quarta-feira, 13 de julho de 2016

Diógenes: O inimigo da Educação que não mais esconde sua intenção


A palavra “política” pode ser traduzida como a ciência da organização, direção e administração de estados ou nações relacionados aos grupos que integravam as “pólis” à época, sendo que a “polis” compreendia a comunidade organizada, formada pelos “politikos”, que eram os seus habitantes, ou seja cidadãos.


Dos tempos em que os gregos estavam organizados em cidades-estado chamadas “pólis” derivam também as palavras “politiké” (política em geral) e “politikós” (dos cidadãos, pertencente aos cidadãos).

Feita essa introdução podemos afirmar que a política está profundamente arraigada na dinâmica da relação entre o Estado e seus cidadãos e intrinsecamente ligada à questão de sua educação.

Em meio à uma crise ética, de consciência, econômica, humanitária, social e ouso dizer existencial vivida no Brasil (e no mundo) eis que surge das profundezas do obscurantismo um discurso de negação da política, mas um discurso travestido com roupagem de legítimo, sob a égide de evitar-se “doutrinação ideológica” por parte de educadores nas escolas.

Tal discurso tem sido vociferado por uma extrema direita sem escrúpulos, e replicado por uma parcela da população que se porta como caixas de ressonância de ódio sobre temas que não compreendem.
Propor a negação da política em qualquer âmbito é tentar impor um princípio antidemocrático de pensamento único.

Negar a política é praticar a pior das políticas possíveis, levando-se em consideração que “a política é a arte do possível” como disse Bismarck, ou “que somos animais políticos”, como disse Aristóteles.

“Não existe educação neutra, toda neutralidade afirmada é uma opção escondida” aprendemos com Paulo Freire, patrono da Educação brasileira e mundialmente reconhecido por sua práxis educativa.

Também com Paulo Freire aprendemos ser o domínio das linguagens e das palavras um instrumento para que, alfabetizado, o aluno elabore sua consciência política, conquistando um ponto de vista mais amplo do saber e do universo no qual habita.

Situando o aluno diante de sua posição neste universo é possível despertar sua consciência crítica, capacitando-o a exercer seu papel consoante cidadão, o papel de habilitar-se a participar mais dos processos sociais nos quais está inserido.

O alfabetizado pode ultrapassar o mero conhecimento da esfera de regras, métodos e linguagens e, alçado à condição de letrado, ser inserido no plano sócio-econômico e político do qual, iletrado, jazia excluído.

A “Educação Libertadora” utilizada por Freire é tão revolucionária que transformou sua imagem no alvo principal dos ataques daqueles que propõem hipocritamente uma “escola sem partido”.
Transformou Paulo Freire, o grande educador, num inimigo a ser batido.

Gostaria de finalizar esse texto identificando os verdadeiros inimigos a serem batidos, os inimigos da Educação.

São inimigos da Educação aqueles que propõe qualquer tipo de mordaça para os educadores.

São inimigos da Educação todos aqueles que negam aos alunos a oportunidade do saber através da multiplicidade de pontos de vistas.

São inimigos da Educação todos aqueles que, sob a égide de uma falaciosa “luta contra a doutrinação marxista” tentam aprisionar saberes, impor aos alunos e educadores a prisão do pensamento único, acrítico, forjado para minimizar o pensar e reduzir o aprender a algo mecânico, apático, disforme, parcial.

Paulo Freire foi um grande amigo da Educação que, do alto de sua enorme humildade e sabedoria, disse:

“ … inacabado, sei que sou um ser condicionado mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele.

Esta é a diferença profunda entre o ser condicionado e o ser determinado.”

“Querer ser livre é também querer livres os outros.”
Simone de Beauvoir

*Diógenes Júnior é cientista político autodidata, historiador independente, ativista dos Direitos Humanos, militante do PC do B e pai do Fidel. 

Fonte: Portal Vermelho

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