é do que secretário de Gestão Ambiental de São Bernardo.
Vinte policiais do GOE (Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil) foram em dez viaturas cumprir mandados de busca e apreensão tanto na Secretaria de Gestão Ambiental como na residência do secretário. Foram apreendidos cerca de dezenove computadores, oito aparelhos celulares, diversos pendrives, além de documentos.
O Ministério Público chegou a pedir a prisão preventiva dos três, mas a Justiça indeferiu e eles foram notificados da obrigação de entregarem seus passaportes e de estarem proibidos de manter contato com testemunhas e vítimas. O processo agora tramita sob segredo de Justiça.
O prefeito Orlando Morando pediu a exoneração imediata de Mario Henrique de Abreu, informou que foi instaurado um ‘processo administrativo para apuração de todo o caso’ e afirmou ter recebido a denúncia ‘com surpresa’.
O tucano pode estar surpreso, mas não pode alegar que não conhece bem seu secretário. Mario Henrique de Abreu era o advogado de Orlando Morando quando este era ainda deputado estadual do PSDB de São Paulo.
No ano passado, o atual prefeito de São Bernardo entrou com uma queixa-crime na Justiça contra Marcos Cláudio Lula da Silva (filho do ex-presidente Lula) por difamação. Marcos Cláudio havia postado em rede social uma imagem de um policial arrastando um estudante e escreveu que Orlando Morando apoiava o ‘jeito tucano de tratar manifestantes’. Quem advogou para Morando foi Mário Henrique de Abreu.
Mario Henrique De Abreu é sócio da empresa Marvitrans Transportes e Servicos Ltda, uma empresa voltada exclusivamente para transporte rodoviário de carga. Coincidentemente (ou não) a dona do terreno que está ocupado pelo MTST, a MZM Incorporação Ltda, tem protocolado na prefeitura de São Bernardo do Campo um projeto para construção de um Centro Logístico no local.
Centros logísticos são galpões para armazenagem de produtos que demandam transporte em grande escala. Naquela região, o transporte é rodoviário.
A 12ª Promotoria de Justiça apura ainda possíveis atos de improbidade cometidos pelos secretários do prefeito Orlando Morando e uma ação cautelar junto à Vara da Fazenda Pública irá requisitar a indisponibilidade dos bens dos investigados.
Pelo nome da operação, os tubarões devem ser do tipo que nadam na lama.
Fonte: DCM

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